Mercado: os maiores negócios e as tendências nas grandes Ligas

8 jul 2022, 19:37

Entre a oferta de luxo e o ruído, com Benfica e FC Porto entre os principais vendedores, as transferências mais relevantes e o ponto de situação nas Big 5

Quando Cristiano Ronaldo e Robert Lewandowski têm o futuro em aberto e mesmo a continuidade de Neymar no PSG é posta em causa, está garantido o ruído em torno do mercado de verão de 2022 ao mais alto nível, mas também a expectativa, com o potencial efeito dominó de algumas mudanças.

Ainda muito pode acontecer, portanto, tanto mais que neste verão há um anormalmente elevado número de jogadores de topo livres de contrato. A um mês do arranque das principais Ligas e a quase dois do fim do mercado já há muitas mudanças mediáticas concretizadas e muitas ainda por vir.

Num cenário em que os clubes precisam de ter mais atenção à gestão, face também às novas regras do fair play financeiro que põem mais foco no controlo de custos com os plantéis, Inglaterra continua a ser a Liga mais gastadora entre as chamadas Big 5, mesmo sem movimentações relevantes ainda em alguns clubes de topo. O negócio mais caro da época até agora foi do Real Madrid, mas seguem-se vários reforços para a Premier League, numa lista liderada pelo ex-benfiquista Darwin Nuñez.

Do lado dos vendedores, Benfica e FC Porto estão entre os que mais lucraram com transferências para as Big 5, acompanhados de Ajax ou RB Salzburgo. Neste período de mercado, o Maisfutebol olha para as maiores transferências da época até ao momento, numa lista que pode consultar aqui e que inclui três jogadores portugueses e apenas um reforço que não teve como destino as cinco grandes Ligas. Olhamos ainda para as principais movimentações e tendências nas principais ligas europeias, uma a uma.

Inglaterra

A indefinição em torno de Cristiano Ronaldo, que não se apresentou no regresso do Manchester United e avalia agora o próximo passo, domina as atenções, mas a Premier League já garantiu outra das grandes estrelas da atualidade, com a chegada de Erling Haaland ao campeão Manchester City. E nem foi esse o maior negócio deste verão em Inglaterra: o recorde é por agora o negócio entre Benfica e Liverpool por Darwin Nuñez, com 75 milhões de euros como base.

Como de costume, é em Inglaterra que estão os grandes gastadores. A tendência repete-se neste verão, mesmo com alguns dos gigantes, como Chelsea e Manchester United, a demorarem a abrir os cordões à bolsa. O Manchester City lidera para já os gastos, depois de juntar a Haaland (60 milhões de euros) o investimento em Kalvin Phillips, contratado ao Leeds num negócio estimado em pouco menos de 50 milhões de euros. A estes soma-se o avançado Julian Alvarez, que tinha sido contratado em janeiro ao River Plate, e o guarda-redes alemão Stefan Ortega, que chegou a custo zero.

Não seria óbvio, mas um dos principais protagonistas do mercado em Inglaterra até agora é o Leeds, como vendedor mas também como comprador, com mais de 100 milhões de euros de investimento, distribuídos por seis reforços: dois jogadores garantidos no RB Salzburgo, Brenden Aaranson e Rasmus Kristensen, mais Tyler Adams, contratado ao Leipzig, Marc Roca, que chega do Bayern Munique, e ainda Luis Sinisterra, promessa proveniente do Feyenoord. No que diz respeito a gastos, o «pódio» provisório é do Arsenal, com as contratações de Fábio Vieira ao FC Porto e de Gabriel Jesus ao Manchester City.

Com o negócio de Gabriel Jesus, mais a saída iminente de Raheem Sterling para o Chelsea, o campeão City também se prepara para liderar do lado das vendas, num mercado que movimenta grandes somas com as transferências domésticas. O negócio da saída de Richarlison do Everton para o Tottenham, por exemplo, é estimado em 58 milhões de euros.

Também já houve baixas de peso na Premier League. Desde logo o histórico Sadio Mané, que trocou o Liverpool pelo Bayern Munique. Minamino, que assinou pelo Mónaco, ou Origi, que terminou contrato e rumou ao Milan, são outras das saídas de Anfield, onde chegou por outro lado, além de Darwin, mais sangue novo com o português Fábio Carvalho, que se destacou no Fulham. A equipa que Marco Silva conduziu no regresso à Premier League negociou em contrapartida com o Sporting a contratação de João Palhinha, o terceiro português a protagonizar uma transferência relevante para a Premier League esta época.

