Rússia está prestes a partilhar "tecnologia avançada espacial e de satélites" com a Coreia do Norte

CNN , Helen Regan, Alex Stambaugh, Gawon Bae e Mariya Knight
6 jan, 09:19
Antony Blinken em Seul (AP)

O principal diplomata dos EUA reitera também que Vladimir Putin poderá estar prestes a aceitar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte

A Rússia pode estar prestes a partilhar tecnologia avançada de satélites com a Coreia do Norte, depois de a nação isolada ter fornecido tropas para ajudar a reforçar a guerra de Moscovo na Ucrânia, alerta esta segunda-feira o Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken.

“A RPDC já está a receber equipamento e treino militar russo. Agora, temos razões para acreditar que Moscovo tenciona partilhar tecnologia avançada espacial e de satélites com Pyongyang”, diz Blinken diretamente de Seul, utilizando o nome oficial da Coreia do Norte.

Blinken está de visita ao principal aliado dos EUA como parte da sua última viagem ao estrangeiro antes da tomada de posse de Donald Trump. Os seus comentários surgem no momento em que a Coreia do Norte testou o que parecia ser um míssil balístico de alcance intermédio nas águas ao largo da costa leste da Península Coreana, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.

O principal diplomata dos EUA reitera também um aviso anterior do embaixador dos EUA nas Nações Unidas, segundo o qual o presidente russo Vladimir Putin poderá estar prestes a aceitar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte, invertendo o seu compromisso de décadas de desnuclearização da Península Coreana.

Os EUA têm manifestado repetidamente a sua preocupação com a crescente aliança entre Pyongyang e Moscovo desde que Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un assinaram um pacto de defesa histórico em junho do ano passado.

A visita de Putin a Pyongyang foi amplamente vista como uma forma de garantir o apoio contínuo de Kim Jong-un à guerra na Ucrânia, à medida que as reservas de armas diminuíam e um grande número de jovens russos eram mortos ou feridos na invasão iniciada há quase três anos.

Desde então, a Coreia do Norte tem enviado munições e mísseis para a Rússia, embora Moscovo e Pyongyang tenham negado as transferências de armas, apesar das provas significativas. De acordo com as avaliações dos serviços secretos ucranianos e ocidentais, as tropas norte-coreanas também se juntaram à luta do lado da Rússia.

Além disso, há muito que os observadores se preocupam com a possibilidade de Moscovo estar a violar as sanções internacionais para ajudar Pyongyang a desenvolver o seu programa de satélites militares.

Em outubro, o ministro da Defesa sul-coreano, Kim Yong Hyun, afirmou no Pentágono que a Coreia do Norte irá provavelmente solicitar transferências de tecnologia russa relacionada com armas nucleares táticas, o avanço dos mísseis balísticos intercontinentais norte-coreanos, satélites de reconhecimento e submarinos nucleares, em troca do envio de tropas para ajudar a Rússia.

Zelensky elogia Trump enquanto Ucrânia lança contra-ataque em Kursk

A região de Kursk, na fronteira sul da Rússia, continua a ser o centro dos combates, meses depois de a Ucrânia ter lançado a sua incursão no território. No domingo, Kiev afirmou ter lançado ataques surpresa contra as forças russas em vários locais de Kursk.

De acordo com avaliações ucranianas e ocidentais, cerca de 11.000 soldados norte-coreanos estão destacados na região de Kursk, onde as forças ucranianas ocupam vastas áreas do território após a incursão transfronteiriça de agosto do ano passado.

Na segunda-feira, Blinken disse que mais de 1.000 norte-coreanos foram mortos ou feridos em Kursk na última semana de dezembro, uma estimativa também partilhada pela Casa Branca no final de dezembro.

Entretanto, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que 3.800 soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos enquanto lutavam pela Rússia. A CNN não pode verificar de forma independente estas informações.

Zelensky, que tem apelado repetidamente à continuação da ajuda militar e das armas dos EUA desde o início da invasão russa, elogiou o presidente eleito dos EUA, Trump, e o bilionário Elon Musk durante uma entrevista a um podcaster americano transmitida no domingo.

Em declarações a Lex Fridman, Zelensky disse que “espera muito” que Trump “acabe com a guerra” e acredita que o presidente eleito tem “todo o poder para travar Putin e dar à Ucrânia fortes garantias de segurança”.

O presidente ucraniano já afirmou anteriormente que, quando Trump assumir o poder, a “guerra acabará mais cedo” - uma promessa que Trump fez aos seus eleitores.

Zelensky afirmou que Trump venceu as eleições presidenciais de novembro porque era um candidato “muito mais forte” do que a vice-presidente Kamala Harris.

“Ele mostrou que pode fazer isso intelectual e fisicamente. Era importante mostrar que, se quisermos ter um país forte, temos de ser fortes. E ele foi forte”, admitiu Zelensky.

Na entrevista, Zelensky agradeceu a Musk o facto de ter fornecido à Ucrânia o sistema de Internet Starlink, que se revelou crucial no seu esforço de guerra contra a Rússia.

O presidente da Ucrânia descreveu ainda Musk como “um líder da inovação” e disse que pessoas como ele “só empurram o mundo para a frente”.

“Gostaria muito que Elon estivesse do nosso lado, tanto quanto possível, para nos apoiar”, acrescentou.

Quando questionado sobre a possibilidade de um cessar-fogo, Zelensky sublinhou que Kiev só o consideraria se tivesse “a certeza de que existem garantias de segurança” para os territórios sob controlo ucraniano. Sem essas garantias, advertiu, Putin voltará a atacar.

A Ucrânia também precisaria de uma adesão parcial à NATO, avisou Zelensky, e o Ocidente deveria fornecer mais armas a Kiev para que esta se pudesse defender em caso de futuros ataques da Rússia.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados