Publicar um livro era, até há pouco tempo, um desafio para um escritor iniciante. Um desafio que, na maior parte dos casos, se transformava numa perda inestimável tanto para o escritor, que não conseguia garantir os meios para divulgar as suas histórias, quanto para a sociedade como um todo que, ao perder as memórias escritas dos seus cidadãos, perde também a sua própria essência.
Pedra fundamental do conhecimento, base para o crescimento e a sobrevivência do próprio raciocínio crítico, o livro é o elemento mais sagrado da humanidade. Desafia o tempo, abre janelas para formas de ver, interpretar e decifrar o mundo que nos rodeia e, assim, permite que aprendamos uns com os outros a uma velocidade coletiva sem igual.
Sob esta ótica, a quantidade de livros publicados importa e muito. É a quantidade que garante a diversidade de histórias, de conhecimentos partilhados, de teorias e imaginações desvendadas. E é essa diversidade que garante que, onde quer que esteja e seja qual for o seu peculiar gosto literário, haverá um livro perfeito para todos os leitores.
Numa sociedade ideal, todos deveriam poder e conseguir escrever as suas próprias histórias. Felizmente, começamos a aproximar-nos deste mundo ideal graças a uma das mais revolucionárias invenções humanas: a inteligência artificial.
Hoje, graças à IA, há plataformas onde os autores podem publicar o seu livro gratuitamente, em formato impresso ou digital, determinando quanto desejam ganhar por cada exemplar vendido. Além disso, este mesmo livro pode ser comercializado em milhares de livrarias do mundo, sendo impresso localmente e on demand, garantindo, assim, níveis de distribuição inéditos não só para o autor independente, mas para qualquer autor.
Mas, mais do que isso, a inteligência artificial consegue ajudar o autor em todas as etapas da sua produção literária. Há dúvidas sobre quais os enredos e temas que mais envolvem os leitores? Uma simples consulta gratuita pode iluminar o caminho. Há quem questione a qualidade da narrativa em si? Análises automatizadas podem ajudá-lo a detetar brechas e furos na sua trama. Há a necessidade de rever o português e evitar que erros ortográficos ou gramaticais ponham em causa o seu livro? A inteligência artificial também resolve. E o design? Da diagramação de livros à criação de capas apelativas, há sistemas que garantem o melhor para todos os autores. E, finalmente, há também a possibilidade de tradução, adaptando as histórias para idiomas como inglês, espanhol ou qualquer outro, ultrapassando os limites populacionais do idioma português.
A inteligência artificial permite que todos os livros possam chegar a todos os leitores, em qualquer idioma, em qualquer lugar, e a custos próximos de zero. Todos estes serviços exemplificados acima, vale dizer, já existem, embora não sejam ainda perfeitos e requeiram alguma evolução. Mas são serviços que, há 20, 10 ou mesmo 5 anos, seriam impensáveis. O que significa isso? Que, cavalgando na velocidade da tecnologia, esses e muitos outros serviços editoriais prestados via inteligência artificial tendem a mudar radicalmente a face da literatura ao entregar, a todos os autores independentes, serviços de altíssima qualidade até então restritos aos grandes agentes editoriais.
Será - e já é - uma revolução incrível para toda a sociedade, que poderá aproveitar a inspiração de cada um dos seus membros e, assim, construir sobre a diversidade coletiva o melhor caminho para a sua própria evolução. Nunca houve um tempo melhor para escritores, profissionais ou amadores, do que este que vivemos atualmente.