Para Erin Tridle, foi como se o universo tivesse preparado o caminho para que ela conhecesse o amor da sua vida anos antes de se encontrarem pela primeira vez.
“Houve muitos acasos, destino, o que quer que lhe queiram chamar, que contribuíram para isto”, começa por contar à CNN.
O primeiro acaso surgiu em 2016. Erin, na altura com 24 anos, viajava de comboio, rezando contra as probabilidades de conseguir apanhar o seu voo de regresso aos EUA.
O comboio onde Erin tinha inicialmente programado viajar fora cancelado. Esteve muito tempo na estação de comboios, a analisar as partidas e chegadas e a pesquisar no Google opções de autocarros que a levassem para o aeroporto.
Eventualmente, acabou por apanhar um comboio que parecia estar a regressar a Paris. Mesmo assim, ela sabia, no fundo do coração, que apanhar aquele voo era uma causa perdida, um pensamento que a estava a preocupar. Não ajudava o facto de não conseguir perceber os anúncios dos comboios franceses.
Para tentar acalmar a ansiedade que sentia, Erin virou-se para o rapaz que estava sentado ao seu lado.
“Desculpe, não falo francês”, justificou-se. “Mas sabe se este comboio vai para Paris?”, questionou.
“Espero bem que sim”, respondeu o rapaz, entre risos. Para surpresa de Erin, ele falava inglês, com um sotaque norte-americano, e foi assim que os dois jovens de vinte e poucos anos começaram a falar.
O rapaz era simpático e a conversa fez passar o tempo, aliviando a ansiedade de Erin.
Mas se está a pensar que ele era o amor da vida de Erin, aguarde - ainda há mais reviravoltas na história, mais algumas pedras ainda por colocar no seu caminho para a felicidade.
Uma série de acontecimentos fortuitos
Quando o comboio chegou a Paris, Erin e o rapaz que estava ao seu lado seguiram por caminhos diferentes e ela pensou que nunca mais o voltaria a ver.
Depois, tal como previa, perdeu o voo de regresso a casa. Numa tentativa de não ficar desanimada, Erin aproveitou a oportunidade para prolongar a sua estadia em Paris, ficando na cidade por mais alguns dias.
“No dia seguinte, estava a ir para o Museu de Orsay e encontrei outra vez o rapaz do comboio”, recorda. “Pensei: ‘Ok, temos de sair juntos, certo?’”
Os dois norte-americanos passaram dois dias a passear pela cidade - como amigos. Foram ao karaoke, visitaram o Palácio de Versalhes e conversaram sobre as suas experiências como americanos em Paris.
“E, durante esse tempo, ele recomendou-me o hostel onde estava hospedado”, lembra Erin. “Ele disse: ‘Vou ficar num hostel muito bom. Chama-se Generator e tem um bar fantástico no rooftop. Eu adoro rooftops, por isso fixei o nome na cabeça.”
Erin acabou por regressar aos EUA e rapidamente perdeu o contacto com o seu amigo do comboio. Com o passar do tempo, ele quase desapareceu da sua mente.
Mas quando, cerca de dois anos e meio depois, Erin se viu a pensar numa nova viagem a Paris, lembrou-se do rapaz do comboio e da sua recomendação de hostel.
“Estou a planear esta grande viagem à Europa, estou a tentar perceber onde vou ficar, e penso em Paris e, de repente, aquele nome vem-me à cabeça”, recorda Erin. “Era um pouco mais caro do que os outros hostéis, mas pensei: ‘Sabem que mais? Vale a pena. Eu gosto de rooftops e já me foi recomendado.’”
Erin sempre quis voltar a Paris, mas as circunstâncias que a levaram novamente àquela cidade, aos 28 anos, eram longe das ideais.
“Não estava a passar pela melhor fase da minha vida. Decidi marcar uma viagem para me tornar mais feliz, para melhorar a minha perspetiva da vida”, diz.
Nessa altura, Erin estava a trabalhar como produtora de televisão em Los Angeles. Uma vez que o seu programa estava fora do ar durante os meses de verão, ela tinha uma férias de verão prolongadas “Por isso, foi a altura ideal para fazer uma grande viagem à Europa, começando por Paris.”
