Doente levou mais de cinco horas a ser transferido de hospital. Causa: helicóptero da Força Aérea era demasiado grande para aterrar

6 jul, 19:27

É mais uma polémica a envolver a capacidade de socorro de emergência médica em Portugal. A viagem de mais de cinco horas podia ter durado no máximo duas

Um homem de 48 anos demorou mais de cinco horas a ser transferido do Hospital da Covilhã para o Hospital de Coimbra.

O homem teve um traumatismo craniano grave depois de um acidente de trotinete.

Foi transportado pelos bombeiros para o Hospital da Covilhã neste sábado.

Depois da avaliação médica, foi pedida a transferência para o Hospital de Coimbra.

Os contactos entre hospitais começaram pelas 20:00.

A transferência tinha de ser feita por helicóptero, o único disponível em todo o país durante a noite. E é aqui que começa o problema.

A aterragem não pôde ser feita no Heliporto da Covilhã, porque o helicóptero da Força Aérea era demasiado grande. A opção mais próxima foi o Aeródromo de Castelo Branco.

Pelas 22:00, os bombeiros voltaram a ser acionados para assegurarem o transporte até Castelo Branco – para onde segue o helicóptero da Força Aérea, vindo do Montijo.

 Uma hora e meia depois, dá-se a troca de transportes e o doente segue até ao Aérodromo de Cernache do Bonjardim, em Coimbra.

À chegada, é transportado numa viatura do INEM até ao Hospital de Coimbra, onde dá finalmente entrada à 1:30.

Refira-se que o helicóptero da Força Aérea não consegue aterrar em nenhum heliporto hospitalar.

O problema não está na aeronave em si, mas no facto de não haver helicópteros do INEM, o que leva a Força Aérea a assegurar este serviço noturno com um meio que não é o apropriado para este tipo de serviço.

O homem está internado em estado grave nos cuidados intensivos. A viagem de quase seis horas podia ter durado no máximo duas.

E porque é que isto aconteceu?

O helicóptero a acionar seria o de Viseu, como está previsto no contrato entre a Gulf Med e o Estado, em vigor desde 1 de julho.

O transporte seria feito diretamente do Hospital da Covilhã para o de Coimbra. Ou diretamente do local do acidente por ser um helicóptero ligeiro.

Estariam, no máximo, envolvidas três equipas médicas e não seis, como aconteceu neste caso.

O helicóptero responsável por assegurar as missões noturnas é um Merlin EH-101, que está estacionado na Base Aérea do Montijo.

O Merlin, de fabrico britânico, pode operar em condições adversas, incluindo voos noturnos e em alto-mar.

Tem autonomia para mais de 800 quilómetros e está equipado com tecnologia de ponta para missões de busca, salvamento e evacuação médica.

É uma peça-chave no apoio à população em situações de emergência, sobretudo quando os meios civis falham ou são insuficientes.

Governo já prometeu segundo helicóptero

O Governo já prometeu um segundo helicóptero militar para o socorro médico noturno. Contudo, até agora, só um está operacional.

A promessa surge depois das críticas à falta de meios e à sobrecarga da Força Aérea.

Ao mesmo tempo, o contrato de emergência assinado pelo INEM com uma empresa privada está envolto em polémica.

A empresa não tem helicópteros nem pilotos suficientes para cumprir o serviço.

O Sindicato dos Pilotos já denunciou suspeitas de ilegalidades ao Tribunal de Contas.

Resultado: falhas no socorro aéreo, turnos por cobrir e risco para a resposta médica urgente.

O Governo garante que está a reforçar os meios, mas as críticas acumulam-se

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