Banqueiro de 61 anos volta à banca depois de ter deixado o Credit Suisse em 2022
É um dos nomes portugueses mais sonantes a nível internacional. António Horta-Osório está de regresso ao setor bancário, quatro anos depois, agora pela mão do francês Crédit Commercial.
O antigo CEO do Lloyds Banking Group vai ser, segundo o The Banker, vice-presidente do banco criado em 1917, depois de ter deixado a presidência do Credit Suisse em 2022, altura em que resignou ao cargo, após violar as regras de quarentena impostas durante a pandemia de covid-19.
Nessa altura, foi revelado que o banqueiro, agora com 61 anos, tinha infringido as restrições em mais do que uma ocasião, incluindo ao marcar presença na final do torneio de Wimbledon, em Londres, no verão de 2021.
"Lamento que algumas das minhas ações pessoais tenham causado dificuldades ao banco e comprometido a minha capacidade de o representar interna e externamente", afirmou o gestor português num comunicado emitido na altura da demissão. "Acredito que a minha renúncia é do interesse do banco e dos seus acionistas neste momento crucial", acrescentou.
Antes de ingressar num dos maiores bancos a nível mundial, o Credit Suisse, Horta-Osório liderou o Lloyds Banking Group durante uma década, entre os anos de 2011 e 2021, sendo amplamente reconhecido por ter conduzido o banco britânico de volta à rentabilidade, depois de um dos períodos mais difíceis da sua história.
No entanto, durante esse período, Horta-Osório enfrentou anos difíceis a nível pessoal, tendo sido obrigado a afastar-se por exaustão, segundo o próprio confessou numa entrevista em 2020 dada à BBC.
"Tinha plena consciência de que o banco estava numa posição muito frágil para enfrentar adversidades. Era algo que me preocupava constantemente, o que me levava a dormir cada vez menos. A falta de sono acabou por me conduzir à exaustão e, por fim, à insónia total, o que era uma forma de tortura. Tive de resolver isso, e consegui fazê-lo", recordou nessa altura.
Neste momento, António Horta-Osório é presidente do Conselho de Administração da BIAL farmacêutica, membro do Conselho de Administração da Teya e assessor sénior da Mediobanca, da Cerberus Capital Management, e da Precision Capital. O gestor é ainda membro não executivo dos conselhos de administração da Fundação Champalimaud, da José de Mello e da Impresa.
Criado há mais de 100 anos, o Crédit Commercial de France, onde agora assume funções de vice-presidente, é uma das principais marcas de retalho bancário em França e foi adquirido ao HSBC pelo My Money Group no início de 2024.
No entanto, o banco atravessa uma fase difícil, e, em outubro do ano passado, a agência Reuters noticiou que o banco francês planeava cortar mais de mil postos de trabalho, cerca de um terço da sua força laboral, no âmbito de um processo de reestruturação.