Um encontro no rooftop
Quando Erin chegou ao hostel Generator, em junho de 2019, foi logo deitar-se na cama - apesar de ser de manhã, estava com jet lag e completamente exausta do voo.
Acordou algumas horas depois, ligeiramente atordoada. Eram 15:00 da tarde. Levantou-se da cama, determinada a aproveitar ao máximo a sua estadia em Paris. Afinal, só iria passar dois dias na cidade.
Um sinal na entrada do hostel indicava que o bar no rooftop tinha acabado de abrir, então Erin subiu, na esperança de ter uma excelente vista da cidade antes de o bar ficar cheio.
Ainda era cedo e não se via vivalma no rooftop. Ainda assim, o espaço era convidativo - cheio de cadeiras, mesas e luzes brilhantes. E a vista era deslumbrante, tal como Erin esperava. Dali, conseguia avistar a Torre Eiffel e a basílica de Sacré Coeur iluminada pelo pôr-do-sol. Erin ficou ali, satisfeita, enquanto observava o panorama das chaminés de Paris e os famosos marcos históricos.
Além dela, só ali estava o empregado do bar. Os seus olhares cruzaram-se no momento em que ela tirava uma fotografia da vista panorâmica com o seu telemóvel. Ela sorriu para ele, ele retribuiu.
“Assim que o vi, achei que ele era giro”, recorda Erin.
Parecia que havia algo entre eles, como se estivessem ambos atraídos um pelo outro.
O empregado do bar perguntou a Erin se queria uma bebida, alterando entre o francês e o inglês, até que se apercebeu que ela era norte-americana.
Erin pediu um copo de Chardonnay fresco, o seu vinho branco preferido. E depois, em parte porque ela era a única cliente no rooftop, e em parte devido à atração que ambos sentiam um pelo outro, Erin e o empregado do bar começaram a conversar.
Ele apresentou-se como Jordan, um jovem francês de vinte e poucos anos que estava a viver em Paris há alguns meses, enquanto estava a estudar. Jordan quis saber das viagens de Erin, da sua vida na América. Ele parecia genuinamente interessado nas suas respostas, e continuava a sorrir para ela.
Não só é giro, como também é simpático, lembra-se de ter pensado na altura.
“Mas eu não estava a pensar muito nisso. Eu estava só do género: ‘Oh, empregado de bar giro e simpático. Boa’”, diz.
Ainda assim, havia um sentimento que pairava entre eles - uma mistura de possibilidade e química. Na altura, já parecia significativo.
Erin ainda não sabia, mas ali estava ele: o futuro amor da sua vida.
“Un coupe de foudre”
Se uma série de decisões pequenas, mas decisivas levou Erin ao bar daquele rooftop, naquele dia de 2019, o mesmo era verdade - talvez mais ainda - para Jordan.
Naquele ano, Jordan estava farto dos seus estudos na universidade. Começou a pensar ir embora de França, ver o mundo.
“Então fiz uma pausa nos estudos e simplesmente fui embora”, conta Jordan à CNN. “Levei uma mala gigante comigo, enfiei tudo lá dentro, e disse ‘Vamos a isto’.”
Jordan, que pediu que o seu nome não fosse incluído neste artigo por motivos de privacidade, foi primeiro para as Caraíbas. Depois, regressou a França, planeando fazer uma breve paragem em Paris para tratar dos documentos e do visto para a sua próxima viagem, a Austrália.
“Sou do sudoeste de França, não de Paris”, explica. “Então, na altura, não conhecia ninguém em Paris. Não conhecia Paris, não sabia nada sobre a cidade.”
Jordan precisava de um sítio barato para ficar durante uma semana, e sabia que um hostel seria o local certo para esse propósito. Pesquisou no Google “melhores hostéis em Paris” e apareceu o Generator. As críticas eram decentes, os preços eram aceitáveis e o bar no rooftop parecia apelativo. Reservou um quarto para uma semana - tempo suficiente para tratar dos documentos e prosseguir viagem.
“No primeiro dia, fui ao rooftop”, recorda Jordan. Tal como Erin, ficou impressionado com a vista. É certo que ele era de França, mas não conhecia Paris muito bem. Mesmo assim, ficou impressionado com a vista dos pontos de referência da cidade, diante de si.
