As projeções da Climate Central ajudam a perceber o contraste impressionante entre o mundo como o conhecemos e o nosso "futuro subaquático", se o planeta continuar a aquecer
O planeta está a aquecer a um nível alarmante, resultando numa seca histórica, inundações catastróficas e eventos incomuns de degelo no Ártico.
São várias as organizações mundiais que têm vindo a alertar para as consequências das elevadas emissões de carbono e os relatórios não deixam margem para dúvidas: já estamos a sentir os efeitos das alterações climáticas e as projeções não são animadoras.
Uma das maiores preocupações é o aumento constante do nível do mar: o novo estudo da Climate Central revela que cerca de 50 grandes cidades costeiras precisarão implementar medidas de adaptação “sem precedentes” para evitar que a subida do mar "engula as suas áreas mais populosas".
Mas como se traduzem as alterações climáticas em termos práticos? A Climate Central, que publica regularmente mapas com projeções relativas à subida do nível médio das águas do mar, fez uma simulação que mostra o contraste impressionante entre o mundo atual e o nosso futuro subaquático, se o planeta continuar a aquecer.
As escolhas de hoje definirão o nosso caminho", afirma Benjamin Strauss, investigador da organização Climate Central.
Parque das Nações, Lisboa, Portugal
As áreas ribeirinhas de Lisboa poderão ficar inundadas com a temperatura global a subir 1,5ºC, mas isto é no cenário otimista, ou seja, caso o efeito de estufa comece a diminuir já hoje, até 2050.
Se não fizermos nada e as emissões continuarem a subir, a outra hipótese (menos otimista), aponta para uma subida de temperatura do planeta em 3ºC e o resultado será este:
Plaza de España, Sevilha, Espanha
Espanha vai estar entre as regiões mais quentes do planeta, apontam os especialistas. De acordo com a Aemet, a agência meteorológica espanhola, grandes partes da Península Ibérica farão parte de uma extensão do tradicional "cinturão de calor" de verão, que geralmente se estende da Argélia à Índia.
Rothenburgsort, Hamburgo, Alemanha
Com cerca de 90% da cidade abaixo do nível médio do mar, Hamburgo é uma das 50 cidades em risco de desaparecer.
Buckingham Palace, Londres, Reino Unido
O palácio de Buckingham, na cidade de Londres, é um dos lugares mundialmente famosos em risco de sucumbir à subida do nível do mar.
Mas há mais cidades britânicas sob o alerta da Climate Central, como Glasgow e Bristol.
Castelo de Dublin, Irlanda
Também na Irlanda aumentam as preocupações. Com a subida contínua do nível do mar, vastas áreas da cidade de Dublin podem ser invadidas pelas águas nas próximas décadas, se a temperatura média aumentar.
Paradise Island, Bahamas
O aquecimento global vai ser catastrófico para os países insulares. A Climate Central frisa que um aumento de 3ºC pode significar que cerca de 10% da população global (mais de 800 milhões de pessoas) esteja em risco de ser afetada pela subida das águas.
Estima-se que as Bahamas será um dos países mais afetados porque pelo menos 80% do território está abaixo do nível do mar.
Plaza de La Catedral, Havana, Cuba
Também Cuba está altamente vulnerável aos efeitos das alterações climáticas. Neste país insular, o nível do mar aumentou em média 6,77 centímetros desde 1966 e tem vindo a acelerar nos últimos cinco anos.
Burj Khalifa, Dubai, Emirados Árabes Unidos
Um aumento do nível do mar em um metro levaria à perda de 1.155 quilómetros quadrados da costa dos Emirados Árabes Unidos até 2050. Nove metros de elevação do nível do mar inundariam quase toda Abu Dhabi e Dubai.
O estudo da Climate Central sobre o impacto das alterações climáticas em parceria com a Universidade Princeton e o Instituto Potsdam, na Alemanha, foi publicado na revista Environmental Research Letters e pode ser consultado aqui.
Paralelamente, o relatório da ONU sobre o clima (IPCC) estima que a uma escala global, mesmo que se atinja a neutralidade das emissões de carbono, o nível de água do mar continuará a aumentar, irremediavelmente, entre 28 e 55 centímetros até finais do século (em relação aos níveis atuais). Se as atuais emissões duplicarem, a subida pode chegar aos 1,8 metros.
A longo prazo, o nível de água do mar subirá entre dois e três metros nos próximos dois mil anos, se o aquecimento global se mantiver nos 1,5 graus fixados no Acordo de Paris, mas pode ultrapassar os 20 metros com uma subida de 5 graus, por exemplo.
Ainda de acordo com o IPCC, o nível do mar subiu, em média, 20 centímetros entre 1901 e 2018, mas se subiu 1,3 milímetros anualmente nas primeiras sete décadas do século XX, agora está a subir 3,7 milímetros.
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