João Cotrim Figueiredo despede-se daquela que foi "a maior honra" da sua vida com uma promessa: "Isto não é um adeus"

21 jan 2023, 12:50

Os membros da Iniciativa Liberal estão reunidos este fim de semana no Centro de Congressos, em Lisboa, para escolher o sucessor de Cotrim de Figueiredo

João Cotrim de Figueiredo fez este sábado o discurso de abertura da VII Convenção Nacional da Iniciativa Liberal (IL), rejeitando a ideia de que este é "um discurso de despedida".

"Quase 40% do partido inscreveu-se para esta convenção, não há outro partido assim", começou por dizer Cotrim de Figueiredo, perante os cerca de 2.300 membros liberais que assistem à reunião magna no Centro de Congressos, em Lisboa.

O líder cessante dos liberais disse ter "orgulho do trabalho que foi feito nestes três anos" em que esteve à frente da Iniciativa Liberal, e recordou o "crescimento" do partido. No início, em 2019, a IL contava apenas com um deputado único, o próprio João Cotrim de Figueiredo. Nas legislativas, saltou para a quarta força política, elegendo oito deputados.

"Ninguém pode dizer que não crescemos. Crescemos e afirmámo-nos. Aos nossos adversários políticos, aos tudólogos do cinismo eu digo: olhem para nós, olhem para nós e digam lá agora que não há cada vez mais liberais em Portugal”, desafiou.

As "irritações" de Costa, o ministro que "não sabe de nada" e o que "fugiu"

Cotrim de Figueiredo deixou ainda um recado a António Costa, respondendo às suas "irritações" em relação à Iniciativa Liberal. "É por perceber que a Iniciativa Liberal é que faz a verdadeira oposição, que o PS e António Costa tanto se irritam connosco. 

"É boa altura para dizer ao primeiro-ministro que a Iniciativa Liberal aqui está para lhe continuar a dar bons motivos para se irritar. Habitue-se", declarou.

António Costa não foi o único visado no discurso do presidente cessante da Iniciativa Liberal - também Fernando Medina e Pedro Nuno Santos mereceram destaque pelas recentes polémicas na qual estiveram envolvidos.

"O ministro das Finanças nunca sabe de nada, anda sempre distraído. Não sabia dos dados dos dissidentes ucranianos enviados à embaixada russa, não sabia das indemnizações pagas na TAP. E agora não sabe como é que um ex-autarca do PS de Castelo Branco era o único capaz de fiscalizar adjudicações em Lisboa”, assinalou.

“Pelo menos nesse aspeto, daria um ótimo sucessor de António Costa que também é especialista a sacudir a água do capote”, ironizou.

Já o antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, foi recordado como o ministro que colocou Portugal na "alhada" da TAP e que entretanto "já saiu com o rabo entre as pernas".

"António Costa com mais uma pirueta agora já admite privatizar a TAP a 100%. E a direção executiva da TAP anda em roda livre, a contratar amigos e a despedir administradores com chorudas indemnizações”, criticou.

"Nem tudo foi um mar de rosas"

Nos últimos três anos, prossegue o presidente cessante, "a Iniciativa Liberal fez a diferença no conjunto dos partidos", desde logo ao colocar "sistematicamente no topo da agenda o tema do crescimento económico", bem como a defesa dos direitos individuais na elaboração do decreto da morte medicamente assistida e na oposição aos decretos que limitaram as liberdades individuais durante a pandemia", enumerou.

Cotrim promete que, independentemente dos resultados, a IL "vai continuar a fazer a diferença" na política nacional.

Ainda assim, admitie que "nem tudo foi um mar de rosas" e não quis "ignorar" as críticas que lhe foram feitas, nomeadamente o facto de ter dado apoio imediato ao candidato Rui Rocha. O ainda líder da IL argumenta que o facto de ser presidente do partido não significa que não possa expressar a sua opinião.

“O presidente não deve ser uma figura decorativa. (...) Tenho o direito e tenho o dever de tornar clara a minha opinião em público e foi o que fiz”, assegurou, ressalvando que a decisão dos liberais é soberana e que os membros pensam “pela sua própria cabeça”.

João Cotrim de Figueiredo reconheceu as críticas de que o partido esteve "sobretudo virado para fora". "Aceito essa crítica com humildade, mas, se no futuro voltasse a ter opção entre um partido virado para dentro ou um partido virado para fora, eu não hesitaria em voltar a virar o partido para fora", declarou, seguindo-se uma extensa salva de palmas dos militantes.

O presidente cessante garantiu que tudo o que fez nos últimos três anos foi pelo partido e não para seu próprio "proveito ou conivência", algo que, apontou, "poucos críticos poderão dizer".

João Cotrim de Figueiredo terminou o discurso com a frase "o futuro começa já na segunda-feira" e salientou a importância da união do partido: "Os nossos adversários estão lá fora, não estão cá dentro."

O ainda líder da IL despede-se assim daquela que foi "a maior honra" da sua vida, mas garantiu que vai estar "sempre disponível para servir a causa liberal" enquanto "membro base, sem carros, sem favores".

E deixou uma promessa aos milhares de militantes que assistem à reunião magna, quer presencialmente quer por via remota: "Isto não é um adeus, é um até sempre."

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