Líder da Igreja Católica falou diretamente com vítimas deste crime
"Quase satânico". Foi desta forma que o Papa Francisco classificou o crime de violência doméstica contra as mulheres. As palavras do chefe da Igreja Católica foram proferidas no canal de televisão italiano TG5, durante o qual falou com três mulheres e um homem que tinham vivido uma situação de violência doméstica.
"O número de mulheres que são agredidas e abusadas nas suas casas, mesmo pelos seus maridos, é muito, muito elevado", afirmou, depois de questionado por Giovanna, uma das vítimas presentes no painel.
Para Francisco, o problema é "quase satânico", uma vez que consiste em "tirar vantagem de uma pessoa que não se consegue defender sozinha".
"É humilhante, muito humilhante", acrescentou.
Nos últimos anos a violência doméstica tem sido um dos temas de eleição do Papa, um problema que aumentou em Itália durante a pandemia, com a polícia a indicar que são registados 90 episódios de violência contra as mulheres todos os dias, sendo que 62% desses casos são relativos a violência doméstica.
Em fevereiro deste ano o Papa dedicou uma oração a todas as mulheres vítimas de violência doméstica, tendo dito na altura que esse tipo de atos demonstravam a "cobardia e degradação da humanidade". Um ano antes disso, em janeiro de 2020, comparou a violência doméstica com um ato de profanação a Deus, já depois de ter apelidado de "praga" a situação de violência doméstica na América Latina.
O Papa Francisco recusa que as vítimas percam a dignidade: "Eu vejo dignidade em ti, porque senão, não estarias aqui", disse diretamente a Giovanna.
Foi precisamente o exemplo da italiana que o Papa utilizou para deixar uma mensagem de esperança: "Estás a dar um exemplo de resistência. Estás a sair-te melhor do que antes".
