Mercado nas grandes Ligas: principais mudanças, tendências e novelas

16 jul 2022, 00:45

Com Raphinha no Barça e Sterling no Chelsea, com negócios também em português e o mercado internacional a acelerar, uma semana marcada por transferências de vulto e casos que se arrastam

Raphinha já foi apresentado no Barcelona, Raheem Sterling trocou Manchester por Londres. A semana de mercado nas grandes Ligas europeias trouxe mais negócios de vulto, enquanto arrastou algumas das grandes novelas de verão, como as que giram em torno de Cristiano Ronaldo e Robert Lewandowki, esta finalmente a chegar a um desfecho.

Alguns dos muitos jogadores de topo que ficaram livres no final da temporada já definiram o próximo passo – o mais recente foi Christian Eriksen, reforço do Manchester United -, mas essa lista é longa e há muitos craques com o futuro em aberto, bem como mais grandes negócios em perspetiva nas principais Ligas. 

Inglaterra continua a ser de longe o campeonato com maior capacidade de investimento, ainda que a contratação mais cara da época seja atribuída ao Real Madrid: o médio francês Tchouameni. Se Raphinha e Sterling entram diretos para o top 10 das maiores transferências deste defeso, entre os 20 maiores negócios há três jogadores portugueses e apenas um jogador que não teve como destino as cinco grandes Ligas. Pode consultar a lista aqui ou na galeria associada ao artigo.

Com o negócio de Sterling, o City tornou-se por seu lado o clube que mais lucrou com transferências. Nesse ranking, elaborado pelo site Transfermarkt, Benfica, FC Porto e também Sporting aparecem nesta altura entre os 10 primeiros.

Quando faltam três ou em alguns casos quatro semanas para o arranque dos campeonatos nas Big 5, os clubes aceleram contratações e o Maisfutebol continua a olhar semanalmente para as principais mudanças e curiosidades, bem como para as tendências do mercado.

Inglaterra

O Chelsea chegou ao mercado e começou por formalizar a contratação de Raheem Sterling. O internacional inglês despediu-se do Manchester City, ao fim de sete anos em que foi um dos rostos da ascensão do clube, e ruma a Stamford Bridge, num negócio que a imprensa inglesa coloca nos 56 milhões de euros e de caminho faz do City em simultâneo o clube que mais gastou mas também que mais ganhou até agora no mercado internacional.

Quanto a aquisições, o destaque óbvio no clube orientado por Pep Guardiola é a contratação de Erling Haaland ao Borussia Dortmund, mas o médio Kalvin Phillips, contratado ao Leeds num negócio estimado em pouco menos de 50 milhões de euros, foi outro investimento avultado. Quanto às vendas, os campeões protagonizaram dois grandes negócios a nível doméstico: além de Sterling, também a transferência de Gabriel Jesus para o Arsenal. Quatro das cinco maiores vendas do futebol inglês até agora aconteceram aliás no mercado doméstico: além de Sterling, Jesus e Kalvin Phillips, também Richarlison, do Everton para o Tottenham num negócio de 58 milhões.

Se no Chelsea há muita especulação em torno de possíveis reforços adicionais mas os novos proprietários não têm revelado pressa na abordagem ao mercado, em Old Trafford os processos também se têm arrastado. Ten Hag começou por fazer uma extensiva limpeza de balneário, que levou à saída de jogadores como Paul Pogba, Nemanja Matic, Juan Mata, Edinson Cavani ou Jesse Lingard, mas o clube tarda em assegurar caras novas. Até agora os únicos reforços dos «red devils» são o lateral-esquerdo Tyrell Malacia, ex-Feyenoord, e o dinamarquês Eriksen, que tinha terminado a ligação ao Brentford, onde jogou na última metade da época passada, depois de recuperar da paragem cardíaca que sofreu em pleno Euro 2020.

De resto, continua a indefinição em torno de Cristiano Ronaldo. O treinador do Manchester United diz que o português não está à venda e que continua ausente por motivos pessoais, enquanto Ronaldo analisa várias opções para o seu futuro, na semana em que foi noticiada uma proposta milionária das Arábias.

Já se gastou muito dinheiro em Inglaterra, mas também houve baixas relevantes. O Liverpool, por exemplo, viu sair o histórico Sadio Mané para o Bayern Munique, entre vários outros jogadores, de Minamino a Origi. O Chelsea também viu sair vários jogadores, como Romelu Lukaku, cedido ao Inter depois de uma época de inadaptação, Antonio Rudiger, que rumou ao Real Madrid, ou Andreas Christensen, reforço do Barcelona, ambos a custo zero.

Do lado das contratações, o recorde é ainda os 75 milhões do negócio entre Liverpool e Benfica para a contratação de Darwin Nuñez, mas entre os principais gastadores há clubes menos óbvios. Como o Leeds, com mais de 100 milhões de euros de investimento, distribuídos por seis reforços, além do Arsenal, que também se aproxima desses valores, graças sobretudo às contratações de Fábio Vieira ao FC Porto e de Gabriel Jesus ao Manchester City. Atenção ainda à abordagem ao mercado do promovido Nottingham Forest, que pescou na Alemanha, contratando o avançado Taiwo Awoniyi ao Union Berlim, o lateral Omar Richards ao Bayern e o central francês Niakhaté ao Mainz, além de ter garantido o lateral galês Neco Williams, que era jogador do Liverpool e brilhou na época passada no Fulham de Marco Silva.

