Escolha do AW139 gera dúvidas para este tipo de operação de emergência médica
O piloto do helicóptero do INEM que caiu esta segunda-feira numa pedreira em Mondim de Basto não teria as 500 horas de operação obrigatórias por lei para poder assumir as funções de comandante neste tipo de voo.
Contactada pela TVI e CNN Portugal, a Avincis, empresa responsável pelo helicóptero, rejeitou todas as acusações, garantindo que o piloto é experiente e tem todas as qualificações.
“Trata-se de um piloto qualificado com muitos anos de experiência e preenche todos os requisitos para ser comandante a este nível”, respondeu a empresa.
Esta não é a única dúvida criada pela queda deste helicóptero. O aparelho ficou envolto por uma enorme mancha de poeira e, a partir daí, o piloto perdeu a visibilidade.
Este acidente não causou vítimas. A tripulação de quatro pessoas - piloto, co-piloto, médico e enfermeira - saiu ilesa, ao contrário do que aconteceu na passada sexta-feira no Douro, quando a queda de uma aeronave de combate a incêndios provocou a morte a cinco pessoas.
Ouvido pela TVI/CNN Portugal, o ex-presidente do Sindicato dos Pilotos de Aviação Civil considerou que o AW139 não seria a escolha mais adequada para este tipo de operação, por ser demasiado grande e levantar muito pó, retirando a visibilidade ao piloto.
“São maiores, aumentam a poeira. Os pilotos perdem completamente a visão e a visibilidade. Há uma desorganização espacial, poderá ter sido esse o caso. Vamos aguardar pelo inquérito. Se for esse o caso, está provado mais uma vez que este helicóptero não é adequado, até pelo seu tamanho”, afirmou Tiago Faria Lopes.
Visão diferente tem Carlos Raposo, coordenador do Serviço de Helicópteros de Emergência Médica: “É um helicóptero médio, pela sua tipologia fornece as condições de capacidade, de segurança e de potência adequada para trabalhar em contexto de emergência médica. É uma aeronave que está espalhada por toda a Europa e por outros países do mundo para este serviço”.
Portugal tem agora menos um meio de socorro disponível. A Avincis tem 24 horas para o substituir. “O Governo é cliente, tem obrigação de exigir ao fornecedor que está no contrato, que tem de substituir uma aeronave”, argumenta Tiago Faria Lopes.
A Avincis esclareceu ainda que está disponível para trabalhar com o INEM para retomar o serviço o mais rapidamente possível.