Houthis atacam porto petrolífero com ‘drones’ e obrigam navio a abandonar local

Agência Lusa , AM
22 nov 2022, 06:21
Paradas militares dos rebeldes Houthi no Iémen

Ataque com ‘drones’ obrigou à interrupção das operações no porto do leste do Iémen

Os rebeldes xiitas houthis do Iémen atacaram esta segunda-feira um porto de exportação de petróleo no leste do país com recurso a vários ‘drones’, interrompendo as operações naquela infraestrutura e forçando um petroleiro a abandonar o local.

O Governo internacionalmente reconhecido do Iémen, através do Ministério da Defesa, explicou em comunicado que as defesas antiaéreas do Exército conseguiram intercetar e destruir “vários ‘drones’ inimigos”, mas um deles “atingiu” o porto petrolífero de Al Dabba, na província de Hadramut, no leste.

O terminal ficou danificado e o ataque ocorreu quando um petroleiro estava atracado no porto, refere uma nota divulgada pela agência oficial de notícias iemenita Saba.

O ataque com ‘drones’ obrigou à interrupção das operações naquela infraestrutura.

Por seu lado, o porta-voz militar dos houthis, Yahya Sarea, destacou através da rede social Twitter que o ataque "obrigou um petroleiro a deixar" o porto, depois da tripulação do navio "se ter recusado a responder" aos avisos dos insurgentes.

Sarea justificou também que a ação foi realizada para “proteger a riqueza nacional soberana, para que as suas receitas estejam ao serviço dos iemenitas e para cobrir os salários de todos os funcionários em todas as regiões do Iémen”.

Este é o terceiro ataque dos houthis contra um porto petrolífero controlado pelo Governo desde que a trégua entre as partes expirou em 02 de outubro.

Os houthis têm perpetrado este tipo de ações para pressionar o Governo e a ONU e para que as suas exigências sejam contempladas em caso de ser firmado um outro acordo para a cessação das hostilidades, visto que a exportação de petróleo é a principal fonte de receita do Executivo desde o país entrou em guerra em 2014.

O Governo com sede em Aden exporta cerca de 60.000 barris de petróleo por dia, principalmente de campos na província de Shabua, no sul, cujo porto de exportação de Qena também foi atacado em 10 de novembro.

Dois dias após o fim da trégua, os insurgentes enviaram "avisos oficiais" a todas as empresas que operam em áreas controladas pelo Governo para interromper as exportações e ameaçaram tomar medidas contra as empresas e companhias de navegação.

Um cessar-fogo de dois meses, mediado pela Organização das Nações Unidas (ONU), entrou em vigor em 02 de abril deste ano, tendo depois sido renovado duas vezes e terminado em 02 de outubro.

De acordo com a ONG “Save the Children”, já morreram onze crianças neste país asiático do Médio Oriente, desde o fim da trégua.

O Iémen vive desde 2014 mergulhado num conflito entre rebeldes huthis, próximos do Irão, e forças do Governo, apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita e que inclui os Emirados Arabes Unidos. Os huthis controlam a capital Sanaa e grandes extensões de território no norte e oeste do país.

De acordo com a ONU, a guerra no Iémen já causou centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados, com dois terços da população a necessitar de ajuda humanitária.

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