Protestos nas ruas eclodiram após o esfaqueamento mortal de três menores em Southport, tendo sido alimentados por falsas alegações promovidas por grupos de extrema-direita de que o suspeito do ataque se tratava de um refugiado muçulmano. Não era - é um cidadão nascido no Reino Unido
Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, anunciou esta segunda-feira a criação de um "exército permanente", composto por agentes da polícia especializados, como resposta aos violentos protestos que têm agitado o Reino Unido nos últimos dias.
A decisão surge na sequência de uma reunião de emergência que decorreu na manhã desta segunda-feira em Downing Street, entre membros do governo britânico e elementos das forças de segurança, em resposta aos distúrbios registados este fim de semana.
"Isto não são protestos, é violência", afirmou o primeiro-ministro do Reino Unido em declarações aos jornalistas.
Starmer avançou ainda que a lei vai ser aplicada de igual forma aos responsáveis pelos atos de violência como aos responsáveis pela promoção de desinformação online.
Esta onda de violência, que se tem alastrado a várias cidades do Reino Unido, eclodiu aparentemente em protesto contra o esfaqueamento mortal de 3 menores (incluindo uma portuguesa) em Southport, no passado dia 29, tendo sido alimentada por falsas alegações, promovidas por grupos de extrema-direita, de que o suspeito do ataque se tratava de um refugiado muçulmano que tinha atravessado o Canal da Mancha de barco.
No entanto, as autoridades britânicas confirmaram que o autor do ataque, Axel Rudakubana, de 17 anos, acusado do assassínio das raparigas e da tentativa de assassínio de outras dez pessoas, nasceu no País de Gales e é filho de pais ruandeses.
Este domingo, vários agentes da polícia foram atingidos por bombas caseiras feitas com recurso a gasolina, durante um dos protestos anti-imigrantes, junto a um hotel perto de Birmingham, em Inglaterra, conhecido por albergar requerentes de asilo.
Conforme avança a BBC, a polícia diz estar empenhada em encontrar os responsáveis pelos distúrbios, que classifica como "violência desprezível" e "completamente indesculpável", e que deixaram um dos agentes envolvidos com um braço alegadamente partido.
Stuart Ellison, chefe-adjunto da polícia de Staffordshire, sublinha a "coragem tremenda" demonstrada pelos agentes da política e acrescenta que os manifestantes tinham a intenção clara de atacar o hotel, bem como a polícia que foi atingida com as bombas caseiras.
Também durante este domingo um outro hotel da cadeia Holiday Inn Express, em Rotherham, foi alvo de ataques por parte de centenas de elementos de grupos de extrema-direita.
Segundo o Guardian, os confrontos entre os cerca de 700 manifestantes e a polícia resultaram em 10 agentes feridos, tendo um deles ficado inconsciente no local depois de ter sido atingido na cabeça.
"Os indivíduos que estão envolvidos nesta desordem têm de saber que irão sofrer as consequências", acrescenta.
Face aos acontecimentos, são já vários os deputados britânicos que pedem o retomar dos trabalhos no parlamento britânico, numa altura em que os mesmos se encontram interrompidos para férias.
Yvette Cooper, ministra da administração interna do Reino Unido, que também participou na reunião de emergência desta segunda-feira de manhã, já veio dizer, de acordo com a Sky News, que as prisões "estão prontas" para receber "a minoria de criminosos" que está a espalhar a violência no país.
There will be a reckoning for criminals & thugs who took part in violence on streets, burning buildings, attacks on mosques, looting shops & the whipping up of racist violence online.
— Yvette Cooper (@YvetteCooperMP) August 5, 2024
They do not speak for Britain & they’ll pay the price for their crime.https://t.co/xrDa66Oe4j
"Os indivíduos que estão envolvidos nesta desordem têm de saber que vão sofrer as consequências", acrescenta.
Face aos acontecimentos, são já vários os deputados britânicos que pedem o retomar dos trabalhos no parlamento, numa altura em que os mesmos se encontram interrompidos para férias.
Mais de 370 detidos nos protestos violentos no Reino Unido
Entretanto, foi esta segunda-feira revelado que os protestos violentos da extrema-direita na última semana resultaram em 378 detenções, número que deverá aumentar à medida que avançam as investigações, estimaram os chefes da polícia britânica.
"Até ao momento, foram efetuadas 378 detenções e esperamos que este total aumente diariamente à medida que as forças continuam a identificar os envolvidos e a deter os responsáveis”, segundo um comunicado do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia num comunicado.
A mesma fonte garantiu que o “trabalho está a ser realizado 24 horas por dia” e os “envolvidos serão levados à justiça".
As tensões aumentaram na sequência do ataque à facada de 29 de julho num centro recreativo em Southport, no noroeste de Inglaterra, em que três raparigas foram mortas e oito crianças e dois adultos ficaram feridos.
O autor do ataque, Axel Rudakubana, de 17 anos, nascido no País de Gales e filho de pais ruandeses, foi acusado do assassínio das raparigas e da tentativa de assassínio de outras dez pessoas, mas a ira entre os grupos de extrema-direita cresceu quando se espalhou nas redes sociais a informação incorreta de que o atacante era um requerente de asilo que tinha atravessado o Canal da Mancha de barco.