Rússia usou armas químicas em Mariupol? O que se sabe até agora

CNN Portugal , com Lusa; artigo atualizado às 09:01
12 abr 2022, 07:40
Fábrica Azovstal, Mariupol (AP)

EUA não confirmam, mas expressam preocupação. Através da secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros, o Reino Unido garante que está a “verificar detalhes” da ocorrência

O fundador do regimento Azov da Ucrânia, Andrei Biletsky, acusou na segunda-feira as tropas russas de usarem substâncias químicas em Mariupol, causando três feridos.

Numa mensagem na plataforma Telegram, Biletsky alegou que a Rússia utilizou uma substância venenosa de origem desconhecida, que foi largada por um drone na fábrica Azovstal em Mariupol.

Horas antes, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky tinha dito que a utilização de armas químicas pelo exército russo já foi discutida com os líderes mundiais" e considerou que "este momento significa que é necessário reagir à agressão russa de forma muito mais forte e rápida".

As palavras do chefe de Estado ucraniano surgiram após as declarações de Eduard Basurin, porta-voz dos separatistas da República Popular de Donetsk, que afirmou que a Rússia deveria trazer “forças químicas” para utilizar em Mariupol.

“Encaramos esta ameaça da maneira mais séria possível”, referiu Zelensky.

Em respostas às acusações, as forças separatistas pró-Rússia da região de Donetsk, citadas pela agência Interfax, afirmaram na manhã de terça-feira que não utilizaram armas químicas na cidade de Mariupol.

Os EUA já reagiram através do porta-voz do Pentágono, John Kirby, que afirmou, na noite de segunda-feira, que não está em condições de confirmar relatos de que as forças russas tenham utilizado armas químicas em Mariupol, mas assumiu a preocupação perante esse cenário. O eventual uso dos chamados agentes químicos de controlo de motins está a ser acompanhado de perto pela estrutura militar dos EUA, disse Kirby.

"Estes relatórios, se verdadeiros, são profundamente preocupantes e refletem as preocupações que temos tido acerca do potencial da Rússia para utilizar uma variedade de agentes antimotim, incluindo gás lacrimogéneo misturado com agentes químicos, na Ucrânia", disse Kirby.

O porta-voz do Pentágono assumiu também o receio de que, sob a liderança de um general que construiu a sua reputação com crimes de guerra a Síria, a nova ofensiva russa no Donbass possa ser a oportunidade para mais crimes de guerra russos.

"Infelizmente podemos esperar que continuem as mesmas táticas brutais, e o mesmo desrespeito pela vida dos civis e pelas infraestruturas civis, conforme se focam numa área geograficamente mais reduzida", disse Kirby numa conferência de imprensa.

Também a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido disse, numa publicação no Twitter, que o governo britânico está a tentar "verificar detalhes", junto dos seus parceiros, sobre o alegado uso de armas químicas por parte das tropas russas.

Liz Truss escreveu ainda que "qualquer uso deste tipo de armas seria um escalar cruel deste conflito". A confirmar-se "Putin e o seu regime serão responsabilizados".

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