Medicamento para a hiperatividade foi o mais prescrito na faixa etária dos 10 aos 14 anos no ano passado

13 out 2022, 07:35
Comprimidos

REVISTA DE IMPRENSA. Metilfenidato foi a substância ativa mais prescrita a crianças entre os 10 e os 14 anos em 2021, ainda que a dispensa total do medicamento tenha caído 30% desde 2014

O metilfenidato, que é comercializado como Ritalina, Concerta ou Rubifen, foi o medicamento mais prescrito, no ano passado, a crianças na faixa etária dos 10 aos 14 anos. A informação, da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed), é avançada esta quinta-feira pelo Jornal de Notícias (JN): foram prescritas, na totalidade, 169 mil embalagens a crianças nesta faixa etária, metade do total prescrito em 2021 em pediatria (que vai até aos 19 anos).

O metilfenidato é indicato para tratamento da perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA).

Segundo os dados do Infarmed, citados pelo Jornal de Notícias, entre os 10 e os 14 anos, e a seguir ao metilfenidato, o montelucaste é a substância ativa mais prescrita - para o tratamento da asma - e o ibuprofeno vem em terceiro lugar.

Em nenhuma outra faixa etária, entre os zero e os 19 anos, o metilfenidato é o fármaco mais prescrito. Ao JN, Maria do Carmo Santos, diretora da Unidade de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital de S. João, no Porto, explica que é "o período em que as crianças apresentam mais hipercinesia, que pode tornar-se prejudicial na atividade escolar". 

Já a presidente da Sociedade de Pediatria do Neurodesenvolvimento admite que estes dados são "uma surpresa": Guiomar Oliveira defende que "não é aceitável que se prescreva um psicofármaco com tanta frequência" e admite que poderá haver "pressão dos pais e das escolas".

O pico de prescrições do metilfenidato registou-se em 2014 e, desde então, a dispensa total caiu 30%. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos diz que esta quebra na prescrição confirma que existia, efetivamente, um excesso, admitindo que as escolas, que julgavam que o fármaco era um tratamento adequado, terão percebido que "havia muitos inconvenientes e não tantas vantagens em muitos dos casos", nomeadamente porque as crianças "perdiam a criatividade e ficavam amorfos". 

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