Rússia gastou mais mísseis do que previa, recorre a armas antigas e civis pagam o preço, diz Reino Unido

17 mar 2022, 06:15
Bombardeamento em Kiev (AP Images/Vadim Ghirda)

O ministério da Defesa do Reino Unido divulgou uma atualização sobre a guerra, que entra agora no 22º dia. Mas a noite ficou também marcada por explosões em Kiev, nas últimas horas do recolher obrigatório. Eis um resumo do que aconteceu esta madrugada

A Rússia estará a recorrer ao uso de armas mais antigas e menos precisas, menos eficazes militarmente e com maior probabilidade de resultar em baixas civis, de acordo com a última atualização da inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido.

"Devido aos atrasos em atingir os seus objetivos e ao fracasso em controlar o espaço aéreo ucraniano", o ministério britânico aponta que a Rússia provavelmente "gastou muito mais armas de precisão aérea do que o inicialmente tinha planeado", levando-os a recorrer a armas menos eficazes militarmente.

"As armas de precisão aéreas" são mísseis disparados de aeronaves que não estão perto de um alvo. Ora, disparar à distância permite o lançamento da arma enquanto minimiza possíveis danos à tripulação do ataque.

"Como resultado, é provável que a Rússia esteja a recorrer ao uso de armas mais antigas e menos precisas, que são menos eficazes militarmente e mais propensas a resultar em baixas civis", diz o Reino Unido. 

Recolher obrigatório termina em Kiev após noite de explosões

Depois de mais uma madrugada de sobressalto em várias cidades da Ucrânia, as sirenes tocaram em pelo menos sete locais e em Kiev chegou mesmo a haver explosões, que provocaram pelo menos uma vítima mortal.

O recolher obrigatório na capital ucraniana terminou às 7:00 locais (5:00 em Portugal Continental), mas duas horas antes houve uma violenta explosão captada pelas câmaras de vigilância. O clarão foi visível do centro da cidade cerca das 5:00 locais e, minutos antes, as mesmas câmaras captaram também o momento em que um míssil, ao que tudo indica das anti-aéreas ucranianas, sobrevoa os céus de Kiev e interceta um objeto.

De acordo com os serviços de emergência ucranianos, pelo menos uma pessoa morreu e três ficaram feridas após restos do míssil intercetado pela defesa ucraniana terem atingido um edifício residencial em Kiev. Segundo a Reuters, o prédio de 16 andares foi atingido às 5:02, hora local. 30 pessoas tiveram de ser retiradas.

Depois de um dia de conversações intensas entre as delegações da Ucrânia e da Rússia, o ministro francês dos negócios estrangeiros afirmou que Moscovo está apenas a fingir negociar. Já Zelensky afirma que as prioridades do governo ucraniano "são absolutamente claras": o restabelecimento da paz. Eis o resumo dos acontecimentos desta noite:

  • O autarca de Melitopol, que tinha sido capturado pelas tropas russas, foi libertado na tarde de quarta-feira e soube-se entretanto que foi libertado em troca de 9 soldados russos capturados pelo exército ucraniano.
  • A central nuclear de Zaporizhzhia, controlada pelas forças russas, perdeu a ligação com mais uma linha de fornecimento de energia.
  • Três navios com a bandeira do Panamá já foram atingidos por ataques russos no mar negro desde o início da guerra. Um deles afundou-se, de acordo com informações divulgadas há pouco pelo governo do Panamá.
  • Os países do Ocidente exigiram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU já para esta quinta-feira.
  • O Governador de Sumy acusa as forças russas de despejar civis das próprias casas e roubar comida. Segundo a imprensa ucraniana, Dmytro Zhyvytsky detalhou os saques através do Telegram.
  • O embaixador da China elogiou a unidade e a resistência dos ucranianos, em declarações que parecem contradizer a posição anterior do país. De acordo com a agência ucraniana Ukrinform, citada pelo The Guardian, Fan Xianrong disse, durante uma reunião com a administração militar regional de Lviv, que a China "nunca atacará a Ucrânia", mas apoiará económica e politicamente.

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