O Euro 2024 já teve episódios de confrontos entre adeptos, ataques e ameaças. A UEFA, tradicionalmente tão rígida nestas situações, precisa de proteger o jogo, sem ignorar a mudança do tecido social.
Já se sabe: o futebol é um palco apetecível para toda uma horda de desajustados, que buscam mediatismo para as suas ‘lógicas’.
Protegidos pelo anonimato conferido pelas multidões, procuram agitar o tecido social e criar o caos. Umas vezes como imberbe forma de afirmação pessoal (?!) outras como tentativa de disrupção social, outras, ainda, com uma agenda mais aprofundada.
Nada disto é novo. Quem organiza um Europeu sabe que terá de lidar com esse tipo de ameaças. E de estar preparado para elas.
Nem o facto de haver uma guerra na Europa (sim, na Europa!) conseguiu dar novo fôlego à ideia de integração europeia. Os nacionalismos crescem; os níveis de tolerância baixam; os sinais de inteligência também – e ameaçam contaminar a festa do futebol.
A Sérvia, que já foi punida pelo comportamento incorreto dos seus adeptos, ameaça agora abandonar o Torneio se a UEFA não sancionar a Croácia e a Albânia – depois de os adeptos dos dois países terem cantado «morte aos sérvios» nas bancadas de Hamburgo.
Os próprios sérvios foram punidos pelos incidentes com ingleses e albaneses no jogo com a Inglaterra.
O crescimento das ideias nacionalistas viu-se nas recentes eleições europeias. Os comportamentos xenófobos vêm por acréscimo.
A UEFA não quer que a ‘política’ entre no jogo. A verdade é que o jogo não pode ignorar a política – nem a sociedade. O futebol reflete a sociedade, para o bem e para o mal. Não no relvado, mas em seu redor.
No velho continente, haverá sempre – para quem quiser - motivos históricos para conflitos. O futebol deve ser um fator de união entre povos, entre nações – e não o contrário. Com rivalidade, sim, claro. Sem guerras.
Vai exigir mais trabalho por parte de todos. A bem do civismo e da estabilidade de um continente. E do jogo.