Governo ficou "surpreendido" com impacto da greve dos técnicos do INEM, embora já soubesse dos "problemas" na carreira, que diz não serem de agora
A secretária de Estado da Gestão de Saúde admite ter ficado "surpreendida" com o impacto da greve do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), mas garante que a tutela chegou a um "bom acordo" com o sindicato na reunião desta tarde.
"Isto para nós foi uma surpresa em termos de impacto", admite Cristina Vaz Tomé, em entrevista à CNN Portugal, referindo-se à greve convocada em 21 de outubro e que está em curso desde dia 30.
Ainda assim, a secretária de Estado sublinha que o Governo "não tinha conhecimento do impacto desta greve", apontando que "não é a primeira vez que este sindicato faz uma greve às horas extraordinárias", recordando que "em 2023 também o fez".
A governante garante que o Governo está a trabalhar desde agosto com o presidente do INEM, Sérgio Dias Janeiro, para a valorização das carreiras e dos salários dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEHP), pelo que, garante, "isto para nós não era uma surpresa".
O Governo já estava de tal forma familiarizado com os "problemas" no INEM que bastou uma reunião para levar o sindicato a suspender a greve com efeitos "imediatos". Questionada sobre o porquê de só agora ter havido uma reunião com o sindicato, quando a greve já tinha sido convocada há algumas semanas, Cristina Vaz Tomé responde "foi fácil chegar a acordo" porque o Governo "sabia quais eram os problemas".
"Infelizmente as mortes não podemos controlar, mas conseguimos convergir esta tarde porque já tinha havido conversas, inclusivamente com o presidente do INEM", afirma a secretária de Estado, referindo-se ao número de mortes - sete, segundo o mais recente balanço - que têm sido associadas aos longos tempos de espera no atendimento da linha 112.
Para mostrar que estes problemas não são de agora e que o Governo já está a agir sobre eles, a secretária de Estado refere que "o INEM perdeu 13% dos TEHPS de 2023 para 2024", tendo sido aberto este ano um concurso - que está a decorrer - para contratar 200 técnicos. Mas este "não é um processo de seleção simples", assinala a governante, apontando que, além da avaliação curricular, os candidatos têm de passar por uma série de provas psicológicas e físicas". Uma vez selecionados, prossegue, os candidatos fazem uma formação que demora entre seis a nove meses.
"É uma carreira que demora imenso tempo a contratar", resume Cristina Vaz Tomé, acrescentando que "o plano a longo prazo é contratar mais TEHP". "Não queremos que os portugueses sintam que, do lado da autoridade de emergência, não há socorro."