Montenegro rejeita críticas e diz que a sua ida de lancha ao Douro "não foi motivo de nenhuma perturbação" nas buscas

30 ago, 20:27

O primeiro-ministro deslocou-se de lancha ao local da queda do helicóptero de combate a incêndios no Douro, numa altura em que decorriam buscas pelos militares da GNR desaparecidos

O primeiro-ministro Luís Montenegro embarcou esta sexta-feira numa lancha rumo ao local das buscas no Douro pelos militares da GNR desaparecidos na sequência da queda de um helicóptero de combate a incêndios na zona de Lamego. Os especialistas ouvidos na CNN Portugal, desde bombeiros a comentadores de política, não têm dúvidas de que esta presença no teatro de operações deveria ter sido evitada pelo chefe do Governo. No entanto, aos jornalistas, já depois de ter regressado a solo firme, Luís Montenegro considerou a sua decisão apropriada ao momento.

"Creio que a presença do primeiro-ministro não foi motivo de nenhuma perturbação nas operações de busca que, de resto, ocorreram com o cumprimento já quase integral da missão que era exigida", avalia Luís Montenegro, defendendo-se das críticas à sua presença no teatro de operações em pleno Douro. 

"Eu cumpro a minha obrigação de representar o Governo da República Portuguesa, representar os portugueses, poder acompanhar aquilo que foi e é um episódio triste, muito triste e poder enaltecer o trabalho de todas as instituições e dos seus responsáveis que estão aqui a dar tudo o que têm", argumenta ainda o primeiro-ministro, acrescentando que teve oportunidade "de poder verificar no local toda a magnitude desta operação", mas que, "sobretudo", foi-lhe "permitido estar pessoalmente com os mergulhadores, que estão também eles a desempenhar uma missão muito perigosa". 

Questionado sobre a possibilidade de estar a desviar as atenções dos trabalhos das autoridades, Luís Montenegro considera que fazer do seu envolvimento uma "crítica ou caso" é "um desrespeito pelas instituições". "Já não digo por mim, porque sou muito pouco importante", conclui.

Para a comentadora da CNN Portugal, Mafalda Anjos, o mais adequado seria o primeiro-ministro ter ficado a "assistir à distância" aos trabalhos no terreno. "Ficou claríssimo que esta presença de altas entidades do Estado, por mais bem intencionada, prejudica mais do que ajuda", afirma, citando o relatório da Comissão Técnica Independente ao incêndio de Pedrógão Grande sobre a presença no terreno do Presidente da República.

"Não entendo o que passou pela cabeça do primeiro-ministro", reage também o comentador Miguel Pinheiro. "Os políticos não se devem meter nestas coisas", defende, lembrando o mesmo relatório: "O Presidente da República comprometeu-se a não voltar a fazer o que aconteceu em Pedrógão Grande, Luís Montenegro foi por outro caminho."

O helicóptero do dispositivo de combate a incêndios do Centro de Meios Aéreos de Armamar, Viseu, despenhou-se esta sexta-feira no rio Douro, depois de uma falha técnica ter obrigado a uma amaragem. A bordo iam seis pessoas, incluindo o piloto e cinco militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro (UEPS) da GNR.

As autoridades confirmaram que foram encontrados quatro corpos, sendo que o piloto foi resgatado com vida e encaminhado para o hospital de Vila Real. Há ainda uma pessoa desaparecida. 

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