Ana Paula Martins salienta que o INEM tomou várias medidas e que existe um plano de contingência “que foi sendo construído e agora acionado”, cujos resultados vão ser analisados
A ministra da Saúde reconheceu a “enorme falta de recursos no INEM” e que as medidas de contingência anunciadas esta quarta-feira surgem devido à indisponibilidade dos técnicos de emergência pré-hospitalar para fazerem horas extraordinárias.
“Tivemos até há 48 horas com uma enorme esperança de que esta situação com um grupo profissional que valorizamos muito pudesse ter alguma resolução, pelo menos algum compasso de espera até nos voltarmos a sentar para debater, discutir, e, acima de tudo, rever a sua carreira, que faz todo o sentido como assumimos”, disse Ana Paula Martins.
A ministra falava aos jornalistas, em Coimbra, à entrada para a apresentação o livro “O Essencial sobre o Serviço Nacional de Saúde”, do médico Martins Nunes, antigo secretário de Estado da Saúde.
“Houve uma greve, mas depois o que está a acontecer é uma falta de disponibilidade daqueles trabalhadores para horas extraordinárias, que, verdade se diga, as fazem em enorme quantidade, tendo em conta a enorme falta de recursos do INEM”, sublinhou.
A ministra Ana Paula Martins salientou que o INEM tomou várias medidas, anunciadas esta quarta-feira, e que existe um plano de contingência “que foi sendo construído e agora acionado”, cujos resultados vão ser analisados.
O INEM anunciou esta quarta-feira um conjunto de medidas de contingência para otimizar o funcionamento dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU), como a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.
As medidas constam de um comunicado em que o Instituto Nacional de Emergência Médica vai explicar a estratégia para melhorar a resposta, na sequência dos atrasos de atendimento das chamadas no CODU que alegadamente causaram a morte de três pessoas.
No comunicado, o conselho diretivo do INEM refere que vai avançar hoje com “a implementação imediata de medidas que visam otimizar o funcionamento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes”.
“A carência de profissionais da categoria de Técnico de Emergência Pré-hospitalar (TEPH) no mapa de pessoal do INEM, exacerbada agora pela greve dos trabalhadores desta categoria profissional às horas extraordinárias, sem fim previsto, tem pontualmente condicionado o nível de resposta que o INEM pretende oferecer aos cidadãos que necessitam dos serviços do Instituto”, salienta.
Além do reforço do dispositivo de emergência médica com ambulâncias de socorro sediadas em corpos de bombeiros e delegações da Cruz Vermelha Portuguesa, anunciado na terça-feira, o INEM vai agora colocar em prática um conjunto de medidas que vão permitir concentrar a atividade dos TEPH nos CODU e meios de emergência, em detrimento de atividades não prioritárias.
“Será ainda desenvolvido e implementado um fluxo de triagem abreviado para chamadas de emergência que tenham tido um tempo de espera para serem atendidas de ou superior a três minutos”, anuncia.
A par destas medidas, que serão aplicadas “no imediato”, o INEM vai, a curto prazo, integrar enfermeiros nos CODU para realização de determinadas funções, e rever os procedimentos relativos à passagem de dados das equipas de emergência no terreno.
A revisão dos fluxos de triagem do CODU e do SNS24 para transferência de chamadas entre estes serviços é outra medida prevista.