O protesto acontece a cinco dias do Dia Internacional Contra a Violência Contra as Mulheres, a iniciativa foi liderada pelo movimento feminista NousToutes e contou com a participação de mais de 60 associações, sindicatos e partidos
Milhares de pessoas manifestaram-se este sábado em diversas cidades de França para defender os direitos das mulheres e exigir mais medidas contra a violência masculina, sem esconder as críticas à governação do Presidente francês, Emmanuel Macron.
A cinco dias do Dia Internacional Contra a Violência Contra as Mulheres (25 de novembro), a iniciativa foi liderada pelo movimento feminista NousToutes e contou com a participação de mais de 60 associações, sindicatos e partidos.
As manifestações acabaram por ter uma clara conotação política, quando faltam cinco meses para as eleições presidenciais, ao contarem com a presença de dois candidatos: a socialista Anne Hidalgo e o ecologista Yannick Jadot.
"Já não é possível tolerar esta violência contra metade da humanidade", disse o candidato presidencial verde Yannick Jadot, que esteve presente na marcha de Paris e para quem é necessário "formação e recursos para alojamento de emergência".
De acordo com a associação NousToutes, todos os anos 220.000 mulheres são vítimas de violência no país, onde se registam 94.000 violações. Perante estes números, as ativistas reclamaram por mais investimento contra este problema, contrapondo com uma verba de cerca de mil milhões de euros – para investir sobretudo em prevenção – face ao orçamento atual de sensivelmente 360 milhões de euros.
"Não é inevitável que a violência aconteça, ela pode parar", disse Marylie Breuil, do coletivo NousToutes, aos repórteres na marcha parisiense, manifestando a expectativa de que os candidatos às eleições presidenciais [em Abril de 2022] assumam "fortes compromissos em matéria de prevenção".
Já a presidente da União Nacional das Famílias Feminicidas, Sandrine Bouchait, que também esteve numa das manifestações, revelou que "foram assassinadas quase 600 mulheres” nos últimos cinco anos: “Era suposto ser uma causa nacional importante, mas os números são quase os mesmos dos cinco anos anteriores, é uma piada".
No entanto, a ministra para a Igualdade de Género, Elisabeth Moreno, defendeu a ação do governo este sábado na rádio Europe 1, mencionando um aumento de 60% no número de locais de alojamento de emergência, a formação de agentes da polícia e a introdução de telefones de emergência para mulheres vítimas de violência.
"Cada feminicídio é um a mais, mas podemos ver que todas estas ações estão a começar a dar frutos", afirmou Elisabeth Moreno.
No presente ano, 101 mulheres foram vítimas de violência masculina em França, menos uma do que em todo o ano de 2020, marcado pela pandemia, enquanto em 2019 o número foi de 146.