Xamã, o batalhão de elite ucraniano que estará a sabotar o território russo

8 jul 2022, 21:30
Kharkiv, na Ucrânia (AP Images/Felipe Dana)

Para poderem entrar neste batalhão, os soldados têm de estar em excelente condição física, razão pela qual apenas apenas são selecionados depois de terminarem uma corrida de 20 quilómetros com uma mochila às costas carregada de areia molhada. Uma vez selecionados, os soldados recebem formação avançada em mergulho, paraquedismo e escalada

As últimas semanas da guerra têm sido marcadas pelos avanços das tropas russas e a retirada das forças ucranianas para evitar o cerco total, como aconteceu em Severodonetsk e Lysychansk.

Uma vez conquistada toda a região de Lugansk, Moscovo redireciona-se para Sloviansk e Donetsk, aproveitando a superioridade numérica em soldados e meios. "Há uma grande concentração de artilharia e veículos blindados em cada quilómetro quadrado, não conseguimos resistir", lamentou Oleksiy Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, em declarações ao Wall Street Journal.

Os ucranianos tentam defender-se da melhor maneira possível, retirando-se das posições defensivas e tentando travar os avanços dos russos contra-atacando de longe, utilizando, para isso, os sistemas de longo alcance enviados pela NATO. Entretanto, no sul do país, as tropas de Kiev vão preparando contra-ofensivas.

Ainda esta semana, os ucranianos atacaram um armazém no centro de Kherson - um golpe que afeta também o outro lado da fronteira com a ajuda de um batalhão de elite, que, de acordo com o jornal El Mundo, será o responsável pelos bombardeamentos na região de Belgorod e por várias explosões suspeitas em território russo, como refinarias, depósitos de combustível e infraestruturas de comunicação.

Apesar de nunca terem sido reivindicados pelos ucranianos, acredita-se que estes ataques foram protagonizados pelo batalhão Xamã, a 10.º divisão para operações especiais do exército ucraniano, que geralmente é destacada para operações de inteligência e ataques.

O batalhão Xamã é composto por homens com idades entre os 18 e os 50 anos, e inclui até um ex-vice-ministro da Ucrânia. Para poderem entrar neste batalhão, os soldados têm de estar em excelente condição física, razão pela qual apenas apenas são selecionados depois de terminarem uma corrida de 20 quilómetros com uma mochila às costas carregada de areia molhada. Uma vez selecionados, os soldados recebem formação avançada em mergulho, paraquedismo e escalada.

Logo nas primeiras horas da invasão russa da Ucrânia, o batalhão já tinha entrado em ação nos combates no aeroporto de Hostomel, onde as tropas russas se preparavam para decapitar o governo ucraniano, mas acabaram por cair numa armadilha. Foi assim o início da resistência ucraniana.

Mais tarde, o batalhão Xamã foi destacado para Moshchun, cidade localizada a oeste de Kiev, onde as tropas ucranianas travaram os avanços russos. Após a retirada tática do exército, os ucranianos seguiram os invasores até à fronteira com a Bielorrússia. Nesta fase do conflito, os soldados do batalhão Xamã foram apontados como os responsáveis pela destruição da infraestrutura dos russos.

De acordo com o jornal El Mundo, estes soldados chegam ao território russo através de helicópteros que voam a uma altitude muito baixa para fugir das defesas antiaéreas - estratégia que, aliás, já foi vista em Mariupol para ajudar o batalhão Azov que estava retido na fábrica Azovstal.

Mas o papel mais importante deste batalhão é mesmo desempenhado pelos pilotos dos helicópteros. "Eles são muito minuciosos e têm planos que já preveem todos os detalhes", disse o comandante do Xamã.

"Estas operações em território inimigo são as mais interessantes", admitiu Adonis, nome fictício utilizado por um soldado do batalhão que confirmou ao Times os ataques lançados contra o outro lado da fronteira, assinalando que aquela unidade está a enfrentar agora a falta de recursos, mas não de homens. "Na maioria das vezes, os russos não conseguem acreditar que fomos capazes de ir ao território deles."

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