Abusos sexuais na Igreja podem manchar as JMJ em Lisboa? "Não temo, nem deixo de temer, nem é isso que me preocupa", diz D. José Ornelas

Agência Lusa , BCE
16 fev 2023, 21:07
Igreja, padres, religião. Foto: AP Photo/Luis Hidalgo

Questionado se vai ser criado algum serviço para garantir a proteção de crianças, o prelado explicou que o Santuário de Fátima “tem já os seus protocolos próprios, como em todas as instituições que tratam com crianças”

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, disse esta quinta-feira que não teme, nem deixa de temer que o relatório sobre abusos sexuais na Igreja Católica possa manchar a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

“Não temo, nem deixo de temer, nem é isso que me preocupa. Preocupa-me é que as coisas sejam tratadas como devem ser tratadas e que, realmente, nos empenhemos por erradicar este problema, não só na Igreja, mas neste país e no mundo, onde realmente é preciso e faz falta”, afirmou José Ornelas.

O também bispo da Diocese de Leiria-Fátima falava aos jornalistas em Fátima (Santarém) à margem do 44.º encontro de hoteleiros e responsáveis de casas religiosas que acolhem peregrinos.

Ainda sobre a JMJ, que se realiza em Lisboa entre 1 e 6 de agosto, o bispo frisou que a Igreja Católica “não faz coisas de ter mais este ou aquele efeito”.

“O efeito que nós queremos é resolver o problema dos abusos. Se depois isso traz mais alguém ou dissuade alguém, isso pode acontecer. Agora, o pior era não fazer nada”, declarou.

Questionado se vai ser criado algum serviço para garantir a proteção de crianças, o prelado explicou que o Santuário de Fátima “tem já os seus protocolos próprios, como em todas as instituições que tratam com crianças”.

“Mas, além disso, nós, como já foi anunciado, ao nível da Conferência Episcopal Portuguesa vamos reunir-nos para ver também à luz dos novos conhecimentos e deste estudo que foi feito e também das indicações, conselhos e propostas que fizeram, para ver em que é que nós podemos melhorar o nosso serviço, a nossa atenção, compreensão deste fenómeno, para evitá-lo o mais possível”, adiantou.

O presidente da CEP apontou “formação e prevenção, preparação de pessoas (…) que sejam capazes de ajudar as crianças a defenderem-se e também um alerta social”.

Para José Ornelas, a agitação originada pela divulgação do relatório “chamou a atenção de pessoas”.

“E se feriu e se a gente se sentiu tristes e revoltados com aquilo que vimos e ouvimos não é mau, porque disso espero que saiam atitudes que levem a superar os problemas”, defendeu.

O bispo assinalou ainda que todos crescem na vida quando se procura soluções e “procurar soluções significa também começar por fazer diagnósticos, por reconhecer aquilo que está mal, por mudar, por encontrar caminhos”.

Para o presidente da CEP, como este não é apenas um problema da Igreja, “também não pode ser só resolvido dentro da Igreja”

“Ganhamos todos se, todos aqueles que têm a ver com as crianças, pusemo-nos juntos para que este drama possa ser o mais possível ultrapassado”, acrescentou.

A CEP vai tomar posição sobre o relatório, de quase 500 páginas, numa Assembleia Plenária agendada para 03 de março, em Fátima.

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