O Chelsea também viu sair vários jogadores, desde logo Romelu Lukaku, que virou costas a uma passagem falhada por Stamford Bridge para voltar a Itália. Também saíram Antonio Rudiger, que rumou ao Real Madrid, ou Andreas Christensen, reforço do Barcelona, ambos a custo zero.

Os «Blues», agora com novo proprietário, ainda não oficializaram de resto qualquer reforço. Será uma questão de horas para a confirmação da chegada de Raheem Sterling. O resto ainda é do domínio da especulação, que envolve também o nome de Cristiano Ronaldo. O Wolverhampton de Bruno Lage é outro dos clubes da Premier League ainda sem reforços.

Quanto ao Manchester United, agora orientado por Erik Ten Hag, só no final desta semana confirmou o primeiro reforço, o lateral-esquerdo Tyrell Malacia, que chega do Feyenoord e de um mercado que o treinador holandês conhece bem. Uma abordagem muito lenta ao mercado, para mais num clube que não só tem o caso Cristiano Ronaldo para resolver como assumiu uma renovação em jeito de limpeza de balneário e dispensou mais de uma dezena de jogadores, numa lista que incluiu Paul Pogba, Nemanja Matic, Juan Mata, Edinson Cavani ou Jesse Lingard.

Espanha

O Real Madrid assegurou aquele que é até agora o reforço mais caro deste mercado de verão: o jovem internacional francês Aurélien Tchouameni, que se destacou no Mónaco e chega ao Bernabéu num negócio que, embora sem valores oficiais divulgados, terá como base 80 milhões de euros, podendo chegar aos 100. O campeão europeu também contratou Antonio Rudiger, que chegou livre depois de terminar contrato com o Chelsea, mas até ver não voltou ao mercado, no final de uma época em que viu sair alguns históricos, como Marcelo, Gareth Bale ou Isco. A tendência de saída de vários jogadores que foram referência nos últimos anos é aliás transversal à Liga espanhola.

Tudo muito mais incerto em redor do outro gigante de Espanha. Limitado pelas regras salariais da Liga espanhola, o Barcelona tem vários casos para resolver no plantel, a começar por Ousmane Dembelé, que não renovou mas cuja saída não é dada como certa. Sinal da instabilidade no Camp Nou é também a incerteza gerada em torno do futuro de Frenkie de Jong, com um peso salarial que o clube quer aliviar. Isto quando o clube já formalizou muitas saídas, de Philippe Coutinho a Dani Alves, passando por Adama Traoré ou Clement Lenglet, a caminho do Tottenham.

Os catalães têm vários alvos na mira, desde logo Robert Lewandowski, mas também Raphinha, o internacional brasileiro do Leeds que começou por se destacar em Portugal e tem sido associado igualmente ao Chelsea. Mas para já só chegaram dois reforços a Camp Nou, ambos a custo zero e, segundo a imprensa espanhola, sem poderem ser inscritos para já: o defesa dinamarquês Andreas Christensen, ex-Chelsea, e o médio marfinense Kessié, ex-Milan.

O mercado tem sido de resto pouco agitado na Liga espanhola, onde o Atlético de Madrid, que viu sair Luis Suarez, Hector Herrera ou Sime Vrsaljko, anunciou esta semana como primeiro reforço Axel Witsel, que chegou a custo zero depois de terminar contrato com o Borussia Dortmund, confirmando depois a contratação do ex-Gil Vicente Samuel Lino.

O Sevilha, que viu sair Diego Carlos para o Aston Villa, na principal venda protagonizada até agora pela Liga espanhola, um negócio estimado em 31 milhões de euros, ainda se prepara para confirmar o primeiro reforço, o defesa brasileiro Marcão. Os principais negócios aconteceram a nível interno, com Willian José a trocar a Real Sociedad pelo Betis ou os bascos a contratarem Brais Mendez ao Celta Vigo.

Alemanha

A Bundesliga perdeu Erling Haaland e tudo indica que perderá também Robert Lewandowski, quando o avançado polaco assumiu a vontade de mudar de ares. A saída de duas das grandes figuras do campeonato alemão representa grandes perdas, mas também há nomes relevantes a chegar.

O Borussia Dortmund não perdeu tempo para colmatar a despedida de Haaland, assegurando não um, mas dois reforços de peso para o ataque. Do Ajax chegou Sebastian Haller, o goleador que se destacou esta época na Liga dos Campeões e se junta a Karim Adeyemi, uma das grandes promessas do futebol alemão e que foi contratado ao RB Salzburgo.

