Médicos denunciam “mortes e mutilações” no Hospital Amadora-Sintra

13 jan 2023, 07:31

REVISTA DE IMPRENSA Médicos denunciam casos em que os pacientes são operados a tumores que, afinal, não existiam, e de um doente que morreu "exsanguinado" após 15 transfusões. Ordem dos Médicos e IGAS abriram investigações

Dois cirurgiões do Amadora-Sintra denunciaram à Ordem dos Médicos que 22 doentes operados no hospital no ano passado “morreram ou ficaram mutilados” por más práticas da equipa cirúrgica, noticia o Expresso esta sexta-feira.

Na comunicação enviada à Ordem, um dos denunciantes refere intervenções cirúrgicas que resultaram em "mortalidade e mutilações desnecessárias". A denúncia, alega, não incide sobre um “médico em particular, mas sim numa situação sistémica”.

Os casos foram comunicados à direção clínica do hospital em outubro e novembro. A denúncia à Ordem foi feita mais tarde, em dezembro, e por correio eletrónico.

Numa outra denúncia, um cirurgião afirma que há muitos outros casos, “embora de gravidade significativamente menor", em que os doentes são "avaliados por jovens médicos voluntariosos, mas inexperientes", que acabam por não ser corrigidos quando cometem erros. O denunciante afirma que a mortalidade não pode ser atribuída a uma "consequência óbvia do quadro clínico", mas sim das "opções de quem define".

Alguns casos foram descritos num documento enviado ao semanário como, por exemplo, o de um doente com cerca de 60 anos que foi operado ao baço e que acabou por morrer “exsanguinado, com perto de 15 transfusões”, imediatamente após a cirurgia. Outro paciente, da mesma idade, foi operado ao pâncreas devido a um tumor que, afinal, não existia, tendo acabado por ficar em “internamento prolongado, com complicações e nova cirurgia”, sendo apenas uma das várias situações semelhantes. O cirurgião relata, inclusive, que houve um “doente que fez radioterapia e não tinha tumor”.

A administração do Amadora-Sintra confirma ter recebido as denúncias a 6 de outubro, tendo-as comunicado à Ordem dos Médicos, que nomeou peritos independentes para as investigar.

Por seu turno, a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu “um processo de natureza disciplinar para apurar os factos e aguarda resultados das investigações realizadas”. Fonte próxima do processo disse ao Expresso que o inquérito preliminar não revelou, contudo, que tivesse havido violação da legis artis em 10 casos analisados.

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