«Não preciso usar uma t-shirt a dizer: 'Sou o James Adcock e sou gay'»

11 out 2021, 15:18
Árbitro James Adcock assumiu a sua homossexualidade

Árbitro inglês diz que a sua orientação sexual não interfere com as suas responsabilidades no futebol

James Adcock, árbitro inglês, com mais de 500 jogos na carreira até chegar à Premier League, assumiu abertamente a sua homossexualidade numa entrevista a um podcast da BBC, por coincidência, no Dia de Sair do Armário (National Coming Out Day) em Inglaterra.

Adcock teve uma infância com fortes conexões ao futebol. O pai já tinha sido árbitro nas ligas amadoras e o percurso do jovem árbitro acabou por ser natural. Em 2016 entrou para o seletivo grupo de árbitros da liga inglesa e passou a ser árbitro a tempo inteiro. Foi o realizar de um sonho. «Os árbitros não são robots. Não somos os maus da fita do futebol. Levamos com a paixão, com o drama, levamos com todos os sentimentos que os adeptos levam para o futebol», começou por dizer.

Apesar dos insultos das bancadas, Adcock defende que os árbitros também podem desfrutar do espetáculo que é o futebol. «Este é o melhor desporto do mundo, e nós desfrutamos como qualquer outra pessoa», prosseguiu.

Durante as décadas de oitenta e noventa, Adcock ouviu os estereótipos que diziam que os gays não gostavam de futebol. O árbitro, atualmente com 37 anos, só assumiu a sua homossexualidade aos 27, mas nem toda a gente sabia. «Foi quando passei para árbitro a tempo inteiro, uns sabiam, outros não. Agora todos os meus colegas sabem, já é normal. Muitos deles dizem que ficam orgulhosos por eu assumir a minha homossexualidade no desporto, porque no fundo eles sabem que ainda existem barreiras», revelou.

O árbitro também faz questão de esclarecer que a sua orientação sexual em nada interfere com as suas qualidades na arbitragem. «Não preciso usar uma t-shirt a dizer: “Sou o James Adcock e sou gay”. As pessoas sabem-no e aceitam-no. Nunca fui alvo de insultos homofóbicos», referiu.

Adcock está agora empenhado em ajudar outros árbitros que se possam encontrar numa situação semelhante. «Muitos árbitros acham que não podem assumir porque acham que isso vai atrapalhar as respetivas carreiras no desporto. Mas tu não és julgado pela tua homossexualidade e se tiveres confiança suficiente em ti próprio, vais poder contar com o apoio de todos os teus colegas e isso não te vai afetar. Tens de assumir isso como homem e não como árbitro», destacou ainda.

 

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