Koke: «Talvez esteja melhor na prisão do que aí fora»

19 mai 2020, 10:27
Koke (Sporting)

Ex-Sporting está há seis meses detido na sequência de uma operação contra o tráfico de drogas

Koke, que representou o Sporting em 2005/06, está detido há seis meses na sequência de uma operação contra o tráfico de drogas, em Espanha, e falou sobre como é a vida na prisão em Málaga.

«Sou malaguenho, quase todos me conhecem aqui. Quando cheguei, estavam à minha espera. Quando falamos de futebol aqui somos todos iguais. Há padeiros, pedreiros, gerentes, ex-jogadores de futebol… Mas estamos todos na prisão, não tenho privilégios, o respeito é conquistado pelo que cada um é», afirmou o ex-jogador, de 37 anos, em resposta a uma entrevista escrita ao ElDesmarque.

«Nada é como imaginávamos. Nem o mau é tão mau, nem o bom é tão bom. Cada um tem a sua história, o seu coração. Não julgo, gosto de ouvir, gosto de ajudar e é o que mais faço cá. Há pessoas muito boas e interessantes na prisão», explicou.

Embora admita que sente falta de futebol, Koke diz que não joga na prisão e ocupa o tempo de outra forma: «Sinto falta, o futebol é quase toda a minha vida. Eles jogam aqui todos os dias, mas só joguei uma vez, não jogo porque não gosto de bolas de futsal.»

«Aqui os dias são muito compridos, mas tens de te adaptar. Eu faço quase todos os dias a mesma coisa. De manhã vou ao ginásio, depois jogo parchís [jogo de tabuleiro popular em Espanha]. Antes da covid-19 estava a fazer um curso de cultura empreendedora, mas agora está parado. Também aproveito para ler o código penal, coisa que não faria lá fora, mas aqui há tempo para essas coisas», apontou, falando sobre o impacto da pandemia na prisão.

«A situação aqui não é má. Estamos todos bem e talvez tenhamos estado melhor do que vocês aí fora durante este tempo. Podemos correr, treinar… sinto-me seguro, há pouco risco de contágio. Estou mais preocupado com a minha família lá fora do que comigo», explicou, acrescentando que, mesmo antes da pandemia não via os seus familiares.

«Sinto saudades das minhas filhas… os meus pais… estou há quase seis meses sem os ver. Tomei a decisão de não os ver aqui e assim continuamos. Custa-me.»

Para terminar, Koke deixou uma mensagem: «Quero dizer que ir para a prisão não é a pior coisa do mundo, é difícil, é claro, estar aqui faz-nos viver coisas impensáveis ​​e pensar como um prisioneiro. Gostaria de transmitir à sociedade que somos pessoas normais, que a presunção de inocência deve existir, que as pessoas não podem ser excluídas por causa da prisão, todos merecem uma oportunidade. No meu caso, considero-me uma boa pessoa e aqui estou ainda melhor.»

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