Além de Fábio Vieira, o contingente português na Premier League ganhou ainda Palhinha, contratado ao Sporting pelo Fulham, e Fábio Carvalho, reforço do Liverpool depois de brilhar no Championship precisamente sob o comando do treinador português. Quanto à equipa mais portuguesa da Premier League, o Wolverhampton de Bruno Lage e companhia, assegurou na semana que agora termina o primeiro reforço da temporada: o defesa internacional irlandês Nathan Collins, contratado ao Burnley.

Espanha

Semana intensa no Camp Nou, para um Barcelona a dar sinais contraditórios na abordagem ao mercado. Na semana em que formalizou a transferência de Francisco Trincão para o Sporting, primeiro por empréstimo e num negócio que pode atingir os 10 milhões de euros, o clube catalão avançou finalmente para a contratação de Raphinha. O extremo que chegou em janeiro de 2016 a Portugal para jogar na equipa B do V. Guimarães, que saltou para o Sporting e brilhou depois em França e em Inglaterra, cumpre o sonho de chegar ao Camp Nou, deixando o Leeds como uma das cinco transferências mais caras deste mercado até agora, num negócio estimado em 58 milhões de euros.

O Barça também se prepara para selar finalmente a contratação de Robert Lewandowski ao Bayern Munique. Isto depois de ter resolvido o caso Dembelé, que se arrastava há meses e termina com a renovação do avançado francês. Mas há saídas na calha. Apesar de já terem saído vários jogadores, de Philippe Coutinho (em definitivo no Aston Villa) a Dani Alves, passando por Adama Traoré, de volta ao Wolverhampton, ou Clement Lenglet, reforço do Tottenham, os catalães continuam a ter de gerir a questão do teto salarial imposto pela Liga espanhola. É nessa perspetiva que acontece aquele que parece ser um braço de ferro para a saída de Frenkie de Jong, por causa do do peso salarial do holandês.

Tudo bem mais tranquilo entre as restantes equipas da Liga. O Real Madrid assegurou cedo aquele que é até agora considerado o reforço mais caro deste mercado de verão, o jovem internacional francês Aurélien Tchouameni, e também contratou Antonio Rudiger, que chegou livre depois de terminar contrato com o Chelsea. Carlo Ancelotti garante que o clube não volta ao mercado, no final de uma época em que viu sair alguns históricos, como Marcelo, Gareth Bale ou Isco, além de ter acordado com a Fiorentina a transferência de Luka Jovic.

A tendência de saída de vários jogadores que foram referência nos últimos anos é aliás transversal à Liga espanhola. Aconteceu também no Atlético de Madrid, que viu partir Luis Suarez, Hector Herrera ou Sime Vrsaljko, tendo contratado até agora o ex-benfiquista Axel Witsel e confirmado Samuel Lino, ex-Gil Vicente.

O primeiro reforço do Sevilha, que viu sair Diego Carlos para o Aston Villa na principal venda protagonizada até agora pela Liga espanhola - um negócio estimado em 31 milhões de euros -, também tem passado em Portugal: Marcão, central que passou por Rio Ave e Desp. Chaves e chega do Galatsaray.

Na Liga espanhola, houve de resto alguns negócios relevantes a nível interno. Entre eles a mudança do avançado Brais Mendez do Celta de Vigo para a Real Sociedad, que também contratou Mohamed-Ali Cho, jovem promessa francesa, ao Angers. Do clube basco saiu por seu lado Willian José para reforçar o Betis, que também se reforçou com o central Luiz Felipe, em fim de contrato com a Lazio, além de ter renovado com o eterno Joaquín. Por falar em veteranos, La Liga volta a contar com o guarda-redes Pepe Reina, que regressou ao Villarreal, aos 39 anos e 17 anos depois de ter saído para se tornar referência do Liverpool e jogar em todos os grandes campeonatos.

Alemanha

Robert Lewandowski apresentou-se no Bayern Munique, mas este nunca foi caso encerrado. O avançado polaco assumiu a vontade de experimentar outras paragens, o processo manteve-se em aberto e ao que tudo indica terminará com Lewandowski no Camp Nou. Com a sua saída, o campeonato alemão perde duas das suas grandes figuras dos últimos anos, depois de Haaland ter trocado o Dortmund pelo Manchester City.

Mas também já chegaram reforços de peso. O Bayern Munique garantiu a experiência de Sadio Mané, contratado ao Liverpool, e além disso começou por pescar no Ajax, onde contratou o lateral Mazraoui e o jovem Ryan Gravenberch.

