Rússia continua a importar pneus do Ocidente para os seus aviões apesar das sanções

12 set, 13:19
Bombardeiro estratégico Tu-95 (AP)

Quatro marcas ocidentais veem os seus nomes envolvidos num esquema que utilizou países terceiros para contornar as sanções

O Ocidente tem aplicado uma série de sanções e de restrições para tentar evitar que a Rússia usufrua dos seus bens comerciais. O problema é que Moscovo tem encontrado, muitas vezes, forma de lhes dar a volta.

É o que está a acontecer com grandes fabricantes ocidentais de pneus como a francesa Michelin ou a britânica Dunlop. De acordo com o jornal The Guardian, que cita fonte do governo ucraniano, a Rússia conseguiu, através de intermediários, contornar essas mesmas restrições.

É que a indústria da aviação da Rússia é altamente dependente da importação de pneus de fabrico estrangeiro. Mas nem por isso Moscovo deixou de conseguir o seu objetivo, já que os dados de 2023 apontam que a maioria dos pneus importados nesse ano veio de empresas com sede em França, Reino Unido, Estados Unidos e Japão.

É uma volta que se dá às sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia à venda de pneus para a Rússia, numa decisão tomada logo em fevereiro e abril de 2022, respetivamente. O Reino Unido ainda viria a adicionar sanções específicas em dezembro de 2023, juntando-se a uma iniciativa que o Japão tinha tido em julho desse ano.

A Rússia conseguiu, mesmo assim, e através de intermediários, fazer com que os pneus continuassem a chegar. À Michelin, que produz os pneus do Airbus utilizado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros Sergei Lavrov, juntam-se empresas como a norte-americana Goodyear, a britânica Dunlop ou a japonesa Bridgestone.

De acordo com um relatório interno da Agência Nacional de Prevenção da Corrupção, e que é divulgado pelo The Guardian, a maioria dos pneus que entraram na Rússia chegaram via China, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e outros países da Ásia Central. Mas há também indicações da chegada de pneus diretamente do Ocidente, nomeadamente pela mão de empresas registadas em países terceiros, o que “pode indicar a utilização de esquemas de falso tráfego ou a mudança da direção e do destinatário nos postos alfandegários”.

Não existe, em todo o caso, qualquer indício que aponte para más práticas das empresas referidas, ainda que a Michelin tenha garantido que vai abrir uma investigação para perceber como pôde isto acontecer.

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