Ao fim de mais de sete meses, está concluído o primeiro relatório sobre um dos 12 casos fatais que ocorrerram durante as graves que afetaram o INEM. O processo foi arquivado, mas apesar disso, são feitas críticas ás falhas do serviço de emergência nacional
A Inspeção-geral das Atividades em Saúde (IGAS) já terminou a investigação sobre uma das mortes ocorridas durante a grave dos técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM e concluiu que não houve ligação direta entre o desfecho fatal e o atraso no acionamento de meios de socorro.
Trata-se de um caso ocorrido em Cancela Velha, no Algarve, e, segundo apurou a CNN Portugal, no relatório os peritos referem que a vítima, ao sofrer de uma paragem cardiorrespiratória, teria de ter apoio de suporte básico de vida num momento imediato ou num intervalo máximo de 5 a 10 minutos, o que, alegam, nunca seria possível mesmo que a ambulância fosse acionada a tempo e chegasse o mais rapidamente possível.
Neste caso em que a vítima, um homem de 77 anos, foi encontrado deitado junto a um muro por uma pessoa que estava a passar na rua, a ambulância chegou duas horas depois do pedido de ajuda.
Apesar de concluir que não há relação direta entre a morte e o atraso no INEM, a IGAS confirma que houve falhas graves do INEM, nomeadamente no processo de acionamento interno de meios de suporte de vida. Na situação analisada, o atraso deu-se logo no início do processo, uma vez que os meios só começaram a ser acionados pelos serviços 35 minutos depois de receberem a chamada de socorro, ao que se soma depois outros constrangimentos que agravam o tempo de demora de auxílio às vitimas. Este tipo de atraso, de acordo com a IGAS, não pode ser aceitável, sendo por isso recomendadas no relatório alterações nos processos internos do INEM.
Investigação já dura há sete meses
Perante a conclusão dos peritos, o inspetor-geral de Saúde, Carlos Caeiro Carapeto, ordenou o arquivamento do processo de Cacela Velha.
Esta é uma das 12 mortes que estão a ser investigados na IGAS no sentido de se apurar se os atrasos ocorridos em outubro e novembro no atendimento do INEM, durantes as greves dos técnicos de emergência pré-hospitalar, tiveram impacto neste desfecho fatal das vítimas.
Destes 12 casos, oito ocorreram a 4 de novembro de 2024, dia em que à paralisação que os técnicos estavam a fazer às horas extra se juntou uma outra greve da função pública. Nesse dia, a situação no INEM tornou-se de tal forma caótica que, segundo dados a que a CNN Portugal teve acesso, na parte da manhã, 67% das chamadas não foram atendidas e à tarde esse valor chegou a atingir 75%. Num determinado período do dia, o cenário foi de tal forma complexo que oito em dez chamadas ficaram por atender.
Ao fim de sete meses, este é o primeiro a ser resolvido. A IGAS, como avançou a CNN Portugal, decidiu este mês separar os 12 processos que estavam agregados num só para evitar mais atrasos. E nos próximos dias serão conhecidos os relatórios finais de outros casos.