Mãe pensava que o filho estava em exercícios militares na Crimeia, mas este revelou-lhe a dura realidade que o fez perder a vida“Só me quero enforcar, tenho medo”. As mensagens de um soldado russo à mãe antes de morrer
O embaixador ucraniano na ONU contou esta segunda-feira, em plena Assembleia-Geral, uma história sobre os últimos minutos de vida de um soldado russo. Sergiy Kyslytsya leu em russo as mensagens que o soldado alegadamente trocou com a mãe antes de morrer durante o conflito.
- Porque demoraste tanto tempo a responder? Estás mesmo em exercício militares? - começou por perguntar a mãe ao filho.
- Mãe, já não estou na Crimeia. Não estou em sessões de treino - respondeu o soldado.
- Onde estás então? O pai está a perguntar se te pode enviar uma encomenda.
- Que tipo de encomenda é que me podes enviar, querida mãe? Só me quero enforcar agora.
- De que estás a falar? O que aconteceu?
- Mãe, eu estou na Ucrânia. Há uma guerra real a decorrer aqui. Tenho medo. Estamos a bombardear todas as cidades ao mesmo tempo, até atacamos civis. Foi-nos dito que seríamos recebidos de braços abertos e eles estão a cair para debaixo dos nossos veículos, atirando-se para debaixo das rodas e não nos deixar passar. Chamam-nos fascistas. Querida mãe, isto é tão difícil
Morreu a seguir
"Visualizem a magnitude desta tragédia. (...) Foram mortos centenas de ucranianos, dezenas eram crianças... e continua e continua e continua. Portanto, imaginem estas pessoas mortas mesmo ao vosso lado enquanto ouvem o meu discurso", pediu Kyslytsya na ONU, que protagonizou uma violenta troca de acusações com o homólogo russo, Vasily Nebenzya.
As hostilidades continuam neste que é o quinto dia desde o início da invasão russa à Ucrânia. A reunião entre representantes russos e ucranianos, que decorreu em Gomel, na Bielorrússia, ao longo de cerca de seis horas, revelou-se infrutífera para alcançar um cessar-fogo.
Nas fronteiras com a Polónia, Eslováquia, Hungria, Roménia e Moldávia, milhares de refugiados procuram escapar ao conflito. As Nações Unidas estimam que este conflito poderá originar o êxodo de 7 milhões de pessoas do território ucraniano, o que seria a maior vaga de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial.
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