A equipa que joga para dar sorrisos às crianças do hospital

6 mar 2020, 10:20
Iowa Hawkeyes

A tradição nasceu quase há três anos e passou a ser a impressão digital da equipa de futebol americano da Universidade de Iowa. A história mais bela que vai ler (e ver) hoje

O primeiro período acaba e todos os olhos procuram o piso superior do Hospital Pediátrico da Universidade de Iowa - UI Stead Family Children's Hospital na sua forma original. 

Lá de cima, 81 crianças esperam o aceno de jogadores e público. Durante minutos, os olhos recuperam o brilho, a vibração, a luz do entusiasmo. Não há doença ou estado debilitante capaz de parar esta onda de boas energias. 

The Wave. Nasceu no final de 2017, após um simples pedido do speaker em serviço no Kinnick Stadium.

«Hey guys, e se olhássemos todos para cima e acenássemos àquelas crianças maravilhosas, que tanta alegria precisam nesta fase difícil das suas vidas?»

O que parecia um gesto isolado, uma mera ação de good vibrations para aqueles bons corações, acabou por tornar-se um momento simbólico e obrigatório em todos os jogos da equipa de futebol americano da Universidade de Iowa, os Hawkeyes. 

70 mil de um lado, milhões do outro. Sim, o 12º andar do hospital pediátrico não acolhe apenas as 81 crianças, as cadeiras de rodas, as máquinas de oxigénio, a medicação e os familiares. Acolhe o amor, a empatia, a cadeia emocionada de todos os que entram em contacto com esta história. 

VÍDEO: a história mais bela do desporto norte-americano em imagens  
 


Kirk Ferentz, treinador dos Hawkeyes desde 1999, nunca testemunhara um momento com esta intensidade emocional.

«O hospital parece uma extensão do nosso estádio. Vimo-lo a ser construído, mas nunca imaginámos que passaria a ser, de facto, uma parte de nós. Acredito sinceramente que a The Wave faz bem às crianças. Os heróis não somos nós, os desportistas. São os familiares e todo o staff do hospital», disse a uma reportagem do The Daily Iowan.

Ferentz tem uma adoração particular pela unidade hospitalar. Uma das suas netas nasceu com apenas 21 semanas de gestação e parecia condenada à morte. A unidade de Neonatologia fez mais um dos seus inúmeros milagres e a menina respira saúde. Tem seis anos. 

«Fizemos uma doação de um milhão de dólares e criámos o Programa Ferentz para ajudar famílias que pudessem estar a passar pelo mesmo. Eu já tinha uma ligação forte ao hospital e essa ligação foi reforçada a partir de 2017 com este momento que temos todos os jogos com as crianças.»

O sucesso foi tão grande que o hospital se viu obrigado a gerir os acessos ao maravilhoso 12º andar, um piso com vista privilegiada para o estádio e as bancadas. 

Todos os olham procuram o 12º piso do hospital

Sam Davidson tem quatro anos e era uma das crianças presentes no dia da visita do jornal de Iowa. A mãe, Courtney, garante que o filho já há muito não estava tão bem.

«Passou os últimos dias a falar do jogo e da The Wave.» Sam passou o quarto aniversário no hospital, dias depois de remover um tumor cerebral. Pouco a pouco, as forças aumentam e o corpo mexe-se com mais energia. 

«Não temos dúvidas. Este momento com a equipa e os espetadores faz tão bem como qualquer outro medicamento.»

Há um relógio na parede em contagem decrescente. Ao chegar a zero, todos sabem que o momento chegou. O primeiro período do jogo acaba, os espetadores nas bancadas levantam-se, os futebolistas tiram os capacetes, todos os olhos procuram o 12º piso do hospital. 

É impossível, absolutamente impossível, passar para palavras o momento que se segue. A intensidade, a felicidade, a comunhão. O lado mais belo, o lado mais puro do mundo do desporto. 

O melhor é ver o vídeo no início da peça. E verter as lágrimas que julgar necessárias. Se puder, faça um ligeiro movimento com a cabeça e olhe para cima. Está a ver? Sim, o 12º piso é já ali. 
 

Uma das crianças no topo superior do Hospital da Universidade de Iowa

 

    

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