Era de noite e o bar estava cheio.
“O empregado do bar andava a correr por todo o lado”, recorda Jordan. “Ele deu-me uma bebida e eu comecei a falar com ele.”
Jordan disse-lhe que ele estava a fazer um excelente trabalho a gerir o bar sozinho - ele já tinha trabalhado como barman e percebeu que o rapaz estava muito ocupado. Jordan expressou as suas condolências - ele já tinha passado por isso, não era fácil.
“Então, naquele momento, o empregado do bar virou-se para mim e disse: ‘Oh, também és barman? Precisamos de alguém para o verão”, conta Jordan. “Estávamos em abril. Ele disse: ‘Fica aqui e trabalha comigo.”
Jordan recorda-se de ter hesitado na resposta. Ele estava bastante determinado no seu plano para viajar para a Austrália, mas pensou que mais algum dinheiro no banco poderia ser útil. Então, o empregado do bar chamou a sua gerente, que, curiosamente, era australiana.
“Ela disse-me: ‘Fica aqui connosco o verão todo, damos-te um quarto e ganhas mais dinheiro para ires para a Austrália”, recorda Jordan.
Parecia um bom negócio. Jordan aceitou o convite e começou a trabalhar no Generator nessa semana.
Quando Jordan conheceu Erin, já estava a servir cocktails naquele rooftop parisiense há alguns meses.
Na verdade, nem era suposto Jordan estar a trabalhar naquele dia em agosto, mas um dos seus colegas estava doente, então ele ofereceu-se para fazer o turno dele.
Para Jordan, olhando para trás, as reviravoltas que o levaram ao hostel Generator naquele verão, que o levaram a conhecer Erin, pareciam “uma loucura e sorte” ao mesmo tempo.
Jordan lembra-se de ter ficado impressionado com Erin assim que ela entrou no rooftop.
“Em França dizemos ‘un coupe de foudre’ - amor à primeira vista. Costumamos dizer isto quando nos apaixonamos por uma pessoa de forma instantânea. Foi exatamente isso que aconteceu comigo naquele primeiro dia”, admite Jordan.
Jordan estava a gostar de falar com Erin e queria impressioná-la com um cocktail elaborado, mas ela estava contente com o Chardonnay.
Depois, o bar começou a encher-se e já não estava tão fácil para Jordan dedicar toda a sua atenção a Erin.
“Volta no sunset”, disse-lhe ele.
Durante os meses de verão em Paris, o pôr do sol não acontece antes das 22:00. Era por volta dessa hora que Jordan fechava o bar para a noite. Era a sua altura favorita do dia - ficava com o rooftop só para ele e podia apreciar a paisagem com tons dourados e âmbar.
“Volta nessa altura, é mesmo bonito”, insistiu Jordan. “Adorava voltar a ver-te, para falarmos como dever.”
Embora tivesse acabado de o conhecer, Erin sentia-se à vontade e confortável na presença de Jordan. A ideia de estar com ele no rooftop no pôr do sol era muito apelativa.
“Então voltei mais tarde. Vesti a melhor roupa que tinha na mala, que era um macacão vermelho cereja. Estava tão entusiasmada”, confessa.
Mas depois, várias horas mais tarde, o bar estava “cheio de pessoas, estava demasiado cheio”, recorda Erin.
Sentiu a ansiedade a subir-lhe ao estômago. Até que cruzou o olhar com Jordan, que acenava na sua direção.
“No meio da multidão, ele encontrou-me imediatamente”, conta Erin. “Ele parou o que estava a fazer e começou a caminhar na minha direção. Ele mostrou-me desde o início que eu era uma prioridade em tudo o que ele fazia.
Mas quando os seguranças começaram a pedir às pessoas para que saíssem do rooftop, na preparação para o fecho, a Erin deu por si no meio da multidão que descia as escadas. Ela não sabia como explicar aos outros funcionários que Jordan lhe tinha pedido para ficar.
