“Será muito pedir uma zona de exclusão aérea?”. Zelensky lembra Pearl Harbor e 11 de setembro e pede ajuda no Congresso dos EUA

16 mar 2022, 13:58

Presidente ucraniano apelou ao coração dos norte-americanos, focando quase todo o discurso nos céus da Ucrânia

Emocionado e firme. Foi assim que o presidente da Ucrânia se apresentou perante um Congresso dos Estados Unidos (EUA) lotado. Através de uma chamada de vídeo, a intervenção de Volodymyr Zelensky começou como acabou: com uma ovação de pé dos políticos norte-americanos.

Pelo meio, cerca de 18 minutos de constante apelo àquele que Zelensky diz ser o “líder do mundo”. O presidente da Ucrânia reconheceu que o que se passa na Ucrânia não depende apenas dos EUA, mas chamou para a mesa a responsabilidade daquele país: “Ser o líder do mundo significa ser o líder da paz”.

“Tenho a honra de vos cumprimentar em nome do povo ucraniano, gente brava e amante da liberdade, que há oito anos resiste à agressão russa”, começou por dizer.

“Será muito pedir uma zona de exclusão aérea?”, perguntou, insistindo numa ideia que vem defendendo há muito, mas que os EUA dificilmente vão abraçar, uma vez que a zona de exclusão aérea implicaria um envolvimento direto da Aliança Atlântica no conflito.

Além disso, pediu também uma ajuda através de meios aéreos, aviões que os norte-americanos "sabem que existem".

Tentando demonstrar a dor que os ucranianos sentem, o presidente foi ao coração dos norte-americanos, falando em dois dos momentos mais difíceis da história daquele país: “Lembrem-se de Pearl Harbor, a terrível manhã de 7 de dezembro de 1941, quando o vosso céu ficou preto com os aviões que vos atacavam. Lembrem-se. Lembrem-se do 11 de setembro, o terrível dia de 2001 em que o mal entrou nas vossas cidades, no vosso território, no campo de batalha. Quando pessoas inocentes foram atacadas, atacadas do ar”, sublinhou, referindo-se ao ataque japonês à ilha americana, que precipitou a entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, e também aos ataques terroristas em 2001.

As referências norte-americanas não terminaram aí, e, tal como Martin Luther King, também Zelensky tem “um sonho”: “Eu tenho um sonho, estas palavras são conhecidas de todos vós. Tenho uma necessidade, preciso de proteger o nosso céu. Preciso da vossa decisão, da vossa ajuda, o que significa exatamente o mesmo, o mesmo que sentiram quando ouviram as palavras ‘Eu tenho um sonho’”.

“Precisamos de vocês agora. Peço-vos que façam mais”, disse, antes de se dirigir diretamente a Joe Biden, presidente norte-americano.

A meio do discurso, Volodymyr Zelensky partilhou um vídeo com o Congresso, no qual se mostram duas realidades: a Ucrânia antes e depois da invasão russa. O vídeo partilhado pode ser visto abaixo (alerta: imagens podem chocar).

No fim do vídeo, o mesmo pedido: "Fechem o céu sobre a Ucrânia".

“Lembro-me do vosso momento nacional em Rushmore, as caras proeminentes dos presidentes, que fundaram os Estados Unidos como eles são hoje, a democracia, a independência, a liberdade e o cuidado para todos”, disse. 

Mas Zelensky também pediu que todas as empresas americanas deixem a Rússia “imediatamente”. É sabido que já muitas empresas deixaram os seus espaços comerciais na Rússia ou fizeram boicotes à finaça russa. Só que Zelensky quer mais, quer mais “pressão” norte-americana sobre a Rússia, uma garantia de que o exército russo “não recebe um único cêntimo para destruir ucranianos”.

Num final de discurso poderoso, Zelensky deixou o ucraniano e adotou o inglês, falando ainda mais diretamente para os que o ouviam, voltando a chamar à responsabilidade dos Estados Unidos como país “líder da paz” mundial.

Depois, diretamente para Joe Biden, a quem chamou “líder da paz”, disse não ver qualquer sentido na vida “se não consegue parar mortes”.

“Dirijo-me a si presidente Biden: é o líder da nação, da vossa grande nação. Desejo que seja o líder do mundo. Ser o líder do mundo significa ser o líder da paz”, concluiu.

Como tem acontecido noutras intervenções em parlamentos estrangeiros, o discurso de Zelensky terminou com uma ovação de pé, que juntou Democratas e Republicanos.

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