Três paraplégicos voltam a andar um dia após receberem implante inovador

7 fev 2022, 22:44

Neurocientistas aperfeiçoam tecnologia capaz de restaurar movimento de pessoas com lesões na medula espinhal

Três pessoas que ficaram paraplégicas após sofrerem acidentes de viação conseguiram levantar-se e dar os primeiros passos graças a uma intervenção cirúrgica. A cirurgia, que decorreu na Suíça, consistiu em colocar implantes eletrónicos diretamente na medula espinhal

Os três pacientes sofreram acidentes de mota e todos tinham perdido a capacidade total de locomoção devido ao corte completo da medula espinhal.  "Um dia depois da operação comecei a ver que as pernas estavam lentamente a mexer-se. Foi uma emoção", explicou Michel Rocatti, um dos pacientes, segundo avança o jornal El País.

O neurocientista Grégoire Courtine, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e a neurocirurgiã Jocelyne Bloch, do hospital universitário da mesma cidade, lideraram a equipa científica responsável por esta conquista. Durante a operação, que durou cerca de quatro horas, os médicos colocaram 16 eletrodos em diferentes pontos da medula.

Esses eletrodos emitem sinais elétricos sincronizados que circulam ao longo da medula espinhal, que liga o cérebro aos membros inferiores e, por sua vez, os eléctrodos são conectados a um computador com um sistema de inteligência artificial que reproduz impulsos para que as pessoas consigam caminhar, andar de bicicleta ou remar, três das atividades que os participantes deste estudo conseguiram realizar, de acordo com o artigo esta segunda-feira publicado na Nature Medicine. 

Este estudo apresenta ainda uma novidade: pela primeira vez, os eléctrodos foram fabricados especificamente para este caso, tendo em consideração as lesões dos pacientes. “Até agora, todos os implantes deste tipo reutilizavam eléctrodos originalmente feitos para tratar a dor”, explica Courtine, adiantando que este é, por isso, um estudo pioneiro e com resultados inovadores.

Os investigadores explicam que foi possível estimular não só os nervos responsáveis pelos movimentos dos membros inferiores (pernas), como os do abdómen e da região lombar dos pacientes.

Os participantes conseguiram ficar de pé poucas horas após a operação e deram logo os primeiros passos, inicialmente com a ajuda de um arnês. Ao fim de cerca de cinco meses, já conseguiam sair de casa para ir a um restaurante ou a um café.

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