Entretanto, Jordan não conseguiu acompanhar Erin até terminar a limpeza do bar. Consumido pelo pânico de que a pudesse ter perdido para sempre, arrumou tudo o mais depressa que conseguiu e desceu as escadas a correr, cerca de 45 minutos depois. Para seu alívio, Erin estava sentada na entrada do hostel.
“Estás pronta para sair?”, perguntou a Erin, com um sorriso nos lábios.
“Sim, vamos”, respondeu Erin, retribuindo o sorriso.
Os dois saíram do hostel Generator de mãos dadas, em direção aos canais da cidade.
“Era de noite, parecia quase mágico”, recorda Erin. “As luzes refletiam-se no rio.”
A dada altura consideram ir para um outro bar, mas, em vez disso, acabaram por se sentar lado a lado num banco sobre o rio Sena.
“Falámos até às 04:00 da manhã. E a dada altura, ele beijou-me”, conta Erin.
De volta ao hostel, Erin e Jordan disseram boa noite, apesar de já ser de madrugada. Voltaram a encontrar-se algumas horas depois - Jordan não estava a trabalhar nesse dia, graças ao turno inesperado que teve de fazer na noite anterior.
“E foi nesse dia que percebi realmente que isto não se tratava apenas de um flirt para ele, percebi como ele estava a levar isto a sério, e eu também”, disse Erin.
Uma surpresa parisiense
Quando voltaram a encontrar-se para um pequeno-almoço tardio, Jordan disse a Erin que tinha uma surpresa para ela, mas que só estava pronta mais tarde nesse dia.
Erin ficou intrigada, não fazia ideia do que poderia ser. Acabou por tentar não pensar nisso e aproveitar o tempo que estavam a passar juntos.
“Voltámos ao Sena, sentámo-nos num jardim perto do rio, e beijámo-nos. Foi muito bonito. Passámos um dia muito bonito em Paris”, recorda Erin. “Depois, ele recebeu uma mensagem. Olhou para mim e disse-me: ‘A tua surpresa está pronta.”
De regresso ao hotel, Jordan disse a Erin para fazer as malas.
Foi uma jogada arriscada - eles conheciam-se há menos de 24 horas.
“Eu podia ter dito que não”, diz Erin.
Mas não o fez. Ela confiava em Jordan.
“Então fiz as malas e ele entregou-me uma chave que vim a saber depois que era para uma suite no rooftop que tinha uma varanda com vista para Paris”, conta Erin.
A suite estava no topo do hostel. Erin nem queria acreditar quando entrou no quarto e viu a paisagem. A varanda com vista para a cidade teria sido o suficiente, mas ainda havia mais surpresas.
“Ele pediu aos amigos que trabalhavam no hostel para me trazerem uma dúzia de rosas e a minha garrafa de vinho favorita que vendem no hostel”, recorda-se Erin. “O Jordan disse-me: ‘Isto é só para ti. Não preciso de passar aqui a noite’. Era a minha última noite em Paris. Eu ia para Milão na manhã seguinte, então ele disse-me: ‘Só quero que tenhas uma boa última noite em Paris.”
Erin estava sem palavras. Nunca lhe tinham feito um gesto tão grandioso. Foi mesmo “um gesto muito bonito e romântico”, descreve.
“Depois, naquela noite, havia uma festa, um evento organizado no rooftop”, continua Erin. “Então ele levou-me lá para cima e apresentou-me a todos os colegas de trabalho dele.”
Mais cedo nesse dia, Erin tinha-se questionado se Jordan namorava regularmente com hóspedes daquele hostel - a ligação entre os dois parecia genuína, mas ela não podia deixar de se questionar sobre isso.
Mas os esforços que ele tinha feito nessa noite tranquilizaram-na. Ele parecia “sério em relação a isto - estava a apresentar-me a pessoas da sua vida”, diz Erin.
“E depois, claro, ele ficou definitivamente naquele quarto de hotel. Eu convidei-o”, admite. “Passámos uma noite muito agradável, estivemos no quarto e na varanda, e ficámos a conhecer-nos ainda melhor.”
Jordan reconhece que estava ciente de que a surpresa da suíte poderia ser excessiva, poderia ser rejeitada, poderia ser mal interpretada. Mas sentiu que era um risco que valia a pena correr - queria que Erin se divertisse imenso em Paris, com ou sem ele.