O Dortmund, de longe o clube mais ativo na Bundesliga, assegurou dois novos nomes para o ataque: Sebastian Haller, o goleador que se destacou esta época na Liga dos Campeões pelo Ajax, e Karim Adeyemi, grande promessa do futebol alemão e que foi contratado ao RB Salzburgo. Reforçou-se ainda no mercado interno com Niklas Süle, Nico Schlotterbeck, Alexander Meyer e Salih Ozcan, além de ter assegurado o jovem Jayden Braaf, promessa holandesa que deixou o Manchester City.

Os outros clubes da Bundesliga têm sido sobretudo vendedores. O Gladbach negociou o internacional suíço Embolo com o Mónaco, do Union Berlim saiu o avançado Taiwo Awoniyi para o Nottingham Forest, o Friburgo vendeu Schlotterbeck ao Dortmund e do Leipzig saiu para Inglaterra Tyler Adams (Leeds).

Itália

Luka Jovic causou impacto imediato na chegada a Itália. O avançado sérvio ex-Benfica, que deixou o Real Madrid num negócio que envolverá a partilha do passe, assinou pela Fiorentina e estreou-se com a camisola 7 «viola» - em homenagem a Cristiano Ronaldo - a marcar quatro golos em menos de meia hora num jogo de pré-época com o Vicenza. À Serie A chegou também esta semana um reforço português: o guarda-redes Luis Maximiano, que trocou o Granada pela Lazio. Em sentido contrário, Nani deixou o Veneza, para atravessar o mundo e rumar à Austrália.

A Serie A perdeu muitos jogadores de nomeada esta época, a grande maioria em final de contrato. Da Juventus saíram Chiellini, que rumou a Los Angeles, Morata, de volta ao Atlético Madrid, e ainda Dybala ou Bernardeschi. O Nápoles perdeu Insigne, que também se mudou para a MLS, do Inter saíram Arturo Vidal, que assinou pelo Flamengo, ou Perisic, reforço do Tottenham. E há vários outros com o futuro em aberto. Como Zlatan Ibrahimovic, que terminou contrato com o Milan mas não tem a renovação descartada. Ou Dries Mertens, em situação idêntica com o Nápoles.

Mas a Serie A também recebeu ou recuperou vários jogadores consagrados. A Juventus já tem Di María e o regressado Pogba, ambos a custo zero. Num campeonato que é tradicionalmente acolhedor para veteranos de luxo, também Romelu Lukaku está de volta ao Inter, cedido pelo Chelsea. O Inter também contratou a custo zero o guarda-redes Onana, ex-Ajax, e o arménio Henrikh Mkhitaryan, que terminou contrato com a Roma.

O campeão Milan reforçou-se com o belga Divock Origi, que terminou contrato com o Liverpool, além de ter garantido em definitivo Florenzi junto da Roma e Júnior Messias, ex-Crotone.

A Atalanta protagonizou até agora a contratação mais avultada na Serie A, sem contar jogadores que já estavam nos clubes mas cujas transferências definitivas só foram contabilizados neste defeso, como Chiesa na Juventus, Correa no Inter ou Demiral na própria Atalanta. Num negócio doméstico, que continua a ser o fluxo mais frequente na Serie A, a equipa de Bergamo investiu 21 milhões de euros no médio brasileiro Ederson, ex-Salernitana.

Quanto à Roma de José Mourinho, continua para já discreta no mercado, depois de ter contratado o lateral turco Zeki Celik ao Lille e garantido a custo zero duas caras conhecidas – o guarda-redes Svilar, que terminou contrato com o Benfica, e Nemanja Matic, que deixou o Manchester United. Mas ainda há mais de um mês de mercado pela frente.

França

O Lille de Paulo Fonseca recebeu dois reforços esta semana, o médio francês Rémy Cabella e o avançado marfinense Mohamed Bayo, contratado ao Clermont-Foot. O clube agora orientado pelo treinador português já tinha contratado um reforço em Portugal, quando foi buscar o central Alexsandro ao recém-promovido Desp. Chaves. Quem seguiu também a rota Portugal-França, assinando pelo Marselha, foi Chancel Mbemba, central que deixou o FC Porto no final da época.

Mais rostos familiares numa Ligue 1 cujos grandes investimentos até agora foram mesmo no futebol português: o PSG contratou Nuno Mendes, que deixou o Sporting em definitivo, e Vitinha, o jogador luso que protagonizou a transferência mais avultada até ao momento, um negócio de 41,5 milhões de euros entre o FC Porto e os parisienses.

A capacidade financeira do crónico campeão gaulês, que não deve ficar por aqui, é impossível de igualar pelos outros clubes, que têm estado bastante mais discretos. O Mónaco assegurou um enorme encaixe com a transferência de Tchouameni para o Real Madrid, mas por enquanto apenas contratou o japonês Minamino, que chega do Liverpool, e agora o avançado internacional suíço Breel Embolo, que chegou do Borussia Moenchengladbach. Quanto ao Lyon, apostou até aqui em jogadores livres, recuperando Alexandre Lacazette, ex-Arsenal, e Corentin Tolisso, ex-Bayern Munique. 

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