Queiroz e os protestos no Irão: «Quanto me pagas para responder?»

15 nov 2022, 18:02
Carlos Queiroz no Costa do Marfim-Egito (Themba Hadebe/AP)

Técnico diz que os futebolistas «são livres» para se manifestarem, desde que respeitem as regras da FIFA

Os protestos contra o regime no Irão continuam e já 344 pessoas morreram e mais de 15 mil foram presas, desde a morte de Mahsa Amini, em setembro, segundo a agência noticiosa e ativista de direitos humanos HRANA.

Várias multidões têm saído à rua para se manifestarem contra o regime repressivo face às mulheres e alguns jogadores da seleção iraniana já se solidarizaram com os manifestantes, como o portista Mehdi Taremi. Nos particulares de setembro, inclusive, os futebolistas esconderam mesmo o símbolo da Federação no momento do hino e o selecionador, o português Carlos Queiroz, diz que a equipa é livre de se manifestar como entender no Mundial, desde que respeite as regras da FIFA.

«O Irão é exatamente como o seu país. Segue o espírito do jogo e as leis da FIFA. É assim que você se expressa no futebol, de acordo com esses princípios e valores. Todos têm o direito de se expressar. Vocês dobram os joelhos nos jogos. Algumas pessoas concordam e outras não concordam com isso, no Irão é exatamente o mesmo. Está fora de questão pensar que a seleção está a sofrer algum problema quanto a isso. Os jogadores só têm uma coisa em mente que é lutar pelo sonho de estar na segunda fase», respondeu, em conferência de imprensa, a um jornalista inglês.

«Se levarmos alegria e prazer às pessoas, teremos feito o nosso trabalho como jogadores de futebol e essa é a questão mais importante para mim como técnico da seleção», disse ainda.

De seguida, Queiroz foi questionado por um jornalista da Sky Sports acerca de como se sentia por representar um país que reprimia as mulheres e rebateu.

«Quanto me pagas para responder a essa pergunta? Quanto me pagas? Fala com o teu chefe e dá-me uma resposta. Não coloques na minha boca palavras que eu não digo», vincou.

O técnico português levantou-se e, quando já seguia em direção à porta, ainda atirou: «Pensa no que aconteceu no teu país com a imigração».

Ora veja:

Relacionados

Patrocinados