“Muitas pessoas dizem que este sentimento, o amor à primeira vista, não existe. Mas foi exatamente o que me aconteceu nesse primeiro dia”, garante Jordan. “Não tenho muitas explicações, só consigo dizer que ela era completamente perfeita aos meus olhos.”
Em pouco tempo, porém, a realidade da partida de Erin começou a fazer-se sentir - o seu voo para Milão estava marcado para o dia seguinte.
“Não tínhamos dormido, eram 03:00 da manhã e eu estava a fazer as malas para Milão”, recorda Erin. “Comecei a chorar, a chorar a sério.”
Erin estava a chorar com a ideia de deixar Jordan - um rapaz que mal conhecia. Ficou chocada consigo própria pela forma como se sentiu destroçada só com essa perspetiva.
“Foi então que ele se virou para mim e disse: 'Eu amo-te e quero que sejas minha namorada'”, recorda Erin.
Erin parou de chorar, em parte porque ficou chocada.
“Fiquei meio perdida durante cinco segundos porque não estava à espera daquilo”, admite. “Nunca ninguém tinha sido tão direto comigo, de uma forma tão carinhosa, em toda a minha vida, romanticamente.”
“E depois percebi: 'Oh, estou a chorar porque eu amo este homem e não o quero deixar. Também estou apaixonada”, reconheceu. “Então eu disse-lhe: “Eu também te amo. E sim, quero ser tua namorada'”.
Foi assim que Erin chegou a Paris, solteira, mas saiu, apenas 36 horas depois, com um namorado francês.
No avião para Milão, Erin refletiu sobre os últimos dias e tentou compreender o que tinha acontecido. Tudo aquilo era surreal, mas também parecia correto.
Fazer uma escolha
A partir daí, Erin passou alguns dias em Milão e depois foi para Nice, no sul de França, passar o fim de semana.
Jordan arranjou uma folga no trabalho e foi ter com ela junto ao mar.
“Conversávamos todos os dias”, recorda Jordan. “Depois passámos o fim de semana juntos.”
Depois de Nice, Erin planeava ir para San Sebastián, Espanha - inspirada por um episódio do programa de Anthony Bourdain, “Parts Unknown”.
“Estava a fazer aquilo a que chamo uma peregrinação de Anthony Bourdain”, explica Erin. “Ir a um local que ele visitou num dos seus programas e de que gostei muito.”
Mas no final, Erin abandonou os planos de San Sebastián para passar o resto das suas férias em Paris com Jordan.
“Decidi que ver realmente no que podia dar era a coisa mais importante que podia fazer”, afirma. “Por isso, voltei a Paris, arranjei um Airbnb e passámos o máximo de tempo possível juntos.”
Enquanto Jordan estava a trabalhar no bar, Erin fazia-lhe companhia no rooftop. Nos seus dias de folga, exploravam a cidade juntos. Quanto mais tempo passavam juntos, mais próximos ficavam um do outro.
Antes de Erin regressar aos Estados Unidos, prometeram ir a San Sebastián um dia, juntos. Jordan prometeu também que iria visitar Erin a Los Angeles assim que pudesse.
“Ele nunca tinha ido aos Estados Unidos. Mas tratou imediatamente do visto e no mês seguinte já lá estava.”
Os amigos e a família de Erin ficaram um pouco surpreendidos quando ela lhes contou que se tinha apaixonado em Paris. Ficaram contentes por ela, mas também apreensivos. Mas quando Jordan foi visitá-la, viram como ele a fazia feliz.
“Disse-lhes o quão maravilhoso ele era para mim, e depois eles puderam ver isso pessoalmente e ficaram muito, muito felizes quando o conheceram”, diz Erin.
Nessa altura, o outono já tinha chegado e o trabalho de verão de Jordan no bar do rooftop estava prestes a terminar. Decidiu pôr de lado o plano da Austrália e passar três meses em Los Angeles, com Erin.
“Ele veio viver comigo durante três meses. Foram os melhores três meses de sempre. Foi muito divertido”, recorda Erin.
