Incêndios não travam férias no campo. "Hóspedes ligam mais a perguntar se o ar condicionado está a funcionar"

19 jul 2022, 09:00
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O nível de cancelamentos justificado por incêndios é reduzido nos hotéis e alojamentos locais. Mesmo naqueles que tiveram fogos no mesmo concelho, não foi preciso gerir muitas desistências. Os hóspedes ligam antes de partir, para perceber, por exemplo, se as estradas não foram cortadas pelo fogo (mas também há quem esteja apenas preocupado com o calor)

Os incêndios que têm deflagrado de norte a sul do país não estão a levar ao cancelamento de reservas em hotéis e alojamentos locais em contexto rural. Ainda assim, embora de uma forma ligeira, há desistências a registar por esse motivo. A garantia é dada à CNN Portugal por responsáveis do setor.

“Tivemos alguns cancelamentos na semana passada. Não é um número expressivo: diria que cerca de 5% das reservas foram canceladas”, explica Luís Veiga, administrador executivo do grupo Natura IMB Hotels, com unidades na Serra da Estrela. O incêndio no Fundão, que já alastrou à Covilhã, tem deixado alguns hóspedes reticentes. Em Unhais da Serra, onde o grupo tem uma unidade, a experiência de outros anos leva também a uma atenção reforçada ao evoluir da situação.

Mas a tendência, perante os incêndios, é outra: quem tem férias procura garantir que o faz com a maior segurança possível e sem obstáculos. E, para tal, liga para as unidades a pedir informações, incluindo sobre os acessos. São sobretudo os portugueses ou estrangeiros a residir em Portugal – mais atentos ao desenrolar dos acontecimentos – quem faz estes contactos.

“Com os incêndios, há sempre alguma retração. Há clientes que telefonam a perguntar se há algum problema. Não há alarme nem há pânico. Mas as pessoas telefonam a perguntar. Não temos cancelamentos significativos. Se há um, surge outra reserva que compensa”, conta Miguel Velez, presidente executivo do grupo Unlock Hotels, que inclui hotéis de perfil rural, incluindo em Baião ou em Monchique.

O fator proximidade

O incêndio em Palmela levou à retirada dos hóspedes da Pousada do Castelo, com as reservas desse dia reencaminhadas para outra unidade em Alcácer do Sal. Tirando esta situação, o grupo Pousadas de Portugal assegura à CNN Portugal que “não tem sentido qualquer movimentação” no cancelamento de reservas nas suas unidades com perfil mais rural.

Mesmo noutras localizações, em concelhos que foram palco de incêndios na semana passada, a resposta repete-se: não houve impacto. Foi o caso do Martinhal na Quinta do Lago ou das unidades do grupo Fátima Hotels em Ourém. O facto de os incêndios terem acontecido longe dos hotéis é uma das explicações dadas. “Não sentimos esse impacto. Provavelmente porque os incêndios, embora tenham sido em Ourém, tenham acontecido numa zona mais a norte e interior do município”, diz o presidente executivo do Fátima Hotels, Alexandre Marto.

Manter a comunicação

Na Associação de Hotelaria de Portugal, “não há nota significativa de cancelamentos” justificados pelos incêndios. Mas o presidente, Bernardo Trindade, admite preocupação em relação a este tema: “Depende muito da duração. Se for algo permanente, aí sim [o impacto poderá ser notório]”. O essencial, diz, em qualquer situação, é “manter sempre uma relação de proximidade com o cliente”.

É tudo uma questão de garantir a imagem de segurança do destino, dentro e fora de portas. Eduardo Miranda, da ALEP, associação que representa o alojamento local, segue no mesmo sentido. “É sobre quanto tempo dura e sobre o efeito mediático”, diz. O responsável reconhece que em unidades em contexto rural rurais poderão acontecer cancelamentos. Mas recorda que esta é uma fatia reduzida da oferta em Portugal.

Também no alojamento local, os pedidos de informação têm-se multiplicado, à custa da vaga de calor. “É mais até o receio do calor excessivo. Ligam mais a perguntar se o ar condicionado está a funcionar do que outra coisa. Sobretudo os americanos”, exemplifica Eduardo Miranda.

Uma das associações que representa o turismo em espaço rural, a TURIHAB – Associação do Turismo de Habitação, diz também “não ter conhecimento” que os incêndios tenham perturbado a dinâmica de reservas do setor. Com base na experiência de outros anos, o presidente Francisco de Calheiros e Menezes fala em “situações muito pontuais e raras” de cancelamentos justificados pelo perigo de incêndios. “Só quando, pontualmente, as pessoas querem ir para uma determinada área onde existem incêndios a decorrer”, resume.

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