Sp. Covilhã quer criar SAD e vender 80 por cento: «Não há milagres»

29 dez 2022, 09:59
Sp. Covilhã-Benfica

Presidente diz que o clube «não tem condições» para «contratar jogadores de qualidade para fazer face à II Liga»

A direção do Sporting da Covilhã vai propor a criação de uma Sociedade Anónima Desportiva (SAD) com a venda de 80% das ações a investidores, anunciaram os responsáveis do clube na assembleia geral que ocorreu na noite de quarta-feira.

Numa sessão de esclarecimento de três horas, foi explicada a transformação da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) e que a SAD terá um capital social de 250 mil euros. Além dos 10% de que o clube legalmente terá de ser detentor, serão vendidas aos sócios até 10% das ações.

O presidente, José Mendes, sublinhou ter rejeitado ao longo dos anos este modelo, mantendo o clube a totalidade do capital da SDUQ, mas frisou que o Sp. Covilhã é o único clube da II Liga sem SAD, que o investimento dos outros clubes é muito superior e disse ter deixado «de resistir» a dar esse passo, por ser esse «o caminho» para conseguir formar uma equipa competitiva.

«Os sócios reclamam uma equipa para subir à I Liga, reclamam uma boa equipa, mas não há milagres. O Sporting da Covilhã não tem condições, neste momento, para contratar jogadores de qualidade para fazer face à II Liga em que atualmente estamos», sublinhou.

Embora tenha garantido não ter «negócio com ninguém», o dirigente serrano adiantou já ter sido contactado por investidores cerca de «uma dúzia de vezes» e acrescentou que os leões da serra são «um clube apetecível para muita gente, até porque não tem dívidas».

Perante cerca de 60 sócios, no Auditório Municipal da Covilhã, José Mendes revelou ter recebido nos últimos dias a visita de potenciais interessados da Venezuela e da República Dominicana, mas acentuou não existir «pressa de nada» e que «a SAD não está à venda por qualquer preço».

O presidente do último classificado do segundo escalão diz ter chegado «à conclusão que assim não é possível» subir à Liga.

José Mendes acredita que o plantel precisa de cerca de seis reforços, mas vincou que o clube não vai gastar mais do que pode e que a qualidade desses jogadores está dependente de ter mais recursos financeiros.

«A minha preocupação é não deixar cair o clube na III Liga e ir a tempo de podermos contratar jogadores», reforçou o dirigente, que mencionou a intenção de «pedir dez milhões de euros» pelos 80% das ações a vender a terceiros.

Perante as muitas dúvidas levantadas pelos sócios, José Mendes garantiu que «tudo o que é do clube, fica no clube», que o património imobiliário não pode transitar para a SAD e que o encaixe financeiro vai permitir melhorar as condições, incluindo da formação.

«Temos de ter muito cuidado com quem vamos negociar e quem são os investidores que vão entrar, até porque já temos uma visão do que os outros fizeram. Podemo-nos apoiar no que foi bem e mal feito nas outras sociedades», argumentou.

Caso a proposta seja aprovada, os sócios podem subscrever, entre 2 e 9 de janeiro, até cinco mil ações, a cinco euros cada, tendo prioridade os associados mais antigos. Para ter direito a um voto, são necessárias 50 ações.

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