Amnistia Internacional pede a rebeldes iemenitas que libertem jornalistas condenados à morte

Agência Lusa
20 mai 2022, 17:31
Conflitos em 2020

Os quatro jornalistas foram transferidos para o Campo de Segurança em Sena para serem libertados, mas tal nunca chegou a acontecer. A Amnistia Internacional denuncia "tratamentos cruéis" e violações de direitos humanos, exigindo que a sentença de morte seja anulada e que os jornalistas saiam em liberdade

A Amnistia Internacional (AI) pediu esta sexta-feira aos rebeldes Huthis do Iémen para libertarem os quatro jornalistas iemenitas detidos há sete anos e condenados à morte num “julgamento flagrantemente injusto”, afirmou a organização em comunicado.

Os jornalistas, Akram al Walidi, Abdelkhaleq Amran, Hareth Hamid e Tawfiq al Mansouri, todos detidos em 2015, foram submetidos durante os primeiros quatro anos de prisão a “uma série de violações dos direitos humanos, incluindo desaparecimento forçado, detenção e isolamento, espancamentos e recusa de acesso a cuidados médicos”, lê-se no comunicado.

“O Tribunal Penal Especializado do Sana condenou-os à morte, em abril de 2020, depois de um julgamento injusto – um veredicto de que os arguidos têm vindo a recorrer desde então”, acrescentou a organização.

De acordo com a AI, que cita os advogados e familiares dos detidos, em outubro de 2020 os quatro jornalistas foram transferidos para o Campo de Segurança em Sana, onde aguardaram ser libertados, como tinha sido acordado, numa troca de prisioneiros.

“Apesar da ordem do Procurador-Geral para os libertar, datada de 30 de outubro de 2020, eles acabaram por ficar detidos”, sem que lhes fosse permitido visitar familiares ou comunicar com advogados, sujeitos a “tratamentos cruéis, sem acesso a cuidados médicos adequados”, salientou a AI.

A organização alertou ainda que “Tawfiq al Mansouri se encontra num estado de saúde crítico, por sofrer de uma condição na próstata, e de doenças crónicas, incluindo problemas cardíacos e diabetes”.

A diretora adjunta da AI para o Médio Oriente e África do Norte, Lynn Maalouf, exigiu em comunicado que “as autoridades Huthis anulem essa sentença de morte e libertem imediatamente os jornalistas”.

“Este foi um julgamento fictício desde o início e teve um custo terrível para os homens e as suas famílias. Enquanto se aguarda a sua libertação, os jornalistas devem receber atenção médica urgente”, afirmou Maalouf.

A situação no Iémen agravou-se depois de uma coligação militar árabe liderada pela Arábia Saudita ter entrado no conflito, em 2015, para restaurar o Governo.

Várias organizações pelos direitos humanos, incluindo a AI, acusam todos os grupos bélicos do Iémen de cometer violações contra opositores políticos, ativistas ou apoiantes de diferentes religiões ou tribos.

“O Huthis também devem libertar de imediato todas as pessoas que estão detidas atualmente apenas por ajustes de contas políticas ou pelo desejo de controlo, incluindo jornalistas, defensores dos direitos humanos, opositores políticos, membros de minorias religiosas”, refere ainda a AI.

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