Durante esse período, a relação deles começou a parecer cada vez menos um romance de férias e cada vez mais algo que poderia ser real, que poderia ser duradouro. Erin e Jordan estavam a olhar para o futuro.
Uma separação inesperada
Os três meses de Jordan nos EUA chegaram ao fim no início de 2020 e Erin marcou uma viagem para França em fevereiro, que coincidia com o Dia dos Namorados.
Nessa altura, a covid-19 estava estampada nos jornais dos EUA e de França, mas Erin e Jordan não podiam prever o que estava para vir.
“Voltei de avião, mas depois as fronteiras fecharam”, recorda Erin.
Erin nunca esquecerá o choque que teve ao ler a manchete do jornal, apercebendo-se do que aquela realidade significava para ela e para Jordan.
“Foi o início de nove meses em que não nos vimos”, conta.
A separação forçada pela covid foi difícil para ambos. Como não eram casados, não tinham motivos para se voltarem a encontrar. Não se sabia quanto tempo iria durar este limbo. Além disso, a pandemia era um período preocupante e assustador.
“Uma ou duas vezes por mês, eu desfazia-me em lágrimas”, confessa Erin. “Era-me muito difícil lidar com isso, e ele sentia o mesmo. Por isso, chegámos ambos à conclusão de que não queríamos voltar a separar-nos.”
Assim, Erin e Jordan ficaram noivos por telefone, prometendo passar o resto das suas vidas juntos e voltar a juntar-se assim que pudessem.
No final de 2020, as regras nos EUA e França em matéria de covid permitiram finalmente o reencontro do casal, pelo que Erin viajou para França para se encontrar com Jordan.
Erin ainda hoje guarda um vídeo desfocado e emotivo do momento em que se reencontraram após nove meses separados.
“Queria poder voltar a vê-lo e recordá-lo. Os nossos rostos nem sequer aparecem no vídeo, porque eu estava a correr freneticamente em direção a ele, sem prestar atenção à forma como segurava o telemóvel. Foi a melhor sensação do mundo”, recorda Erin.
Em 2021, porém, os dois voltaram a ficar separados durante um longo período, quando as fronteiras em França voltaram a fechar, na sequência da variante Ómicron do vírus da covid-19.
No verão, a pandemia já não era tão preocupante e Erin e Jordan puderam passar três meses juntos em França.
Foi um verão importante em mais do que um sentido. Quando começaram a falar sobre o seu futuro juntos, o casal tinha sempre assumido que Jordan se mudaria para os EUA, uma vez que Erin tinha uma carreira estabelecida em Los Angeles no mundo da televisão.
Mas as coisas começaram a mudar.
“Eu estava em Los Angeles há muito tempo e fazia sentido, na prática, com o meu trabalho”, começa por explicar Erin. “Mas quando vim para Paris, sempre que estava aqui, sentia-me muito feliz. E, obviamente, a maior parte dessa felicidade era por estar ele. Mas havia uma parte de mim que se ligava muito à cidade e começava a pensar: 'Se calhar, podíamos ficar aqui'.”
Erin começou a estudar a logística da mudança para o estrangeiro e o casal começou a planear o seu casamento.
Um “dia perfeito”
Erin e Jordan casaram-se em julho de 2023, no edifício da Câmara Municipal do 8.º Arrondissement, um bairro do centro da cidade de Paris que inclui os Campos Elísios.
Foi uma cerimónia pequena mas especial, “um dia perfeito”, como descreve Jordan. Alguns dos amigos mais próximos de Erin viajaram dos Estados Unidos para marcar presença no evento. A família de Erin também esteve presente, tal como a de Jordan.
O facto de estarem todos juntos foi importante e especial, mas um dos momentos preferidos de Erin foi partilhado apenas com Jordan.
“Tivemos um pequeno momento antes da receção para estarmos sozinhos. Fizemos uma pequena pausa e bebemos um pouco de champanhe”, recorda. “E lembro-me de pensar: 'Conseguimos, fizemos isto’. E foi simplesmente o melhor dia.”
Em outubro de 2023, Erin mudou-se oficialmente para França. Estava entusiasmada e apreensiva - tinha deixado o seu emprego na televisão, tinha deixado os amigos e a família em Los Angeles e ainda não falava francês fluentemente.
