Chefes do serviço meteorológico da Hungria despedidas por previsão errada que cancelou "maior fogo-de-artifício" da Europa

23 ago 2022, 11:28
Celebração do Dia Nacional da Hungria (Foto: Tibor Illyes/MTI via AP)

Kornélia Radics e a sua adjunta, Gyula Horváth, foram demitidas depois de o Serviço Nacional de Meteorologia da Hungria ter emitido um alerta para uma tempestade que se adivinhava violenta sobre Budapeste

O Dia Nacional da Hungria celebra-se todos os anos a 20 de agosto, data em que as comemorações são habituais por todo o país. Na capital, antecipava-se a "maior demonstração de fogo-de-artifício" da Europa, prevista para a noite do passado sábado: cerca de 40 mil foguetes estavam prontos para serem lançados de 240 pontos ao longo de cinco quilómetros das margens do rio Danúbio, no centro de Budapeste. Mas, sete horas antes de o evento ter início, o Serviço Nacional de Meteorologia da Hungria emitiu um aviso de mau tempo que levou o governo de Viktor Orbán a cancelar o fogo de artifício.

O evento, que costuma ser visto por cerca de dois milhões de pessoas, foi então adiado para o sábado seguinte - dia 27 de agosto. Só que as previsões meteorológicas, que apontavam para que uma grande tempestade se abatesse sobre Budapeste, não se confirmaram: o tempo manteve-se ameno e sem chuva, porque a tempestade acabou por mudar de direção e atingir partes do leste da Hungria em vez da capital.

Segundo a BBC, o serviço meteorológico da Hungria ainda publicou um pedido de desculpa nas redes sociais, explicando que tinha acontecido o cenário "menos provável" e que a incerteza faz parte das previsões meteorológicas. Mas a chefe do serviço, Kornélia Radics, e a sua vice, Gyula Horváth, acabaram mesmo demitidas pelo ministro da Inovação da Hungria, Laszlo Palkovics, na segunda-feira.

As reações aos despedimentos, refere a estação britânica, não foram unânimes: se, por um lado, havia já uma petição assinada por quase 100 mil pessoas que pedia o cancelamento do espetáculo pirotécnico devido à guerra na Ucrânia e à austeridade imposta ao país, por outro, os apoiantes do governo ficaram enfurecidos pela falha nas previsões meteorológicas, aguardando agora pelo próximo sábado para que o espetáculo de fogo-de-artifício finalmente se realize.

"Elas deram informação enganadora sobre a extensão do mau tempo, que induziu em erro a equipa operacional responsável pela segurança", lia-se no jornal online Origo, que publica normalmente informação favorável ao governo de Órban.

Em 2006, uma tempestade violenta precisamente no dia da Hungria matou cinco pessoas e feriu outras centenas que assistiam ao fogo-de-artifício nas margens do Danúbio.

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