O local natural mais controverso do Havai, Estados Unidos, voltou a ser o centro das preocupações, com 14 pessoas recentemente detidas por acederem às Escadas Haiku, na ilha de Oahu, segundo as autoridades.
São bonitas, mas inesperadas: 4.000 degraus de metal, construídos pela Marinha dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e abandonados pouco tempo depois. Situadas numa zona remota de Kaneohe, a única forma de aceder às escadas é através de uma caminhada perigosa e não autorizada.
“É incrivelmente desrespeitoso e egocêntrico alguém estar nas Escadas Haiku, ou no Middle Ridge Trail, quando já foi deixado bem claro que estas áreas estão fora dos limites por razões de segurança e de proteção dos recursos naturais”, disse Jason Redulla, chefe da Divisão de Conservação e Aplicação de Recursos do Havai (DOCARE), numa declaração, que trazia o aviso sinistro de que “alguém se vai magoar ou morrer”.
De acordo com a DOCARE, todas as pessoas detidas na semana passada foram acusadas de invasão criminosa, um delito que pode resultar em até 30 dias de prisão. Oito dos 14 foram detidos a 3 de setembro, embora não seja claro se estavam a fazer caminhadas juntos.
“É perigoso para as pessoas entrarem na zona de construção e perigoso tentarem descer o cume. Têm de pensar nas consequências se alguém se magoar, ou pior, precisar de ajuda. É um local de difícil acesso para os socorristas, o que pode atrasar o tratamento médico”, indicou Redulla.
As Escadas Haiku, às vezes chamadas de “escadaria para o céu”, foram fechadas ao público em 1987. Mas as redes sociais trouxeram um certo grau de fama a este destino improvável, com intrépidos YouTubers e Instagrammers a delirarem com as vistas deslumbrantes do topo do trilho de montanha de mais de 850 metros, com as escadas por vezes a parecerem desaparecer na névoa acima.
Segundo a DOCARE, os caminhantes utilizaram cordas de escalada para chegar à escadaria.
A fama das escadas trouxe dores de cabeça à comunidade local, incluindo invasores, custos acrescidos de segurança e resgates arriscados de caminhantes que ficaram feridos na zona remota.
Em 2021, a Câmara Municipal de Honolulu votou a favor da remoção das Escadas Haiku. O trabalho tem sido feito por partes, com uma secção das escadas de cada vez separada da encosta da montanha e depois removida por helicóptero.
Um grupo local chamado Friends of the Haiku Stairs está a insurgir-se contra a remoção das escadas, argumentando que o processo de 2,5 milhões de dólares é demasiado dispendioso.
Parte do trabalho de desconstrução já estava concluído quando o Tribunal de Recursos do Havai emitiu uma providência cautelar temporária no início deste ano