Promessa de nova reunião e criação de corredores humanitários. O que se sabe das negociações entre Ucrânia e Rússia

4 mar 2022, 10:13

Terceiro encontro entre as duas delegações deverá ocorrer no início da próxima semana

Passavam alguns minutos das 17:00 (hora portuguesa) desta quinta-feira quando terminou a segunda ronda de negociações entre as delegações ucraniana e russa. As expectativas de entendimentos para soluções efetivas mantinham-se baixas de ambos os lados, tal como acabou por se verificar.

"Infelizmente, os resultados que a Ucrânia necessita ainda não foram alcançados. Há um entendimento apenas para a organização de corredores humanitários", foi a publicação feita pelo conselheiro de Volodymy Zelensky, Mykhailo Podolyak, que esteve presente na reunião.

 

O encontro negocial acabou sem qualquer resolução imediata para o conflito bélico, mas com a promessa de uma nova reunião e com um acordo para a organização de corredores humanitários, que vão viabilizar uma passagem segura para civis e feridos.

De acordo com a agência de notícias bielorrussa Belta, a terceira ronda negocial vai ocorrer no início da próxima semana. Ao que tudo indica, em cima da mesa estará mesmo a possibilidade de existirem eventuais cessar-fogo temporários enquanto as cidades estiverem a ser evacuadas, segundo a Reuters.

Na reunião, estiveram presentes nove pessoas, cinco membros da delegação russa e quatro da ucraniana, que se deslocaram até à fronteira bielorrusa num helicóptero.

Delegação da Ucrânia: Oleksiy Reznikov (ministro da defesa), Mykola Tochytskyi (vice-Ministro dos Negócios e  Estrangeiros), Mykhailo Podoliak (conselheiro presidencial de Zelensky) e Davyd Arakhamia (chefe da delegação e representante do povo ucraniano).

Delegação da Rússia: Vladimir Meinsky (conselheiro presidencial de Putin e chefe da delegação), Leonid Slutsky (presidente do comité de assuntos internacionais da Duma), Boris Gryzlov (embaixador russo na Bielorrússia), Andrei Rudenko (ministro dos negócios estrangeiros) e Alexander Fomin (ministro da defesa).

Zelensky e Putin: quando se encontram?

Enquanto decorriam as negociações, tanto Volodymyr Zelensky como Vladimir Putin falaram ao mundo, em direto e praticamente em simultâneo. Enquanto o russo optou por insistir no discurso repetitivo dos "neo-nazis nacionalistas que controlam a Ucrânia", o ucraniano verbalizou aquele que para ele é o único modo de colocar um ponto final no conflito: um encontro entre ambos, cara a cara.

"Tenho de falar com Putin. É a única forma de terminar esta guerra. (...) Estamos apenas a defender o que é nosso por direito", diz Zelensky.

O anúncio foi feito durante a conferência de imprensa do presidente da Ucrânia em que, para além da disponibilidade demonstrada em negociar com Putin, avisou que "os ucranianos não fogem dos desafios, enfrentam-nos", alertando ainda que "se a Ucrânia cair, os países bálticos serão os próximos".

Vladimir Putin, que falou depois, deixou Zelensky sem resposta a este desafio e insistiu em centrar as suas palavras na narrativa interna que tem sido utilizada para justificar a invasão da Ucrânia: a resposta a um genocídio provocado pelos nacionalistas ucranianos que controlam Kiev. 

“Estamos a combater contra neo-nazis que governam a Ucrânia”, disse Vladimir Putin.

O presidente da Rússia referiu ainda que que “a população ucraniana está assustada com a propaganda nacionalista de Kiev”, a quem chama "neo-nazis". Putin acusa estes ditos "neo-nazis" de estarem a "torturar soldados russo", "protegerem-se com escudos humanos" e de terem provocado um  "tiroteio sangrento" entre estudantes universitários estrangeiros, entre eles chineses, na zona sul, em Kharkiv. "Os nossos soldados estão a agir com bravura, estão a ser verdadeiros heróis. Estão a sacrificar as suas vidas", lembrou ainda.

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