Troca de meios aéreos atrasa combate às chamas em Albergaria-a-Velha em 45 minutos

CNN Portugal , ARC
16 set, 15:30

O incêndio já obrigou a cortar estradas, deixou civis feridos e atingiu várias casas

Por volta das 16:00 desta segunda-feira o combate ao incêndio em Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, pode sofrer um atraso. No local estão seis meios aéreos - três helicópteros, um avião ligeiro e dois aviões pesados - cujos pilotos acabam o período de "temporização" de oito horas. O processo de substituição destes por novos demora cerca de 45 minutos.

"Quando o meio aéreo aterra, tem de esperar que o motor arrefeça para abastecer. E isso leva 45 minutos. Ou seja, o avião aterra, espera 45 minutos, arrefece, abastece e levanta. Retire-lhes uma hora à vontade", garante o comandante Jorge Mendes.

A Proteção Civil confirma que "quando se retirarem os meios aéreos que estão ao trabalho, outros vão entrar para o teatro de operações". O comandante Paulo Santos explica que os meios aéreos estão "a funcionar rotativamente" e que "vão sendo substituídos".

Os meios estão neste momento "quase todos empenhados" nos diversos incêndios que lavram no país, apesar de não ser possível "meter todos os meios do país" a funcionar. Ainda assim, o comandante Paulo Santos nega que venham a faltar no combate às chamas em Albergaria-a-Velha.

Já o comandante Jorge alerta para o "risco" de o local ficar mesmo sem meios aéreos. O tempo máximo de trabalho dos pilotos dos meios aéreos é, diz, de oito horas. Os pilotos que operam em Albergaria-a-Velha estão no local “desde as 09:00 da manhã”, pelo que vão ter de deixar o combate às chamas. “Corremos o risco de às 16:00 deixarmos de os ter”, avisa.

Apesr de a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANEPC), o país tem capacidade para colocar mais meios aéreos no local. Já o comandante Jorge Mendes tem avisos a fazer: “Eu chamo a atenção que os meios aéreos têm uma temporização que têm que parar para que abastecer. Vão agravar-se as condições porque há mais aéreos que já estão há muitas horas no ar e, portanto, os pilotos têm uma temporização de trabalho e depois param e não voam mais”.

Fumo do incêndio de Albergaria-a-Velha visto da Universidade de Aveiro (Rui Macário)

E não há, garante o também comentador da CNN Portugal, equipas para substituir as que estão no local, apesar de Portugal ter 74 meios aéreos. "Nós temos 74 meios aéreos nacionais - dois estão avariados, passamos a 72. Desses 72, eles têm de operar em oito horas. Geralmente o que fazem é partir esses meios aéreos. Se estivéssemos a falar de 70 eram 35/35. Esses 35 só têm uma equipa e ao fim das oito horas param. Portanto, muitas vezes o que se faz é interligar, o que tem estado a acontecer porque não havia tantas ignições. Havendo muitas ignições, eles têm de optar, para é que vão", explica.

"Quando parar, parou. Não há mais", reforça.

O incêndio começou no concelho vizinho de Sever do Vouga no domingo e alastrou-se a Albergaria-a-Velha e tem agora três grandes frentes. As autoestradas A1, A25 e A29 foram cortadas, várias casas atingidas e um número indeterminado de feridos civis ao combater as chamas pelos próprios meios. No local estavam, na manhã desta segunda-feira, 87 operacionais e 26 viaturas. A estes juntam-se, de acordo com o comandante Jorge Mendes, os seis meios aéreos. 

Chamas atingem supermercado em Albergaria-a-Velha (DR)

O comentador da CNN Portugal lembra que existem dois "fatores fundamentais" para que os meios aéreos se possam movimentar. São eles, aponta, a visibilidade "para não correrem riscos" e a temperatura do ar, que "não pode estar muito quente".

"Os meios aéreos têm de ter algo compacto por baixo para andar. Quando a temperatura é muito elevada e o ar dilata, os meios aéreos deixam de poder operar, porque podem cair. Para o helicóptero andar, o ar que está por baixo tem de ser um ar fresco. Se dilata, ele cai, perde a sustentação. E, portanto, há zonas onde a temperatura é muito alta, onde a visibilidade é diminuta e eles não podem operar nessa zona”, continua.

Com a temperatura do ar quente aliada à "falta de visibilidade", "há o problema de poder haver efetivamente alguma colisão”, alerta o comandante Jorge Mendes. É precisamente isto que está a acontecer em Albergaria-a-Velha, onde “há zonas que não há visibilidade”. "É por isso que não podem andar mais meios aéreos no local”, garante.

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