MAI fala em incidentes "com elevado grau de premeditação" e confirma claque portuguesa nos confrontos em Guimarães

CNN Portugal , HCL
10 ago 2022, 18:39

Há indícios de que os "adeptos organizaram a sua chegada ao país de forma a não serem detetados pelas autoridades", diz o Ministério da Administração Interna, referindo que os incidentes no Centro Histórico da cidade foram organizados por "pelo menos um grupo organizado de adeptos nacional"

O Ministério da Administração Interna disse esta quarta-feira que vai remeter a identificação dos adeptos que causaram distúrbios na cidade de Guimarães para o Ministério Público "por indícios da prática de crime de participação em motim", afirma em comunicado, salientando que os incidentes " foram organizados com elevado grau de premeditação, com participação de membros de pelo menos um grupo organizado de adeptos nacional".

O ministério de José Luís Carneiro adianta também que os incidentes decorreram da presença de um "pequeno grupo de adeptos" que organizou a sua deslocação "com conhecimento das autoridades". Este grupo "entrou em Portugal por via aérea, tendo os demais contado com o apoio de membros de claques associadas a clubes portugueses para a organização das suas deslocações e estadia".

A nota do Ministério afirma que diligências preliminares efetuadas pela Polícia de Segurança Pública (PSP) indicam que, "apesar de os adeptos da equipa do Hajduk Split terem sido acompanhados por elementos da polícia croata", há indícios de que os "adeptos organizaram a sua chegada ao país de forma a não serem detetados pelas autoridades e que os incidentes ocorridos ontem à noite em Guimarães foram organizados com elevado grau de premeditação, com participação de membros de pelo menos um grupo organizado de adeptos nacional".

Segundo a tutela, foi verificado que, nos dias que antecederam ao jogo entre o Hajduk Split contra o Vitória SC em Guimarães, a valer para a Liga Conferência, "um elevado número de adeptos se instalou em diferentes localidades da Região Norte, tendo utilizado diversos meios de transporte para esse efeito".

Paralelamente, a PSP montou um dispositivo operacional que o Ministério considera "adequado" e que foi reforçado quando se registaram os incidentes no Centro Histórico de Guimarães - que resultaram na identificação pela PSP de 154 adeptos, dos quais 122 de nacionalidade croata, 23 portugueses e os restantes de outras quatro nacionalidades.

Segundo a nota do MAI, a PSP reforçou novamente a presença policial em Guimarães, que se vai manter até que os adeptos croatas regressem ao seu país, "contando também com a colaboração da Guarda Nacional Republicana noutras localidade do país". "A PSP irá ainda adotar medidas de vigilância sobre os membros dos grupos organizados de adeptos portugueses que possam protagonizar situações de alteração da ordem pública", acrescenta o comunicado.

Na noite de terça-feira, um grupo de adeptos lançou o pânico na cidade de Guimarães. Vídeos amplamente partilhados nas redes sociais e nos meios de comunicação mostram um grupo de centenas de pessoas a percorrer o centro histórico enquanto lançam artefactos pirotécnicos. Sabe-se que no local também estavam adeptos portugueses, sendo que a PSP confirmou que está a investigar uma possível relação entre a claque Torcida Split (dos croatas) e os No Name Boys, uma das claques do Benfica.

Em declarações aos jornalistas na manhã desta quarta-feira, o comissário Vítor Silva da PSP explicou que "chegou ao local quando foram transmitidas as informações" do sucedido, destacando que o "grupo era muito organizado" e que se movimentou em massa, no sentido de provocar o caos.

Questionado sobre a falta de acompanhamento policial, como é costume acontecer com claques e adeptos em dias de jogos, o comissário referiu que este grupo de adeptos não chegou pelo aeroporto Sá Carneiro e que só foi identificado mais tarde, depois dos desacatos. Vítor Silva acrescenta também que não existia falta de efetivos, e que a segurança estava reforçada na noite atribulada.

A polícia explicou ainda que é política de segurança abordar este tipo de grupos em localidades fora das urbanizações, como aconteceu na noite de terça-feira.

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