A opinião dos antigos ministros das Finanças Manuela Ferreira Leite e Luís Campos e Cunha
Na tentativa de combater a inflação, a maior economia europeia já pôs mãos à obra: a Alemanha anunciou esta quarta-feira um corte no IRS e um aumento no abono para as famílias.
“Os pensionistas, os trabalhadores sujeitos a contribuições para a segurança social, os trabalhadores autónomos: pessoas de toda a sociedade vão ser beneficiadas”, disse o ministro da Economia alemão, Christian Lindner.
Em Portugal, ainda não foram tomadas quaisquer medidas. Deveria o país seguir o mesmo caminho?
Manuela Ferreira Leite, antiga ministra das Finanças, diz que sim. "Com inflação ou sem, a única forma de termos alguma competição com os outros países é mexendo com os escalões do IRS", adianta à CNN Portugal, explicando que no combate à inflação não se pode ter "medo de défices orçamentais".
"A Alemanha, seja com medidas fiscais ou com subsídios de apoio, está a perder receita para combater os efeitos de inflação", continua.
Por outro lado, o antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha lembra que Portugal já tomou algumas medidas, ainda que possam ser insuficientes.
"Em Portugal já se fez alguma coisa: as medidas relativas aos combustíveis, os 60 euros por apoio social", exemplifica.
Campos e Cunha diz ainda que as medidas avançadas pela Alemanha não são de combate à inflação, mas sim "medidas para mitigar as consequências sociais da inflação"."Os preços sobem, as pessoas desfavorecidas ficam mais vulneráveis e é a pensar nessas pessoas".
O economista acredita que, da parte do Governo, todos os apoios podem ser atualizados: "o abono de família e as bolsas de estudo são importantes e merecem ser atualizados".