Putin pode declarar oficialmente guerra à Ucrânia a 9 de maio

CNN , Natasha Bertrand, Katie Bo Lillis, Jennifer Hansler, Alex Marquardt e Brad Lendon
3 mai 2022, 13:21
Foto de arquivo: Putin nas comemorações da vitória na Segunda Guerra Mundial, na Praça Vermelha, em Moscovo (Reuters)

Autoridades dos EUA e do Ocidente acreditam que Presidente da Rússia pode anunciar a guerra no Dia da Vitória, para efeitos de propaganda, e para poder recrutar mais russos para as forças militares

O presidente russo, Vladimir Putin, pode declarar formalmente guerra à Ucrânia a 9 de maio, decisão que permitiria a mobilização total das forças de reserva da Rússia, à medida que os esforços de invasão continuam a falhar. É nisso que acreditam autoridades americanas e ocidentais contactadas pela CNN.

9 de maio, conhecido na Rússia como "Dia da Vitória", comemora a derrota dos nazis no país em 1945. Há muito que autoridades ocidentais creem que Putin poderia aproveitar o significado simbólico e o valor da propaganda desse dia para anunciar uma conquista militar na Ucrânia, uma grande escalada de hostilidades - ou ambos.

As autoridades começaram entretanto a concentrar-se num cenário: o de Putin declarar formalmente guerra à Ucrânia em 9 de maio.

"Penso que ele tentará sair de sua 'operação especial'", disse o secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, à rádio LBC na semana passada. "Ele está a preparar terreno para poder dizer 'olhem, agora é uma guerra contra os nazis, e o que eu preciso é de mais pessoas. Preciso de mais carne para o canhão russo."

Durante todo o conflito, Putin enquadrou continuamente a sua invasão da Ucrânia - um país com um presidente judeu - como sendo uma campanha de suposta "desnazificação", descrição que é rejeitada por historiadores e observadores políticos.

Wallace acrescentou que "não ficaria surpreso, e não tenho nenhuma informação sobre isso, se ele provavelmente declarasse neste primeiro de maio que 'agora estamos em guerra com os nazis do mundo e precisamos de mobilizar o povo russo em massa.'"

Uma declaração formal de guerra a 9 de maio poderia reforçar o apoio público à invasão. De acordo com a lei russa, também permitiria a Putin mobilizar forças de reserva e recrutar soldados, de a Rússia precisa desesperadamente, segundo que várias autoridades, no meio a uma crescente escassez de forças humanas. Autoridades ocidentais e ucranianas estimam que pelo menos 10 mil soldados russos já foram mortos na guerra, desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há pouco mais de dois meses.

Esforço russo 'anémico' no campo de batalha

Depois de uma série de contratempos militares e logísticos, Moscovo concentrou esforços na região do Donbass, no leste da Ucrânia, que é a linha de frente do conflito Rússia-Ucrânia desde 2014.

Mas autoridades norte-americanas descreveram na segunda-feira o esforço de guerra russo como "anémico".

"Eles vão entrar e declarar vitória, e então retirarão as suas tropas, só para deixar os ucranianos a recuperá-la", disse uma fonte das autoridades oficiais a jornalistas num briefing do Pentágono. O responsável disse que os problemas que atormentam os militares russos desde o seu movimento inicial não foram corrigidos.

"Eles ainda sofrem de fracos comando e controlo, de moral baixa em muitas unidades, de logística abaixo do ideal", afirmou.

As forças russas também queriam evitar riscos que pudessem levar a mais baixas nas suas forças já esgotadas, disse a autoridade, descrevendo a guerra terrestre na área como "muito cautelosa, muito morna".

Enquanto isso, as forças ucranianas estavam a fazer progressos significativos para empurrar os russos para fora dos arredores de Kharkiv, na ponta noroeste da região do Donbass, disse a autoridade.

"É um esforço incrível, que não fez muitas manchetes e não recebeu muita atenção, mas é apenas mais uma peça da dura resistência ucraniana, que eles continuam a demonstrar", disse o responsável.

As outras opções de Putin para o 9 de maio

Faltando menos de uma semana para o Dia da Vitória de 9 de maio, Moscovo pode procurar outros lugares além do Donbass para fazer uma afirmação.

Outras opções incluem anexar os territórios separatistas de Luhansk e Donetsk no leste da Ucrânia, fazer um grande avanço para Odessa, no sul, ou declarar o controlo total sobre a cidade portuária de Mariupol, também no sul.

Os EUA têm relatórios de inteligência "altamente confiáveis" de que a Rússia tentará anexar Luhansk e Donetsk "algum dia em meados de maio", disse o embaixador dos EUA na OSCE, Michael Carpenter, esta segunda-feira. Há também indicações de que a Rússia poderá estar a planear declarar e anexar uma "república popular" na cidade de Kherson, no sudeste do país.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse esta segunda-feira que há "boas razões para acreditar que os russos farão tudo o que puderem para usar" o 9 de maio para fins de propaganda.

"Vimos os russos duplicarem os seus esforços de propaganda, provavelmente, quase certamente, como meio de criar uma distração sobre as suas falhas táticas e estratégicas no campo de batalha na Ucrânia", disse Price num briefing do Departamento de Estado.

Price acrescentou que "seria uma grande ironia se Moscovo aproveitasse a ocasião do 'Dia da Vitória' para declarar guerra, o que por si só permitiria que eles recrutassem soldados de uma forma que não conseguem fazer agora, de uma maneira que equivale a revelar ao mundo que o seu esforço de guerra está a falhar, que eles estão a tropeçar na sua campanha e nos seus objetivos militares."

"Estou bastante confiante de que ouviremos mais de Moscovo até 9 de maio", acrescentou Price. "Estou bastante confiante de que ouviremos mais dos Estados Unidos, dos nossos parceiros, incluindo nossos os da NATO, também até 9 de maio."

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