Zelensky diz que "há dezenas de milhares de mortos em Mariupol" e alerta para nova ofensiva russa

11 abr 2022, 11:51
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, numa declaração ao país transmitida em vídeo (AP)

Num discurso ao parlamento sul-coreano, o presidente da Ucrânia pediu ajuda militar a Seul e detalhou a situação no leste do território ucraniano, região onde acredita que a Rússia esteja a preparar uma nova ofensiva

Volodymyr Zelensky afirmou esta segunda-feira que terão morrido dezenas de milhares de pessoas nos ataques à cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, desde o início da invasão russa.

"Mariupol foi destruída, há dezenas de milhares de mortos, mas, mesmo assim, os russos não estão a travar a ofensiva", afirmou o presidente ucraniano durante um discurso no parlamento da Coreia do Sul, citado pela agência Reuters, que confirmou a destruição generalizada em Mariupol mas não pôde verificar a precisão da estimativa dos mortos na cidade.

De acordo com o último balanço do Instituto para o Estudo da Guerra dos Estados Unidos, as forças russas ganharam terreno na cidade de Mariupol nas últimas 24 horas e reforçaram as operações ao longo do eixo Izyum-Slovyansk, chave para a futura ofensiva no Donbass, "mas não conseguiram outros ganhos territoriais".

Mariupol - que fica entre as regiões separatistas do leste da Ucrânia e a Crimeia, anexada à Rússia - estará dividida em duas: o centro da cidade, em mãos russas; e o principal porto de Mariupol, no sudoeste, e a fábrica de aço Azovstal, no leste, que permanecem em mãos ucranianas, indica o instituto norte-americano.

Rússia concentra dezenas de milhares de soldados para próxima ofensiva

Num discurso transmitido em vídeo, o presidente da Ucrânia afirmou ainda que a Rússia está a reunir dezenas de milhares de soldados para a próxima ofensiva e fez um pedido aos líderes sul-coreanos: que Seul fornecesse ajuda militar à Ucrânia. Zelensky não especificou, contudo, quais as armas que pretende, mas referiu que a Coreia do Sul tem muitas armas que não só podiam ajudar a salvar vidas de cidadãos ucranianos mas ajudar também a impedir que a Rússia ataque outros países.

"A Rússia não vai parar até que seja forçada a parar", disse Volodymyr Zelensky.

Os analistas militares acreditam que a Rússia está a concentrar a sua ofensiva na região leste da Ucrânia. Também esta segunda-feira, o líder da autoproclamada República de Donetsk, no leste da Ucrânia, disse que a operação para "libertar" esta região separatista será intensificada. De acordo com a agência RIA, citada pela Reuters, Denis Pushilin frisou que quanto maior for o atraso mais civis sofrerão. "Quanto mais demoramos mais a população civil sofre, sendo refém da situação. Nós identificámos áreas onde certas etapas precisam de ser aceleradas", afirmou o líder separatista

Também os militares ucranianos indicaram esta segunda-feira que a Rússia continua a ofensiva militar na região de Donetsk e na cidade de Mariupol, bem como a estabelecer um "grupo ofensivo de tropas" na região de Dnipro. "O inimigo continua a criar um grupo ofensivo de tropas para atuar na direção de Slobozhansky [região de Dnipro]" e "provavelmente os ocupantes tentarão retomar a ofensiva nos próximos dias", de acordo com o último balanço do alto comando do exército ucraniano.

Na direção de Donetsk, as tropas russas continuam a concentrar-se em assumir o controlo das povoações de Popasna, Rubizhne, Nyzhne e Novobahmutivka, bem como em estabelecer o controlo total sobre a cidade de Mariupol, "com o apoio da artilharia e da aviação".

Nas últimas 24 horas, os militares ucranianos repeliram quatro ataques inimigos nas regiões de Donetsk e Lugansk, destruíram cinco tanques, oito unidades blindadas, seis veículos e oito sistemas de artilharia, indicou o mesmo balanço.

Os militares ucranianos avançaram ainda que "é possível que as forças armadas da Federação Russa levem a cabo ações provocatórias na região da Transnístria da República da Moldova para acusar a Ucrânia de agressão contra um Estado vizinho".

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