Fogos que avançam quase um quilómetro por hora e ameaçam triplicar os danos. Mortos, feridos e estragos: o balanço dos incêndios

16 set, 20:43

Proteção Civil alerta que o pior pode ainda estar para vir. Por isso mesmo foi estendido o alerta até ao final de quinta-feira

Fogos que andam 600 a 700 metros por hora com condições meteorológicas que fazem com que qualquer ignição possa resultar num grande incêndio. Portugal enfrenta agora um problema com a chegada da noite, com as autoridades a temerem que novas ignições possam fazer descontrolar uma situação ´já de si difícil.

É desta forma que o comandante da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) descreve a atual situação em Portugal, com dezenas e dezenas de incêndios, sobretudo no Centro e no Norte do país, havendo milhares de operacionais destacados e centenas de veículos a apoiá-los.

Uma situação que era grave no fim de semana – houve um bombeiro que morreu no domingo – mas que se alastrou com proporções que não se previam para esta segunda-feira, provocando já a morte a dois civis no distrito de Aveiro.

"Complexo de incêndios tem uma área estimada atingida de cerca de 10 mil hectares, sendo que tem um potencial estimado de 30 mil hectares que podem arder", indicou André Fernandes, referindo que a prioridade é "salvaguardar a vida das pessoas e os seus bens". Por isso mesmo há vários meios urbanos a fazer a defesa das aldeias, enquanto outros tentam proteger as zonas florestais e de mato.

Também por isso a situação de alerta foi estendida até ao final de quinta-feira, dia 19 de setembro.

“Face à situação operacional e ao não desagravamento da situação meteorológica, o Governo vai prolongar a declaração de situação de alerta até às 23:59 do próximo dia 19, ou seja, quinta-feira”, disse André Fernandes, comandante nacional da ANEPC, no ponto de situação relativo aos incêndios ativos no território continental, feito pelas 20:00, na sede do organismo.

André Fernandes explicou que é ali que a situação está mais complicada, nomeadamente nos concelhos de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, o primeiro já na Área Metropolitana de Lisboa, o segundo aquele que viu serem registados mais danos, incluindo humanos.

Desviando o olhar das graves situações em Gondomar, Baião ou Nelas, o comandante da Proteção Civil confirmou que já arderam 10 mil hectares no distrito de Aveiro, naquilo que pode ser apenas o início de um cenário mais trágico, já que as autoridades admitem que esse número triplique para 30 mil.

Quanto a vítimas, André Fernandes confirmou que existem 21, entre as quais três mortos e dois feridos graves. Os mortos, esses, além do bombeiro da corporação de São Mamede de Infesta, são dois civis. Um deles não conseguiu fugir da empresa onde trabalhava e foi apanhado pelas chamas, tendo sido mais tarde encontrado carbonizado. O outro é um homem que teve um ataque cardíaco e entrou numa paragem cardiorrespiratória que não foi possível reverter.

Em diferentes concelhos, pelo menos 60 pessoas foram retiradas de casas e outros espaços, mas na generalidade têm colaborado nas evacuações e, entretanto, “têm voltado”. Um hotel e um centro social foram evacuados devido às chamas em Oliveira de Azeméis, estando já novamente em funcionamento.

Ao nível do corte de estradas, havia já ao início da noite “alguma normalização”, com a manutenção de cortes nas autoestradas A25, A1 e A13.

Os danos estão ainda a ser apurados, mas as chamas atingiram também, em diferentes municípios, mais de 20 habitações, uma casa de turismo rural, anexos, um armazém, uma exploração pecuária e equipamentos industriais, sendo a situação mais grave em Albergaria-a-Velha.

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