Mas sentia-se preparada para este novo capítulo.
“Aos poucos, fui-me habituando à ideia de que esta poderia ser a minha casa”, afirma Erin, referindo-se a Paris.
E a mudança foi facilitada graças ao acolhimento que recebeu dos amigos e da família de Jordan.
“Não tenho uma família muito grande, mas toda a gente a adora”, diz Jordan, que diz que a sua mãe trata Erin como a filha que nunca teve. “Ela tem muito orgulho nela e nas suas conquistas.”
Para Erin, por muito que tenha adorado Paris - “olhar para a Torre Eiffel e pensar, ‘Vou acordar e ver isto todos os dias’” - a verdadeira recompensa foi finalmente viver com Jordan a tempo inteiro.
“Não se tratava tanto de: 'Oh, vivo em Paris', mas sim de: 'Nunca mais tenho de acordar numa cama sozinha. Vou acordar ao lado da minha pessoa preferida do mundo inteiro”, recorda Erin.
Jordan diz que está grato pela “estabilidade” das suas vidas agora. Depois de anos a namorar à distância, sentem que estão a construir “algo seguro e forte”.
Encorajado e motivado por Erin, Jordan regressou à faculdade e licenciou-se em efeitos visuais. Atualmente, trabalha como empregado de bar num hotel de prestígio enquanto pensa nos seus próximos passos.
Erin, por sua vez, passou a dedicar-se à criação de conteúdos. Ela relata a sua vida como norte-americana a viver em Paris no TikTok e no Instagram - @erintridle.
Erin e Jordan atribuem um ao outro o mérito de se encorajar mutuamente à medida que vão encontrando o seu caminho na vida.
“Completamo-nos um ao outro”, diz Jordan. “Considero-a a minha melhor amiga, além de minha mulher”.
Erin entende que a sua personalidade mais “emocional” e espontânea é complementada pela vibração “fria, calma e controlada” de Jordan.
“Ele ajuda-me a encontrar uma saída lógica para o que quer que seja que eu esteja a enfrentar”, diz. “Ele guia-me passo a passo. É muito simpático da parte dele. E faz-me rir mais do que qualquer outra pessoa.”
“Ela tem algumas coisas de que eu preciso mesmo e que ela me dá, e o inverso também acontece”, diz Jordan, por sua vez. “Isso torna as coisas ainda mais fortes entre nós.”
A “base do amor”
Cinco anos depois de se terem conhecido no rooftop em Paris, Jordan diz que ainda está surpreendido com o facto de o encontro entre ambos ter sido “estatisticamente impossível” - como tantos acontecimentos e escolhas fortuitas os levaram a estar ali, naquele dia em 2019.
“Aconteceu algo que é quase impossível”, assume Jordan.
Quanto a Erin, considera que se alguém lhe tivesse dito quando era mais nova: “Vais casar com um francês, vais acabar em Paris, vais-te apaixonar em 36 horas”, não teria acreditado.
“Teria dito: 'Estás louca'”, diz, a sorrir.
Mas conhecer Jordan mudou o mundo de Erin, e a sua perspetiva, da melhor maneira.
“Se eu tivesse voltado atrás no tempo e me tivessem dito, mesmo 48 horas depois de o ter conhecido, 'Vais casar com este tipo e vais acabar em Paris', eu teria pensado 'Sim, isso faz sentido, honestamente”, continua Erin.
Hoje, recordar a forma como ambos se conheceram - como tudo começou naquele encontro no comboio, anos antes - faz com que Erin fique “tontinha de felicidade” e Jordan “orgulhoso”.
O casal está atualmente a planear a sua lua de mel em San Sebastián - o destino que Erin não chegou a ir em 2019. E esperam um dia ir à Austrália, uma vez que Jordan também nunca chegou a fazer a sua viagem para lá.
O que quer que seja que o futuro lhes reserve, os dois estão confiantes de que o vão desfrutar em conjunto.
“Há uma base de amor que não consigo descrever, para ser sincera”, diz Erin. “Não há muitos bons substantivos e adjetivos que possa usar. É apenas algo que é forte e que está sempre presente”.