Terceiro encontro entre as duas delegações deverá ocorrer no início da próxima semana
Passavam alguns minutos das 17:00 (hora portuguesa) desta quinta-feira quando terminou a segunda ronda de negociações entre as delegações ucraniana e russa. As expectativas de entendimentos para soluções efetivas mantinham-se baixas de ambos os lados, tal como acabou por se verificar.
"Infelizmente, os resultados que a Ucrânia necessita ainda não foram alcançados. Há um entendimento apenas para a organização de corredores humanitários", foi a publicação feita pelo conselheiro de Volodymy Zelensky, Mykhailo Podolyak, que esteve presente na reunião.
The second round of negotiations is over. Unfortunately, the results Ukraine needs are not yet achieved. There is a solution only for the organization of humanitarian corridors... pic.twitter.com/0vS72cwYSX
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 3, 2022
O encontro negocial acabou sem qualquer resolução imediata para o conflito bélico, mas com a promessa de uma nova reunião e com um acordo para a organização de corredores humanitários, que vão viabilizar uma passagem segura para civis e feridos.
De acordo com a agência de notícias bielorrussa Belta, a terceira ronda negocial vai ocorrer no início da próxima semana. Ao que tudo indica, em cima da mesa estará mesmo a possibilidade de existirem eventuais cessar-fogo temporários enquanto as cidades estiverem a ser evacuadas, segundo a Reuters.
Na reunião, estiveram presentes nove pessoas, cinco membros da delegação russa e quatro da ucraniana, que se deslocaram até à fronteira bielorrusa num helicóptero.
On our way to negotiations with the Russian Federation. Already in helicopters… pic.twitter.com/CMflDZ3NDk
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 3, 2022
Delegação da Ucrânia: Oleksiy Reznikov (ministro da defesa), Mykola Tochytskyi (vice-Ministro dos Negócios e Estrangeiros), Mykhailo Podoliak (conselheiro presidencial de Zelensky) e Davyd Arakhamia (chefe da delegação e representante do povo ucraniano).
Delegação da Rússia: Vladimir Meinsky (conselheiro presidencial de Putin e chefe da delegação), Leonid Slutsky (presidente do comité de assuntos internacionais da Duma), Boris Gryzlov (embaixador russo na Bielorrússia), Andrei Rudenko (ministro dos negócios estrangeiros) e Alexander Fomin (ministro da defesa).
Zelensky e Putin: quando se encontram?
Enquanto decorriam as negociações, tanto Volodymyr Zelensky como Vladimir Putin falaram ao mundo, em direto e praticamente em simultâneo. Enquanto o russo optou por insistir no discurso repetitivo dos "neo-nazis nacionalistas que controlam a Ucrânia", o ucraniano verbalizou aquele que para ele é o único modo de colocar um ponto final no conflito: um encontro entre ambos, cara a cara.
"Tenho de falar com Putin. É a única forma de terminar esta guerra. (...) Estamos apenas a defender o que é nosso por direito", diz Zelensky.
O anúncio foi feito durante a conferência de imprensa do presidente da Ucrânia em que, para além da disponibilidade demonstrada em negociar com Putin, avisou que "os ucranianos não fogem dos desafios, enfrentam-nos", alertando ainda que "se a Ucrânia cair, os países bálticos serão os próximos".
Vladimir Putin, que falou depois, deixou Zelensky sem resposta a este desafio e insistiu em centrar as suas palavras na narrativa interna que tem sido utilizada para justificar a invasão da Ucrânia: a resposta a um genocídio provocado pelos nacionalistas ucranianos que controlam Kiev.
“Estamos a combater contra neo-nazis que governam a Ucrânia”, disse Vladimir Putin.
O presidente da Rússia referiu ainda que que “a população ucraniana está assustada com a propaganda nacionalista de Kiev”, a quem chama "neo-nazis". Putin acusa estes ditos "neo-nazis" de estarem a "torturar soldados russo", "protegerem-se com escudos humanos" e de terem provocado um "tiroteio sangrento" entre estudantes universitários estrangeiros, entre eles chineses, na zona sul, em Kharkiv. "Os nossos soldados estão a agir com bravura, estão a ser verdadeiros heróis. Estão a sacrificar as suas vidas", lembrou ainda.