Javelin, o míssil antitanque que é símbolo da ajuda ocidental e já é nome de bebés ucranianos

8 mai 2022, 18:47
"Santa Javelin", a imagem que tem vindo a ganhar popularidade como símbolo da resistência ucraniana

Imagem de uma santa a segurar o míssil de frabrico norte-americano tem vindo a ganhar popularidade na Ucrânia e até já há recém-nascidos a serem chamados Javelin

Já se passaram mais de 70 dias desde que as tropas russas iniciaram o que dizem ser uma “operação militar especial” na Ucrânia e se, a 24 de fevereiro, poucos eram os que acreditavam que Kiev pudesse resistir ao poderio bélico russo, a verdade é que não só conseguiu, como também ainda não deixou cair a resistência no Donbass, mais precisamente na siderúrgica Azovstal.

Sem deixarem de sublinhar o empenho e a bravura dos militares às ordens de Zelensky, os analistas militares parecem convergir num ponto: sem o apoio de armamento do Ocidente, a guerra teria tido outro rumo. Exemplo disso mesmo são os mísseis Javelin, de fabrico norte-americano, capazes de inutilizar um tanque até quatro quilómetros de distância.

A imagem de uma santa que carrega um Javelin ao ombro tem vindo a ganhar popularidade entre a resistência, de tal forma que há recém-nascidos ucranianos a serem chamados Javelin.

Desde a invasão, e só dos Estados Unidos, a Ucrânia já terá recebido cerca de 5.500 unidades deste míssil.

Na última terça-feira, o próprio presidente norte-americano enalteceu a capacidade do míssil de fabrico nacional, durante a visita a uma das fábricas que produzem os Javelin. Joe Biden aproveitou ainda o momento para brincar com o facto de já haver bebés com o nome do míssil norte-americano.

“Os Javelin são o ícone do apoio militar dos EUA aos seus aliado”, explicou Yohann Michel, analista do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos de Berlim, ao jornal espanhol El País.

Esta míssil terá sido fulcral para travar a ofensiva russa no final de fevereiro e início de março rumo a Kiev em cidades como Moschun, nos arredores da capital, como comprovou o enviado-especial da CNN Internacional Matt Rivers junto dos soldados da resistência ucraniana.

Também em entrevista ao El País, Siemon Wezeman, especialista em comércio de armas do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, explica que “esta é uma arma muito eficaz, projetada para atacar a torreta - parte de cima de um tanque -, que geralmente é a área menos protegida de qualquer tanque”. Eficácia que é ainda maior quando do outro lado estão tanques russos. “A eficácia aumenta, neste caso, porque armazenam toda a munição na torreta ou logo abaixo, com muito pouca proteção, ao contrário dos tanques europeus ou norte-americanos.”

O Javelin tem ainda mais uma particularidade que o tornou altamente útil para o exército ucraniano, pois “é um míssil antitanque equipado com um sistema que não necessita de ser teleguiado para atingir o alvo [chamam-lhe dispara e esquece]”, o que torna possível ao atirador abrigar-se após efetuar o disparo, explica ainda Siemon Wezeman. 

Javelin, o míssil antitanque que se tornou no símbolo da ajuda ocidental à Ucrânia (Imagem Getty)

No entanto, nos Estados Unidos começam a soar alarmes, como denunciou o senador democrata norte-americano Richard Blumenthal, sobre as reservas de mísseis antitanque e antiaéreos. “O armário está vazio”, disse.

De acordo com fontes norte-americanas citadas pela CNN Internacional, cerca de um terço dos Javelin e um quarto do inventário dos Stinger foram já enviados para a Ucrânia como parte dos oito pacotes de ajuda bélica. O Pentágono, por seu lado, garante que os oito pacotes de ajuda à Ucrânia não prejudicaram a prontidão da Defesa norte-americana.

“Nunca desceremos abaixo do nível mínimo indispensável do nosso inventário. Manteremos sempre a capacidade de defender este país e manter os nossos interesses”, garantiu.

 

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