Face à variação do IPC, a "remuneração bruta total mensal média diminuiu 0,6%, assim como a sua componente regular, enquanto a componente base diminuiu 0,4%", adianta o INE
A remuneração bruta total mensal média por trabalhador aumentou para 1.355 euros, no primeiro trimestre, mais 7,4% do que face a igual período do ano passado, com a componente regular e base a subir para 1.211 euros (+7,3%) e 1.118 euros, respetivamente. Mas, “em termos reais” a inflação fez mossa nas remunerações: só o setor privado registou um aumento real. Na Função Pública houve quedas em todas as componentes.
“Tendo por referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total mensal média diminuiu 0,6%, assim como a sua componente regular, enquanto a componente base diminuiu 0,4%“, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) conhecidos esta quinta-feira.
Setor público recua 2,5% salário total em termos reais
Os dados do INE revelam que foi no setor privado que os salários aumentaram de forma mais expressiva, com a remuneração total — que inclui subsídios de férias e de Natal — a registar uma variação homóloga de 8,3%, para 1.274 euros no primeiro trimestre deste ano. A componente regular aumentou 8,5%, subindo de 1.031 euros para 1.119 Euros, e a remuneração base aumentou 8,8%, passando de 966 Euros para 1.051 euros. Neste setor, todos os tipos de remuneração registaram aumentos reais face ao período homólogo, com a remuneração total a registar uma subida de 0,3%, uma melhoria de 0,5% na regular e de 0,7% na base.
O mesmo não sucede no setor público. Se a Administração Pública (AP) regista um aumento homólogo de 5,4% na sua remuneração total — para 1.765 euros –, com a componente regular a subir 5&, para 1.670 euros, e a base a subir 5,4%, para 1.579 euros. Mas, “em termos reais, nas AP, as remunerações total, regular e base diminuíram 2,5%, 2,8% e 2,4%, respetivamente”, apontam os dados do INE.
Face ao primeiro trimestre do ano passado, o maior aumento da remuneração total foi na categoria “Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais” (+13,2%), seguido das atividades de “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (+12,2%). Já os menores aumentos foram os ocorridos na “Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória” (+3,6%) e nas “Atividades financeiras e de seguros” (+4,2%).
Em termos reais, apesar da inflação de 8% no trimestre houve setores com variações reais positivas da remuneração total, “com destaque para a observada nas ‘Atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais’ (4,8%).” Além destes, revelam os dados, destaque para o setor de energia, com uma subida de 3,9%, seguida do turismo, que vê aumentar 1,9% o salário bruto total em termos reais, para 793 euros, o segundo salário mais baixo.
Mas, ressalva o INE, “11 secções registaram variações reais negativas da remuneração total, a maior das quais nas atividades de ‘Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória’ (4,1%).”
Depois da Administração Pública, entre as maiores descidas em termos reais está o setor de atividades financeiras e de seguros (-3,6%), para um salário total bruto de 2.416 euros, seguido de Agricultura que recua 3%, para um salário de 728 euros, o mais baixo nas categorias analisadas pelo INE.
Salário total real cai nas empresas com mais de 250 trabalhadores
Nos primeiros três meses do ano, a remuneração total subiu independentemente da dimensão da empresa, com as subidas mais expressivas a ocorrerem nas empresas com 1 a 4 trabalhadores (+8,9%) e com 5-9 trabalhadores (+8,5%), com a menor subida a ocorrer nas empresas com 250-499 trabalhadores (+4,4%).
Mas em termos reais, o fator inflação também aqui se fez sentir. “A remuneração total real aumentou nas empresas com 1 a 4 trabalhadores (0,6%), mas diminuiu 1,5% nas empresas com 500 e mais trabalhadores e 3,4% naquelas com 250 a 499 trabalhadores.”
Em termos reais, os trabalhadores em empresas com menos de 2050 trabalhadores registaram ligeiras na sua remuneração total. É o caso dos empresas com 5-9 trabalhadores, uma subida de 0,5%, da empresas com 100-249 trabalhadores que sobe 0,4%, já a de 10-19 trabalhadores sobe 0,3%, enquanto a de 50-99 aumenta 0,2% e, por fim, 20-49 sobe 0,1%.
Na remuneração regular registam-se acréscimos homólogos de 3,9% nas empresas com 250 a 499 trabalhadores a 8,9% nas empresas de menor dimensão (1 a 4 trabalhadores), mas em termos reais, “as empresas de maior dimensão (250 a 499 trabalhadores e 500 e mais trabalhadores) tiveram diminuições na componente regular das remunerações de 3,8% e 1,8%, respetivamente, enquanto as empresas de menor dimensão (1 a 4 trabalhadores) registaram ligeiros aumentos de 0,8%”.