Milhares de migrantes, com origem sobretudo no Médio Oriente, estão acampados sob temperaturas glaciares. Permanece um clima de tensão na fronteira
A Bielorrússia informou esta sexta-feira que cerca de dois mil migrantes retirados nos últimos dias de um acampamento improvisado perto da fronteira com a Polónia passaram a noite num armazém no seu território.
Mais de mil já tinham passado a noite anterior naquele armazém e, na noite de quinta-feira, as centenas de migrantes ainda acampados ao ar livre ou em tendas com temperaturas muito baixas foram transferidos para o mesmo local.
“Eles vão receber cerca de oito toneladas de alimentos”, disse a agência estatal Belta na sua conta no Telegram, publicando fotografias de migrantes a dormir em sacos-cama no chão.
Alguns milhares de migrantes, com origem sobretudo no Médio Oriente, estão acampados há vários dias e sob temperaturas glaciares, nas florestas bielorussas ao longo da fronteira com a Polónia, na esperança de conseguirem entrar na UE.
O Ocidente acusa Minsk de estar a orquestrar, desde o verão, esse fluxo de migrantes como resposta às sanções contra a Bielorrússia pela repressão em 2020 de um movimento histórico de oposição.
Entretanto, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, denunciou, em Berlim, o que classificou como uma “atitude cínica” da Rússia em relação à pressão migratória nas fronteiras da Polónia e de outros países membros da Aliança Atlântica.
Stoltenberg disse que a situação na fronteira com a Bielorrússia, que descreveu como grave, era uma prova das "táticas híbridas" por parte de Moscovo, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
O secretário-geral da NATO disse que o apoio que tem sido dado à Polónia e às repúblicas bálticas que sofrem a pressão migratória é "uma mensagem clara” de que a organização está pronta para “defender todos os aliados".
Varsóvia, assim como outros dois vizinhos da Bielorrússia, a Lituânia e a Letónia, recusam aceitar a entrada desses milhares de migrantes.
A evacuação destes migrantes ocorre após uma semana de tensões crescentes entre a Bielorrússia e a União Europeia, com esta última a temer uma repetição de uma crise migratória semelhante à de 2015.
Na noite de quinta-feira, 431 migrantes presos na Bielorrússia foram repatriados para o Iraque, a maioria deles para Erbil, no Curdistão iraquiano, os outros para Bagdade.
Desde o início da crise no verão, pelo menos 11 migrantes morreram em ambos os lados da fronteira entre a Polónia e a Bielorrússia, segundo organizações humanitárias.