O Dortmund é de longe o clube mais ativo para já na Alemanha, tendo-se reforçado ainda no mercado interno com Niklas Süle, Nico Schlotterbeck, Alexander Meyer e Salih Ozcan, além de ter assegurado o jovem Jayden Braaf, promessa holandesa que deixou o Manchester City.

No campeão Bayern Munique, muito dependerá do futuro de Lewandowski, mas para já os bávaros já garantiram a experiência de Sadio Mané e além disso pescaram no Ajax, onde contrataram o lateral Mazraoui e o jovem Ryan Gravenberch.

É um campeonato a duas velocidades, com movimentações bem mais discretas nos outros clubes, que têm sido sobretudo vendedores: do Union Berlim saiu o avançado Taiwo Awoniyi para o Nottingham Forest, o Friburgo vendeu Schlotterbeck ao Dortmund e do Leipzig saiu para Inglaterra Tyler Adams (Leeds).

Itália

Esta Serie A é para veteranos. O futebol italiano é tradicionalmente um espaço seguro para jogadores com longo passado ao mais alto nível e a tendência repete-se este ano. Desde logo com Angel di María. O argentino que despontou para a Europa no Benfica, jogou no Real Madrid e no Manchester United e foi referência do PSG chegou a Turim para reforçar a Juventus depois de terminar contrato com os franceses.

De volta a Itália e ao Inter está Romelu Lukaku, por empréstimo do Chelsea. E há outro regresso na forja, o de Paul Pogba. O internacional francês vai também tentar voltar ao lugar onde foi feliz, em Turim, para completar o ciclo bizarro da carreira, ele que tinha voltado ao Manchester United pela porta grande, num negócio de 100 milhões, mas foi dispensado, deixando Old Trafford pela segunda vez a custo zero.

Di María e Pogba são os primeiros reforços da época da Juventus, ainda que a contratação de Federico Chiesa, que chegou por empréstimo da Fiorentina há duas épocas mas cuja transferência definitiva foi formalizada neste verão, entre nas contas deste defeso.

Até aqui, o mercado na Serie A está de resto muito comedido e como de costume focado nas transferências internas e em cedências temporárias. Para lá de negócios envolvendo jogadores que já estavam nos clubes mas cujas transferências definitivas só foram contabilizados neste defeso, como Chiesa, mas também Correa no Inter ou Demiral na Atalanta, a contratação de maior dimensão foi protagonizada pela equipa de Bergamo, que investiu 21 milhões de euros no médio brasileiro Ederson, ex-Salernitana. O Nápoles, por seu turno, contratou ao Getafe Mathias Olivera, concorrente de Mário Rui para a lateral-esquerda.

No campeão Milan, há apenas a assinalar a chegada de Divock Origi, que terminou contrato com o Liverpool, enquanto o Inter, além de Lukaku, contratou Henrikh Mkhitaryan, que terminou contrato com a Roma, e ainda André Onana, também livre depois de deixar o Ajax, além de ter assegurado Kristjan Asllani e Raoul Bellanova por empréstimo. A mesma tendência segue a Roma de José Mourinho, que garantiu a custo zero duas caras conhecidas – o guarda-redes Svilar, que terminou contrato com o Benfica, e Nemanja Matic, que deixou o Manchester United, assegurando de resto a contratação do lateral turco Zeki Celik ao Lille.

França

A Ligue 1 fala português como nunca. Além de Nuno Mendes, também Vitinha rumou ao PSG e são eles os mais relevantes reforços do campeonato francês até agora. Num campeonato em que várias equipas mudaram de treinador numa fase adiantada do defeso, a começar pelo PSG, mas passando também pelo Lille, agora de Paulo Fonseca, ou pelo Marselha, é de admitir que ainda esteja para vir a vaga mais significativa de negócios de mercado. E que Neymar se torne de novo novela, quando a imprensa noticia que é dado como dispensável e o novo treinador, Christophe Galtier, deixa o assunto em aberto.

Para já, além do japonês Minamino, contratado pelo Mónaco ao Liverpool, são poucas as novidades e os destaques vão para alguns regressos de jogadores livres, como aconteceu com o Lyon, que recuperou Alexandre Lacazette, ex-Arsenal, e Corentin Tolisso, ex-Bayern Munique.

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