Inflação está a desacelerar, mas o preço dos alimentos continua a crescer. Saiba quais os produtos que mais subiram

16 fev 2023, 12:59
Economia (AP Photo/Armando Franca)

 

 

Estudo feito pela Deco Proteste analisou o aumento do preço de 63 alimentos essenciais que fazem parte do cabaz essencial ao longo de um ano de guerra

Na próxima semana, mais propriamente no dia 24, assinala-se um ano de guerra na Ucrânia e também um ano que os preços dos alimentos começaram a aumentar. De acordo com a análise da Deco Proteste, desde o início da guerra, o cabaz de 63 alimentos essenciais aumentou 24,52% num ano. 

Em comunicado, a organização portuguesa de defesa do consumidor revela que, apesar da inflação já estar a desacelerar - em outubro foi de 10,6% e em janeiro de 8,4% -, essa quebra "tarda em chegar aos preços dos alimentos", lembrando que o relatório do INE dá conta que dos 8,4% de taxa de inflação registada em janeiro deste ano em Portugal mais de metade é consequência da subida dos preços da categoria "produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”.

Assim, o preço dos alimentos continua "em ascensão contínua" e, esta semana, foi verificado o valor mais elevado desde que a Deco começou a monitorizar os preços do cabaz alimentar a 5 de janeiro de 2022.

"A 23 de fevereiro de 2022, um dia antes da guerra na Ucrânia ter início, um cabaz com 63 alimentos essenciais custava 183,63 euros. Quase um ano depois, a 16 de fevereiro de 2023, o mesmo cabaz custa 228,66, ou seja, mais 45,03 euros (mais 24,52%). Este é o valor mais elevado desde que a Deco Proteste começou a monitorizar os preços do cabaz alimentar, a 5 de janeiro do ano passado", lê-se na nota.

Mas, quais foram os produtos que mais aumentaram? De acordo com a organização, polpa de tomate, arroz carolino e carapau foram os produtos que mais aumentaram, com os laticínios e o peixe a serem a categoria que registam os maiores aumentos percentuais. 

(Fonte: Deco)

Já na carne, os aumentos podem ser superiores aos 20% na maioria dos produtos analisados, sendo que a análise aos preços registados no último ano mostra que o custo total dos produtos desta categoria sofreu um aumento abrupto entre o início de março e meados de maio de 2022, logo depois do início da guerra, estabilizando depois até ao final de julho. Mas, a tendência de aumento continua, com o preço mais elevado a ter sido registado já este ano.

(Fonte: Deco)

O mesmo cenário foi verificado no peixe onde, de forma global, a categoria registou um aumento de 26,99%, ou seja, de 16,28 euros. Um compra onde se junte um quilo de salmão, pescada, carapau, peixe-espada-preto, robalo, dourada, perca e bacalhau, pode agora custar mais de 76 euros.

(Fonte: Deco)

Também nos congelados houve subidas, aqui de 14%. Nesta categoria os douradinhos foram o produto que mais viu o seu preço aumentar (mais 28,18% face a 23 de fevereiro de 2022), custando agora 6,10 euros por embalagem, segundo a DECO.

(Fonte: Deco)

A cesta típica de 14 frutas e legumes teve um aumento de 24,67%, ou seja, mais de 5,82 euros. O maior aumento foi registado esta semana, com o valor final da cesta a fixar-se nos 29,43 euros quando no ano passado os mesmos itens eram comprados por 23,60 euros. Segundo a Deco, os produtos que mais aumentaram foram a couve-coração, a alface, o tomate e as laranjas.

(Fonte: Deco)

Leite, ovos, queijo e iogurtes líquidos. Quatro produtos em sete que aumentaram o preço em mais de 28% num ano. Em média, de acordo com a análise da organização, os laticínios aumentaram 27,34% no último ano, sendo que o valor mais elevado desta categoria foi registado a 1 de fevereiro. 

(Fonte: Deco)

Nesta análise faltam ainda as restantes mercearias, algumas já referidas no início do texto como os produtos cujo preço mais aumentou (polpa de tomate e o arroz carolino) em tempos de guerra. Segundo a Deco Proteste, "nunca, durante o período em análise, as mercearias estiveram tão caras como agora", tendo atingido, esta quarta-feira, o valor mais alto do último ano: 52,70 euros, ou seja, mais 25,03% do que há um ano.

(Fonte: Deco)

Assim sendo, de acordo com as contas da Deco, a carne custa mais 7,36 euros (22,81%), os congelados mais 1,88€ (13,81%), as frutas e legumes mais 5,82€ (24,67%), os laticínios mais 3,14€ (27,34%), a mercearia mais 10,55€ (25,03%) e o peixe mais 16,28%. Tudo junto, o cabaz custa mais 45,03 (24,52%) do que a 23 de fevereiro de 2022. 

(Fonte: Deco)

Perante a desaceleração da inflação, a Deco defende que "o Governo deve adotar um papel mais ativo no acompanhamento da evolução dos preços da alimentação, seja em termos legislativos, seja através da ASAE, para exigir maior transparência quer à produção agroalimentar quer ao setor da distribuição", ao qual pede "maior transparência na cadeia de abastecimento para que os consumidores entendam qual a justificação para o aumento dos preços de determinados produtos alimentares".

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