Muitos empréstimos para a compra de casa com taxa fixa, contraídos na época das taxas de juro negativas, estão agora a chegar ao fim, alerta o Banco Central Europeu
Se é dono de uma casa na zona euro deverá sentir o impacto do aumento das hipotecas até ao final desta década, mesmo com a diminuição das taxas de juro.
O alerta vem do Banco Central Europeu e dirige-se àqueles que contraíram um crédito à habitação quando as taxas de juro eram baixas e negativas, e que por isso terão de se refinanciar nos próximos anos.
O banco central, numa publicação que pode ver aqui, alerta que o aperto no orçamento das famílias vai resultar numa “diminuição do consumo”. Até quando? “Pelo menos até 2030”.
Depois de a inflação ter disparado no final de 2021, o BCE foi rápido a colocar um ponto final nas taxas de juro negativos, dos -0,5% para os 4% em apenas 15 meses.
Apesar de, desde junho de 2024, haver uma inversão na política monetária, com a redução dos custos associados a estes empréstimos, a análise do BCE avisa que o custo médio das hipotecas vai continuar a subir durante alguns anos.
E porque é que a maioria dos proprietários não vai sentir os benefícios das taxas mais baixas? Porque três em cada quatro proprietários de imóveis fixam os custos do empréstimo no momento da compra, com efeitos durante vários anos.
Veja-se o exemplo de França: mais de 40% das taxas das hipotecas são fixas durante mais de uma década, com a restante percentagem a ser tendencialmente fixada entre três e 10 anos. É um cenário comum também na Alemanha.
Já em Espanha, Itália – e também em Portugal – assiste-se a um peso maior da taxa variável.
“Muitas [hipotecas a taxa fixa] que foram emitidas no período em que as taxas de juro eram baixas ainda estão para ser ajustadas a taxas mais altas nos próximos anos”, lembra o BCE na análise.
A isto é preciso juntar o facto de que os proprietários “que reembolsam gradualmente a taxas mais baixas estão a ser substituídos por novos mutuários que contraem novos empréstimos a taxas mais altas”.
Nos últimos 12 meses, quase metade dos proprietários na zona euro reduziu os seus gastos ou poupanças “como resposta, ou antecipando, pagamentos de juros mais elevados”.